Amigos
Por o Abrame ter trazido a lume outro texto a que deu o título de -vida terrena-destino -comunhão com deus – transcrevo-o para vossa apreciação.
“vida terrena- destino – comunhão com deus”
ditos de Jesus
No evangelho de João está escrito: tornou pois Jesus a dizer-lhes “em verdade vos digo que eu sou a porta das ovelhas – todos quantos vieram antes de mim eram ladrões e salteadores; mas as ovelhas não os ouviram – eu sou a porta. Se alguém entrar por mim, salvar-se-á e entrará, e sairá, e achará pastagens. O ladrão não vem senão a roubar, a matar, e a destruir; eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância.” (jo10,7-10).
Eis, nestas frases, a extrema sabedoria de Jesus que, em simples e poucas palavras, expressa a trajectória da alma humana, desde a sua creação até à culminância espiritual da evolução hominal.
Pela análise que temos feito “Jesus” foi o nome que lhe foi atribuído pelos seus pais.
“Cristo” é a palavra grega que ao ser traduzida do sânscrito e do aramaico por tradutores gregos quer dizer textualmente – messias – pois estava profetizado, no chamado velho testamento, a vinda de um messias, ungido, escolhido, cujas palavras são sinónimos.
Das duas palavras “Jesus Cristo nada mais se pode acrescentar, a não ser que Cristo é o messias que simboliza a doutrina que veio pregar ao mundo e que se baseia no amor a deus e ao próximo como a si mesmo.
Quando Jesus profere as palavras acima descritas no evangelho de João quer apenas dizer: se seguires a doutrina que vos ensino chegareis à vida com abundundâcia – a vida eterna.
Quando dizemos que alguém é cristão, queremos dizer que esse alguém segue a doutrina do messias, ou quando dizemos que alguém se cristificou, queremos dizer que a alma desse alguém se identificou com a doutrina do messias Jesus, que, pela iluminação da sua alma, se tornou um com deus.
É por isso que, ao ser inquirido de estar a destruir a lei, ele respondeu: “não penseis que vim revogar a lei ou os profetas. Não vim revogá-los, mas levá-los à perfeição. ” tudo se encontra em evolução.
Entendamos por: vida: a verdadeira, a infinita, aquela que a alma veio ultrapassando na morte e nos renascimentos nos mundos da forma e em outras dimensões, para além da terra e de transcendência infinita.
-por destino do ser: a programação sistemática ao longo dos milénios por exigência evolutiva de vidas sucessivas na procura gradual da sua identidade perdida.
-por ovelhas: a multidão de almas humanas das diversas humanidades que percorrem o caminho da experienciação da creação, obtendo por mérito próprio o conhecimento das leis divinas que as leva a compreender a regência universal de tudo que foi creado.
E despojando-se a pouco e pouco da materialidade que as tráz prisioneiras das solicitações inferiores, esforçando-se por purificarem-se, conduzir-se-ão ao objectivo da perfeição e da verdadeira sabedoria como filhos de deus, ou seja, à vida em abundância.
A vida na terra, a material no mundo da forma tal como todos os outros mundos similares do cosmos – é para a alma creada em condições de simplicidade e ignorância, (pois era pura e inocente no acto divino da sua creação) e define-se como a estância universitária da sua aprendizagem.
Há dois tempos de vida: aquela que é vida na morte como transição a outras dimensões estagiais da evolução e aquela outra vida que representa o estado de consciência adquirida na culminância da primeira, de que deus é absoluto e que o ser é parte integrante do todo divino.
Há pois duas fases da vida, porque a vida é só uma. Tudo depende da passagem de completa ignorância para a de completa sabedoria, ou seja, a transição da inconsciência de si mesmo para a consciência de quem é.
O intervalo é grande, por isso os milénios se justificam visto que a alma tem que percorrer vários planos inferiores, minerais, vegetais e animais e só quando atinge o hominal está em razoáveis condições inconscientes para a transição para a semiconsciência, transitando depois de muitas reencarnações para o normal exercício da consciência. Mais tarde advirá a super-consciência, e só muito perto da culminância hominal será senhor da supra-consciência.
No princípio a terra deveria ter sido como um paraíso pois os seres, na sua inconsciência, não conheciam o bem nem o mal e desse modo viviam naturalmente.
O sol nascia e iluminava a terra, e as almas viventes apreciavam as belezas que ela continha e serviam-se de tudo o que se lhes deparava bem como do alimento que estava ao seu alcance e refrescavam-se nas águas límpidas e frescas que jorravam pelas encostas das montanhas.
A propagação da espécie humana era absolutamente natural e acontecia obedecendo à lei da atracção sem que isso tivesse qualquer efeito pejorativo. Era o desenrolar da continuidade da formação dos corpos densos que servem a alma, a individualidade humana na sua evolução.
Depois o astro luminoso ausentava-se e vinha a noite, o escuro. E aí, os seres juntavam-se e recolhiam-se nos abrigos que a terra lhes proporcionava, e nesse silêncio profundo, por vezes temeroso, pelo estrugir dos raios, da chuva intensa e dos abalos naturais de transformação em que o planeta se encontrava, surgia a intuição de que um sentimento dentro deles se manifestava, levando-os a sentir que algo de superior existia para além deles.
Nas fases tão diversas da vida terrestre, a pureza da alma simples e ignorante foi dando lugar a que naturalmente se fossem criando sentimentos inferiores, também tão diversos e nefastos que, com o andar dos tempos, se foram sucedendo e deram lugar ao aparecimento de inferioridades malsãs ainda tão conhecidas no nosso estado evolutivo.
Na alegria e na tristeza, na abastança e na miséria, na velhice e na mocidade, na saúde e na enfermidade, na ignorância e na sabedoria, na vida e na morte, a alma pode, por momentos, paralisar a sua inevitável marcha ascensional à procura da verdade, mas não se furta ao seu destino.
A sabedoria infinita da lei de causa e efeito existente intrinsecamente na creação, projecta acontecimentos vividos do nascimento à morte na vida terrena, estendendo-se pelo futuro e, na sua plenitude, garante os horizontes da vida eterna.
Nós, homens e mulheres, tenhamos esperança e lutemos pela obtenção consciente da concretização do estado de fé, na observância das leis divinas.
A vida nos mundos da forma é luta acérrima para a conquista da consciência do que é deus e do que somos nós, porque deus quis que o nosso destino fosse belo e grandioso e por isso o mostra com promissoras felicidades, baseadas na perfeição e sabedoria, não obstante os ladrões que vêm até nós.
No caminho palmilhado por jesus sob a égide da missão que lhe foi outorgada, ele é o mestre precursor do caminho que conduzirá o ser à consciência da sua natureza espiritual, ou seja, o seu destino.
Jesus nos guia para o destino, e o destino que deus creou e nos aguarda é o da vida eterna onde reina a perfeição, a sabedoria e a luminosidade em plenitude.
Em determinada altura ele nos diz que é luz e que nós somos luz. Saibamos visualizar esse destino, traçando a nossa conduta com os ensinamentos que ele nos legou, porque a luz atrai a luz e só seguramente, através dessa luz, obteremos a vida em abundância.
O escopo da vida na terra é o aperfeiçoamento da alma. E ele nos anima e aconselha ” sede perfeitos como vosso pai é perfeito nos céus.”
Aquele que deste modo compreende, eleva-se, dignifica-se
e livra-se dos entraves materiais ultrapassando as zonas do sofrimento e da dor causados por si próprio, produto das suas acções que provocaram reacções e deram lugar à interacção, e alcança a felicidade eterna.
Todo aquele que assim não quer compreender, rebaixa-se, desmoraliza-se, e, absorvido pelas paixões terrenas, desce aos abismos do sofrimento, e não pode furtar-se a erguer-se para ter que experienciar o produto da sua ignorância e reparar as ignomínias que produziu através das transgressões das leis divinas em vidas na morte.
Quem vive da carne para a carne morre, quem vive do espírito para o espírito é imortal, entenda-se.
E compreenda-se: lutas, vaidades, orgulhos, ódios, invejas, violências, mal quereres, são luz de consciência para os vivos e negros cemitérios para os mortos.
Há os que alcançaram a essência dos ensinamentos de jesus e conservam-se calmos e resistentes às tentações, acima das misérias criadas pelas estruturas sociais do homem que levam à ganância desenfreada; outros porém, jazem sob os escombros de vendavais implacáveis dessa mesma maneira de compreender o mundo e são pasto dessa calamidade de trevas a que chamam adversidade.
Na moeda existem duas faces, como em tudo quanto deus creou. Cada moeda tem sua própria cotação de valor. Ora é elevada, ora é baixa.
Elevada ou baixa, ela será sempre uma moeda. Nada se perde por essa valorização ou desvalorização para se poder chegar à incógnita da perfeição espiritual, porque a alma é imortal.
A lei divina vê passar impassível o tempo, as gerações, as tranformações, as humanidades, as casas planetárias para os seres experienciarem, estando tudo previsto na vida que lhes deu; mas permanece bem inflexível, porque tudo creou com o objectivo do aperfeiçoamento inevitável e seguro do ser, de gerações em gerações consecutivas, na sua acção lenta, mas inexorável, decisiva e depuradora.
Os transgressores da lei descem, porém, às profundezas das paixões vis que contêm, como resposta, o sofrimento e que através da dor sobem à plenitude da imortalidade, devido a que a morte, a inexistência de alguém existente, não existe, porque deus é amor.
Nós somos almas repletas de energia e essa energia tem a sua própria frequência. Ela está vibrando de acordo com a lei da afinidade e vibra em consonância com a nossa evolução que, por sua vez, se harmoniza com os seres e as dimensões da escala evolutiva afim.
E assim logo se percebe que os seres que atingiram determinadas vibrações pelo conhecimento e cumprimento da lei, têm em si vibrações que as levarão, pela afinidade, ao puro convívio de outros seres estabelecidos em dimensões que estão de acordo com as particularidades da alma que chega.
O mesmo acontece para aqueles que ainda não atingiram os predicados espirituais elevados indo pois ser acolhidos na dimensão correspondente à sua frequência vibratória onde a vida se manifesta com ambientes trevosos e desoladores.
A vida na terra é uma ilusão para aqueles que acham que quando a morte corporal chega não há mais nada. A vida no reino dos céus é eterna e só se manifesta visível ao homem no cumprimento da lei.
Por isso Jesus nos ensina: “buscai primeiro o reino dos céus e a sua justiça, que tudo o mais vos será dado por acréscimo.”
Por tudo isto, está escrito na narração dos evangelhos que muitos dos seus discípulos se retiraram, e não andavam mais com ele.
Perguntou então Jesus aos doze: “quereis vós também retirar-vos?” Segundo consta respondeu-lhe Simão Pedro: “senhor, para quem havemos nós de ir? Tu tens palavras de vida eterna, e nós temos crido e conhecemos que és o santo de deus.”
Se o homem não fosse imortal, a existência humana não tinha qualquer sentido, pois deus não seria o deus de amor, porque tudo tinha sido creado para nada, sem qualquer objectivo que merecesse essa creação.
Por isso a imortalidade representa a luz da vida, a alma da nossa alma, a esperança do nosso anseio de perfeição e sabedoria, a razão da sublimação do amor.
Logo, sem a imortalidade, não podia haver alma, e, sem alma, não haveria individualidade, esperança e amor.
A imortalidade é o fim racional e lógico do nosso viver, o alicerce, a rocha viva, é o farol luminoso da alma que, ao imortalizar-se por ter atingido a culminância da evolução hominal se ilumina com toda a sabedoria, desnuda a verdade, e lhe dá prontamente a conhecer todos os segredos dos nossos destinos, envolvendo-nos com o brilho do amor divino que brilha na fronte dos justos.
Portanto, faz-se mister que procuremos a imortalidade, para podermos cientificarmo-nos nas palavras de Jesus.
Ele incita-nos a procurarmos a imortalidade, porque ela é básica na nossa ascensão e porque ela existe e está lá à nossa espera. Haja fé e saberemos que é uma realidade. Somos seres espirituais em evolução imortal.
Não basta atender ao chamamento da religiosidade sem conhecer para perceber, e temos a dificuldade de prosseguir sem a certeza da existência real da imortalidade. É pois preciso a convicção, comprovada pela vivência interior, do divino, do prosseguimento da vida além túmulo.
A essa vivência chamou-se fé.
O termo ” vida eterna ” é das maiores preciosidades que Jesus nos legou.
Só assim entendemos a frase: só tu tens palavras de vida eterna.
O mestre obrou maravilhas, como é de todos conhecido através de relatos da sua vida. Seria por essas maravilhas que os apóstolos o seguiam? Ou seria porque só ele tinha palavras de vida eterna?
Vida eterna é o anseio de todo o ser. Instintivamente, o homem, neste mundo, luta contra a chamada morte porque quer viver e dela tem horror.
Tudo que é material se desagrega e desaparece, mesmo as maravilhas que o homem constrói. Só a vida eterna é infinita.
Quando Pedro respondeu a Jesus, ele já tinha presenciado, na companhia de Tiago e João, a vida eterna quando, no tabor, Jesus se transcendeu e ficou acompanhado de Moisés e de Elias envolvidos nas suas almas translúcidas.
A vida eterna é o princípio básico da vida, quer na terra quer em outros mundos e dimensões.
Segundo os relatos da vida de Jesus, ele não só demonstrou àqueles três discípulos a existência da vida eterna, como também, depois da sua morte terrena, se mostrou a todos os discípulos, tendo exposto as mãos a Tomé para que se pudesse certificar de que era ele mesmo.
Seja qual for a forma como os homens o vêem, seja qual for a forma como tudo aconteceu, uma coisa teremos que ter presente: foi, é, e será a sublimidade dos seus ensinamentos, o sacrifício da sua vida terrena, que se mantém há mais de dois mil anos, tão vivo como a própria vida, para vir demonstrar aos homens que a vida eterna é uma realidade.
Para alcançá-la há que merecê-la. Esse é o trabalho, o esforço do homem porque, digam o que disserem, foi Jesus que ensinou o caminho à humanidade.
Tenhamos presente que não seremos nós que descobrimos deus, mas sim deus que se revelará ao homem quando este atingir as condições para o evento.
Não foi em vão que o messias, o ungido, o escolhido e o Cristo (em língua grega) nos disse: ” eu sou o caminho, a verdade e a vida “.
Deste modo terá o homem que vencer as barreiras da ilusão, e procurar a comunhão com deus, que vive no mais íntimo da sua realidade, a sua alma.
Comunhão tem a sua proveniência do latim commune, que quer dizer: sociedade, participação mútua, e também, por alguns entendidos: parentesco, relações comuns de opinião e crenças.
Deste modo podemos perceber que o espírito de deus e a alma humana participam na comunhão espiritual, tendo nesse acto o suporte inteligente.
O homem livre e interiorizado, tem a sua comunhão com deus.
O homem livre é aquele que deixou de ser escravo dos valores do mundo e por isso é consciente dos valores divinos.
O homem que é verdadeiramente discípulo de Jesus, deve comungar, em pensamento, com os ensinamentos de Jesus, seu mestre, para conseguir atingir a plenitude divina.
Por estas razões últimas, assim se expressou Jesus: “aprendei de mim que sou humilde e manso de coração, tomai o meu jugo e o meu fardo, sede um comigo, assim como eu sou um com o pai celestial, eu sou o caminho, a verdade e a vida, só por mim ireis ao pai.”
A humildade, o estudo, o raciocínio, a boa vontade, a prece, a renúncia, o trabalho interior, a transformação certa do nosso ego físico, mental e emocional, são elementos indispensáveis para chegarmos bem à comunhão com jesus e, com ele, aprendermos a ser humildes e mansos de coração.
Se vivermos em harmonia e em consciência profunda com os ensinamentos de Jesus, abrir-se-nos-à a estrada que era tão apertada e damos conta de que a porta que era estreita, se encontra agora franqueada para podermos entrar.
Só assim poderemos desvendar as preciosidades que nos estão reservadas da vida eterna, chegar a esse inestimável tesouro que vive na mais íntima realidade do homem, ou seja, mergulhar no inefável abraço do pai, alcançando o infinito amor de deus.
Foi isto que Jesus nos veio dizer, em missão de resgate final e sacrifício, com a certeza e a esperança de que seja qual for a demora que levemos, será este o nosso destino: obter a vida em abundância, sendo um com deus, em real comunhão com o creador e alcançar a vida eterna no seio do pai, como ele chamava a deus.
09-07-1978 Abrame
Um abraço do vosso amigo Hermes