O Vazio

Olá Amigos!

Vou partilhar convosco a transcrição de uma palestra (esclarecimento) proferido pela mestre e amiga Teresa em 26/2/1983 .

O VAZIO

“O tema é profundo não porque seja filosófico mas, porque diz respeito à realidade de cada um de nós, ao quotidiano, ao dia-a- dia.
Houve várias coisas importantes que aconteceram esta semana que foram entre as várias cartas recebidas , duas questões postas em duas delas.
Uma, a determinada altura, diz o seguinte: ” Por favor peço-lhe que quando desencarnar, continue a tomar conta de mim”. A outra põe a seguinte questão: “Será que eu andei a perder todos os anos da minha vida até agora?”.
Estas duas cartas, uma presa ao futuro (após a desencarnação) , a outra presa ao passado, são duas faces da mesma moeda. Houve também um caso que é frequente acontecer e que diz respeito à vida de todas as pessoas que são casadas.
Todos estes problemas são originados pela mesma questão.

Primeiramente eu queria explicar o seguinte: estes temas não dizem respeito às pessoas que escreveram, nem às pessoas que puseram as questões. este tema diz respeito a todos nós, que estamos aqui e a muitos mais milhares de pessoas.
A religião está morta, porque tem aniquilado a vida das pessoas. O grande primeiro erro da religião é ser séria de mais. As religiões instituíram que tudo o que é espiritualidade tem que ser sério. E tudo o que é sério é triste. Começam a cercear a vida das pessoas. Cortaram pela base aquilo que é a vida das pessoas e foras as pessoas morrendo lentamente numa religião, em centenas de religiões. Por isso vejamos que existem milhares de templos em todo o planeta, milhares de igrejas, milhões de padres, pregadores ou instrutores espirituais e as religiões hoje estão decadentes, estão mortas. A tristeza é o cancro da alma, é anti-natural,
é anti-Deus, é anti-vida.
Só as pessoas patológicas é que são tristes e são sérias. Os padres instituíram uma neurose nas pessoas. É como quando nós cortamos o tronco a uma roseira, esse tronco vai morrer. Não existe nada de errado com a roseira, ela é igual àquilo que era quando floria, simplesmente, cortado o tronco, foi separada da raiz. Não há nada de errado na raiz, não há nada de errado com a terra, não há nada de errado com a roseira mas ela foi separada – foi cortado o tronco. Então as igrejas têm feito isto, cortam o tronco da roseira. Provocam primeiro essa morte prematura nas pessoas, o sério, a distanciação entre as pessoas e Deus, porque só assim é que os padres são necessários. Falam de uma vida futura, criam a neurose nas pessoas tirando-lhes a alegria de viver, com a ameaça constante do pecado, do castigo e do karma, e as pessoas vivem na angústia, presas ao pecado do passado e presas ao futuro que é o Céu e, então ai é necessário o padre para estabelecer a ponte entre Deus e as pessoas. Se não existir essa divisão, se as pessoas realizarem Deus, o padre deixa de ser necessário, e quando eu digo padre é de qualquer religião, qualquer nome que se lhe dê: rabi, instrutor, mahatma, centenas de mahatmas que são puras nulidades. Criando a ideia que há algo errado na vida, as pessoas começam a rejeitar esta vida. Então é necessário que se lhes ofereça algo mais feliz no futuro e esse algo é o Céu como recompensa.
Seja em que religião for existem sempre estes valores, e ao estabelecer que é errado nesta vida, normalmente por culpa nossa, ao estabelecer isso, eles estão a fazer com que as pessoas percam a essência, a raiz da vida. Perdida a raiz da vida as pessoas tornam-se inseguras.E o que é que acontece?
Vamos procurar segurança em qualquer coisa;e “agarramo-nos” a coisas para conseguir o mínimo de segurança. A própria palavra agarrar , que reflecte a  atitude de toda a gente, já é morte porque a vida é um constante movimento, porque a vida é uma permanente aventura, a pessoa ” agarra-se a qualquer coisa para sentir segurança e começa a morte. Esta é a morte real, a do corpo físico não é. E começa o não enfrentar a vida, e começa a nossa grande cobardia.
Todos nós somos cobardes e eu assumo a responsabilidade desta minha afirmação.Somos cobardes na medida em que não enfrentamos a essência da vida. tentamos mascarar, pôr máscaras, tentamos fazer sorrisos, tentamos fingir que tudo está bem na vida, porque cada pessoa pensa que ” os outros são todos felizes, menos eu”.Porque os outros têm uma fachada que instituíram para fingir que estão bem, porque cada um dos outros também acha que todos os outros estão bem. Então o que acontece é que é preciso manter as aparências: as pessoas põem sorrisos, fingem que tudo está bem na vida delas. Cada um dos outros pensa que como só ele é infeliz vai ter que fingir também que é feliz, porque os outros todos fingem. Há que manter as aparências. Porque é extremamente mau parta o ego dizer: ” Eu falhei”.Toda a gente além de cobarde é um falhado, a não ser os débeis mentais porque não têm consciência. Os solteiros são falhados porque sentem o vazio da solidão; os casados são falhados porque não encontraram no casamento aquilo que julgavam que iam encontrar. Há outro vazio. Os ministros são falhados porque a ânsia de poder traz-lhes cada vez mais vazio, porque a ânsia de poder cada vez é maior e isso torna-se uma ânsia desmedida que nunca chega a atingir nada.E ainda que nós consideremos um cargo máximo como o do Presidente da República, esse homem está vazio, outro falhado;ele não é feliz, ele tem a responsabilidade só  de uma nação inteira – e o vazio continua lá.
As pessoas têm que enfrentar o vazio, o total que é a vida. Porque não há nada para atingir!  A essência da natureza interior do ser humano é o vazio. É de facto!Todas as pessoas que realizaram Deus, ainda que muito parcelarmente, só essas poderão perceber aquilo que eu estou a dizer. Só o vazio permite o enchimento de deus. Mais nada! E a natureza é o vazio.
Então as pessoas criadas num sistema neurótico originado pelas religiões começam a ser inculcadas com valores errados: que há algo a atingir na vida. As pessoas têm que ser agressivas na vida para conseguirem alguma coisa. Essa qualquer coisa é sempre exterior. Nunca há um preenchimento.
tirem da cabeça que podem atingir seja o que for. Ninguém em parte nenhuma atingiu coisíssima alguma, porque não há nada para atingir.
realizam Deus os que se enchem no nada, no vazio, não fazendo literalmente coisa nenhuma: estáticos, sem pensar e a Revelação vem.
Então as pessoas, como eu ia dizendo, criado um sistema neurótico, de que uns têm que fazer coisas, tentam ocupar o máximo do seu tempo a fazer coisas, uns fazem coisas pequenas, outros fazem coisas grandes, mas toda a gente faz qualquer coisa, quanto mais não seja dormem para esquecer que não fizeram ou que não são capazes de fazer. Esta sensação de insucesso tem que ser completamente anulada da nossa mente. Daí que viver no passado, pondo em dúvida se “eu desperdicei os anos que vivi até agora”, e a partir do momento em que pomos a questão que me enternece muito, que me sensibiliza muito, de me pedirem que depois de desencarnar continue a tomar conta daquela alma…Vamos ser realistas1! Aqui e agora é que é! Porque depois,<é evidente que eu continuarei a cumprir a missão como foi prometido. jamais abandonarei quem quer que seja atrás de mim ( em seguimento). Mas não vamos nem pensar no passado, nem pensar no futuro. É aqui e agora. Isso é que é estar vivo – o constante movimento. A luz é um constante movimento. Aquilo que é a vida é um movimento constante, é uma aventura constante. Não é o passado, não é o futuro, é o aqui e agora, a atitude completamente consciente de tudo aquilo que fazemos. Nós nascemos inclusivamente, com um potencial total de sobrevivência e depois vivemos no mínimo. Condicionados, conceituados, com todos os cerceamentos das igrejas, presos ao pecado do passado, para ir confessar a seguir, para ganhar o Céu depois. Presos a uma luta a que obrigam as normas filosóficas, que a pessoa deve combater numa luta permanente para se aperfeiçoar; presos a um desgaste de energia de auto-condenação que está totalmente errado, porque tudo o que é luta implica energia e estamos a desperdiça-la. Então vamos aplicar essa energia de outra maneira: na elevação da consciência. Eu diria que, apontando como meta, (e este é o conselho máximo que eu posso dar a qualquer pessoa): entreguem-se ao vazio, não queiram atingir nada porque isso é totalmente errado. Fazer actividades para esquecer seja o que for, como seja jogar, beber, ir aos cinemas, ir curtir, ir ….. tudo, o que for é tudo para esquecer que não se faz qualquer coisa. Não há nada para fazer, o melhor é não fazer nada, e vivermos no máximo realmente. E quando eu digo não fazer nada, reparem bem, eu avisei que este tema era profundo, eu não estou a dizer não fazer nada diariamente, é não fazer nada a nível de consciência, de profundidade, do eu.
Então aí viveremos no máximo e não no mínimo como temos vivido até agora, só quando as pessoas põem questões deste nível é que nós podemos ter conversas deste nível. Enquanto nós remoermos silenciosamente e criamos dramas psicológicos e formos daqui com dúvidas e pensarmos em casa, dúvidas sobre dúvidas e criamos um circulo vicioso em que nós somos as grandes vitimas de tudo, inclusive do grupo, enquanto nós criamos um romance completo de drama em nós somos “coitadinhos,os desgraçadinhos e as vitimas” … Eu não comento eu passo a seguir.
É vivendo a vida integralmente como uma aventura, enfrentando-a, que nós nos movemos para o infinito, è o movimento constante. Vocês sabem que é assim, até cientificamente. Às religiões interessa o contrário, interessa que nós vivamos comprometidos com o passado, interessa que nós estejamos na ignorância, porque comprometidos com o passado os padres são extremamente necessários para dar a absolvição e para nós entramos no Céu. É necessário que as pessoas sejam ignorantes porque enquanto nós não tivermos a sabedoria, não realizamos Deus, o padre está lá para dar o sermão, e eu também e o Fernando também e os outros todos que falam. Porque a partir do momento que vocês se realizem todos, nós vamos todos calmamente, entrar na consciência perfeita e não precisamos de fazer mais nada. E esse é o objectivo. E reparem numa coisa: os apóstolos, os verdadeiros cristãos foram aqueles que saíram da “carneirada”. A vida, a verdadeira religião é uma revolução. Os que seguiram Buda saíram da carneirada, porque os apóstolos, e nós sabemos isto pela Bíblia, deram a cabeça, deram a vida por Cristo. Apostaram tudo, abandonaram as casas, abandonaram as famílias, foram mortos, foram assassinados, decapitados, foram torturados. Porquê?
Porque a sociedade não aceitava o aspecto revolucionário que Jesus pregou. Ele tinha um comportamento que não era bom, que não era bem aceite pela sociedade, ele acompanhava com pessoas que não eram bem vistas na sociedade, porque ele andava descalço, porque ele não trabalhava, inclusivamente o próprio pai de Jesus o condenava por não trabalhar, dizia que o filho era um lunático, porque queria era viver à conta dos outros; ele foi inclusivamente acusado, foi condenado, criticado por viver à custa de mulheres, porque evidentemente eles comiam em casa de alguém e as mulheres é que faziam o comer.
Bom, os que seguiram Buda foram revolucionários, os que seguiram Buda saíram da carneirada, enquanto nós não sairmos das massas…porque reparem, às religiões interessa-lhes as massas, interessa-lhes manipular o maior número de pessoas possível, pelo poder. Então as posições de saída das massas, são aquelas que podem dar libertação, porque o resto:controle sob a igreja, a ignorância e comprometimento com o passado não leva a lado nenhum.
Enquanto as pessoas estiverem como massa, como multidão, paralisadas pelo medo do pecado, pelo Karma do castigo, ou seja o que for, são ignorantes estão neuróticas e tristes. Negam a vida! geralmente o estar sério e o estar triste são duas faces da mesma moeda, as religiões instituíram a seriedade e as pessoas automaticamente ficam tristes. Ser triste é não viver a vida, é dizer que não há vida.
A vida é uma dádiva divina ( estou aberta a qualquer discussão sobre este ponto), isto não é contra o Karma, é assim, não sei se uma discussão nestes termos pode levar muito longe, mas, eu assumo a responsabilidade do que estou a dizer, porque sei, porque é que estou a dizê-lo. E como dádiva que é, eu diria que esse é o único pecado se é que existe pecado, viver a vida com angustia é dizer que não a uma dádiva divina.
As religiões nasceram há milhares de anos.É uma coisa de conhecimento geral que enquanto os Mestres existem a religião é uma coisa, ou seja, não é, porque eles não instituem religiões. Os mestres morrem e o que é que fica? Ficam os discípulos que interpretam as coisas à sua maneira e vão dizendo durante milhares de anos, coisas que o Mestre não disse, não fez nem aconselhou, nem pensou muito menos.
Os discípulos normalmente não perceberam o que o Mestre quer dizer. Isso é ponto assente também. E depois vêm as interpretações que não correspondem à realidade. Então as religiões de que nós temos conhecimentos que surgem até agora são antigas, têm milhares de anos, perfeitamente obsoletas. E agora que nós temos de viver, é agora que nós temos de enfrentar a vida, não é há dois mil anos, não é há três mil anos nem sequer há cem anos, é agora e agora é dizer sim à vida, totalmente, dizer sim à vida. As pessoas que não amam a vida, não amam Deus. As que estão tristes dizem que não à vida, não estão amando a vida, não estão amando Deus. Jamais podem atingir a consciência divina e a partir daqui tudo o resto são conjecturas, discussões filosóficas, e diria que quase tudo inútil, porque é uma satisfação para o ego. Ego esse que neurótico, patológico, não quer rir, não quer sorrir, quer ser triste e sério negando tudo, fazendo um esforço e aparentando que tudo está bem. Como cada um dos outros pensa que tudo está bem, fingimos todos estar bem também, e tudo está mal, porque tudo está vazio e andamos todos tristes por dentro quanto mais não seja,que a rir para fora.
Reparem bem que quando uma pessoa dá uma grande gargalhada, bem sentida, lá no fundo, essa pessoa está sem ego, está indefesa naquele momento,é uma criança. Se alguém lhe der uma bofetada a pessoa não se defende,totalmente indefesa. Nesse momento em que se dá uma<grande gargalhada, em que se está indefesa e que se está sem ego, é o principio da manifestação divina, dentro da ideia de que, só quando o ego não é, é o que o coração está totalmente vazio pronto para nos abrigar, é que realmente o Divino se pode manifestar. De outra maneira não é possível. Claro que quando a pessoa medita também não vai encontrar Deus em parte nenhuma.
Meditar é um esforço, pressupõe um esforço. Não pensem que a manifestação Divina vem. E aquilo que se segue à meditação, aquilo que se segue ao cantar dum mantra, aquilo que se segue a qualquer prática, é o silêncio depois,é a paragem que depois permite a revelação divina.Mas mesmo antes dessa Revelação onde se dá a subida do Kundalini, mesmo aí ainda não há a quietude total, que vem imediatamente após.
Quando chega o momento de a pessoa ter uma revelação divina, mesmo parcial, quando chega o momento ainda não há a quietude total, porque quando se dá a subida do Kundalini há um som, há uma vibração forte que é audível e sentida com muita força e só depois é que há o silêncio absoluto, a quietude total, e é nesse vazio total, que vem a plena consciência.
O ego é tão doentio, tem tanta necessidade de se auto-afirmar que se conta uma história que parece ser verdade:

” Um louco convenceu-se que era Napoleão! Normal? As pessoas facilmente se convencem de qualquer coisa, de que são alguém. Foi internado, andava com a mão no peito e não faziam nada dele. Foi internado para tratamento. Depois de uma série de tempo ele começou a mostrar melhoras até que finalmente o director clínico deu-o como curado. Mandou-o chamar e disse-lhe: “Você está curado, tem alta. Pode ir para casa”. O homem ficou parado a olhar e disse:” senhor Doutor, não é possível! “e respondeu o médico:”Não é possível porquê? Você tem todos os sintomas de estar curado, nós consideramos-lo assim clinicamente. Porque é que você diz que não está curado?”. Ele disse: ” Não! Que tipo de cura é esta? Quando entrei para aqui pelo menos eu era o Napoleão, e agora vocês dão-me curado e eu saio sem ser ninguém. Quem é que eu sou agora? Eu não sou ninguém! ” “.

E isto somos nós. O ego quer ser qualquer coisa, até pode ser o “Zé da esquina”. O ego lutará até às últimas consequências até ser abandonado e aquilo que eu peço a todos não é que lutem contra o ego, contra a mente! Abandonem-os, o que é diferente. Há pessoas que me dizem: “eu não consigo meditar, a minha mente não pára, os pensamentos não param, ou durmo ou penso”. Isso é não querer ” entregar os pontos”, isso é não querer entregar o ego! Porque quando nós somos muito humilhados, muito, muito, muito, não há ego. E as humilhações com que as pessoas sofrem muito servem para aniquilar o ego. Tudo tem um propósito na vida, e as humilhações que as pessoas passam, têm sempre um objectivo como todas as outras coisas, que é aniquilar o ego e quando maior ele for, mais a pessoa é humilhada durante a vida. Ela sofre muito, coitada, claro que sofre, todos nós sofremos quando somos humilhados, mas é tudo proporcional. E vistas de cima, as coisas são todas perfeitas, encaixa tudo perfeitamente mesmo aquilo que parece que é mal.
Quando nós falamos disto dando um exemplo talvez um pouco mais infantil, nós poderíamos dizer que a escuridão só existe quando o Sol não está.
Se nós pudéssemos dialogar com o Sol, e falar-lhe da escuridão, ele iria dizer que não sabe o que é, porque quando ele está a escuridão não está.
A escuridão conhece o Sol porque ela foge quando o Sol vem, mas o Sol não sabe o que é a escuridão. O ego está – Deus não está, ou não é ou não temos consciência dele. Deus é uma experiência de consciência absoluta e isto não tem discussão porque quem lá chega sabe como é, e quem não chega, está a discutir uma coisa que não sabe. Quanto mais complicada é a filosofia e quanto mais complicadas são as palavras mais as pessoas gostam, porque como não percebem e acham que é difícil, logo acham que é interessante. Isto faz-me lembrar a anedota de um milionário analfabeto.
Um dia o homem resolveu que era bom para o ego dele ficar para a posteridade doando metade da herança a um colégio. O filho que não gostou da ideia de ficar sem metade da herança, e sabendo perfeitamente que o pai era analfabeto, um dia chegou ao pé do pai e disse-lhe assim: “O pai sabe que naquele colégio os rapazes e as raparigas “matriculam-se” em conjunto? O pai, era analfabeto, soou-lhe mal a palavra e perguntou: “em conjunto?”. E o filho respondeu: “não é só isso: o pai sabe que naquele colégio os rapazes e as raparigas usam o mesmo ” curriculum?”. O pai espantou-se, começou a ficar verde e o filho disse ainda: “e ainda há mais, as raparigas no fim, para se formarem têm que mostrar a sua “tese” ao reitor”. o pai então exclamou: “está feito. Já não dou o dinheiro para o colégio, era o que faltava”.
É assim, isto são as filosofias esótéricas. Quanto mais difícil, menos nós percebemos, mas formamos uma opinião.

Lembrem-se de de uma coisa, na Bíblia Jesus comia com os discípulos muitas vezes. Será que eles tinham aquele ar pesado e diziam: “vamos comer, que chatice!”. Vinha o comer Ele abençoava-o e estavam três horas à mesa, comendo, orando, não olhando,não falando,bebendo vinho, mas pouco, comendo carne,mas pouca, porque a alimentação vegetariana é melhor…. mas o vinho era vegetariano…., acabavam de comer e diziam: “até amanhã, que chatice!”. Vocês imaginam que o que está na Bíblia poderia reflectir esta imagem?
Eu acho que Jesus realmente deveria ser anormal se fizesse isso porque está lá que eles comiam muitas vezes em conjunto, Ele e os discipulos,andava todos os dias com eles, andavam todos juntos; vocês acham que eles estavam calados, que era tudo sério, que não diziam graças, que conviviam naturalmente?
Porque o estado das pessoas, nós temos essa experiência directa, quanto mais próximas estão da iluminação total mais alegres, mais leves são, é tudo leve e dizem as coisas naturalmente, e riem. Só as pessoas preconceituadas são pesadas, tristes, estão “à defesa”.
Não sejam negativos para com a vida porque estão a negar Deus. Essa é a verdadeira blasfémia, mais nenhuma das outras tem importância. Nós até podemos contar anedotas acerca de Deus que Ele não se importa. É capaz de perceber melhor do que nós porque estamos a contar as anedotas. A verdadeira blasfémia, repito, é negar a vida pois é negar Deus.
Por isso nós damos muitas técnicas de meditação aqui dentro, nós queremos que as pessoas tenham abertura para poder escolher. Nós dizemos que sim a muita coisa, só não dizemos que sim à magia negra, só não dizemos que sim àquilo que é perfeitamente disparatado. De resto, nós dizemos que sim a tudo, por isso temos várias práticas, por isso temos várias técnicas, para que cada um de vocês não viva por influência. Hoje nós estamos a falar disto e algumas pessoas podem ficar “impressionadas” por algumas afirmações e vão para casa a pensar: “realmente não concordo com aquilo que eles disseram, mas concordo com outra coisa que eles disseram”. Nós não queremos que de hoje a oito dias digamos outra coisa e as pessoas voltem aficar impressionadas com uma coisa que a gente diz, e voltam a ficar impressionadas porque não concordam com outra coisa que dizemos. Nós não queremos que as pessoas vivam impressionadas, por nada que a gente diga. Por isso nós dizemos muita coisa, por isso nós abrimos muitos caminhos, por isso damos várias técnicas, e se não damos mais é porque não temos condições nesta casa, só num ashram, é que é possível, com espaços grandes. Porque as decisões não são reais, quando se toma uma decisão na base da impressão porque se está impressionado: ou que o caminho da devoção é que é bom, porque a gente falou nisso ; ou porque o caminho da meditação é que é bom porque a gente disse: “fulano realizou-se a meditar”… assim, vocês não podem tomar uma decisão real. Por isso falamos de muita coisa. Porque, quando vocês estiverem muito cheios de teoria, vocês param e dizem: “já chega! agora vou escolher por mim próprio”.

… Nessa altura vocês já não se deixam impressionar com mais nada e vão escolher com consciência o Caminho que querem seguir e é isso que nós queremos. E é quando essa decisão é tomada de dentro que ela é real, e o caminho não mais será abandonado.É esta a certeza que eu tenho. A minha certeza levou muitos anos, muitos caminhos, muitas tentativas, muitos erros e muita asneira, mas quando eu parei e disse:”parou! agora só eu é que vou escolher”,e quando eu disse isto,parei realmente, nunca mais abandonei o caminho, porque foi uma decisão minha e é isso que eu quero que aconteça com toda a gente, ou que eu gostaria, se tivesse esse direito, porque acho que é o melhor.
Não se esqueçam nunca que viver na esperança é ilusão – a esperança é como a linha do horizonte, nós andamos na direcção da linha do horizonte e quanto mais avançamos mais essa linha recua, e não chega a acontecer, porque a linha do horizonte é uma ilusão. Abandonem a esperança, não há por que esperar, não há nada para atingir, esperar pelo dia de amanhã não vai acontecer, esperar que os Mestres que um dia havemos de encontrar depois de desencarnados ou encarnados ou com consciência ou sem ela é adiar, é cobardia, é não viver agora, é não abandonar o ego agora. Porque a Realização e os Mestres estão todos aqui ao mesmo tempo, agora mais do que nunca eles estão sobre o planeta Terra. Não é amanhã! É agora! É aqui! Abandonem o ego, abandonem a mente, entreguem-se! E é agora que os mestres podem entrar na vossa consciência – não é amanhã.
Quantos e quantos casais não vêm ter connosco, completamente miseráveis moralmente, aquilo é só desgraça. Mas se a gente diz ou dá a entender de uma maneira altamente rebuscada, porque às vezes não podemos dizer as coisas directamente, que talvez não estejam bem, que talvez se devessem isolar um bocadinho um do outro por uns tempos…Não! Nessa altura agarram-se os dois mais um ao outro e dizem: “eu gosto tanto dele!” mas que raio de amor! Sofrem mutuamente, castigam-se mutuamente, todos os dias se chateiam um com o outro, batem-se se for preciso. Será  isto é amor? Então quando se põe a questão da separação começam a achar que gostam muito um do outro e começam sobretudo a lembrar-se de momentos bons, que nunca aconteceram. Então o que a gente vai fazer? Que continuem masoquistamente e porquê? Porque as pessoas têm medo da solidão. É melhor os dois estarem juntos todos os dias à pancada, do que estarem sozinhos. Aí eu diria que quem está só realmente está a meio do caminho, está muito mais adiantado e não perdeu tempo, está a caminho do Vazio.
O contrário não é certo! Não é correcto que aqueles que se mantêm juntos tambem não estão no caminho, estão, desde que estejam a compartilhar a sua felicidade com o outro. Não o ego, não a mente – a felicidade -,isso sim!
quando o casal está na outra situação, quando o marido sai á noite para jogar ás cartas, quando o marido sai para ir namorar com outra rapariga, então está-se a desforrar da mulher, porque sempre pode variar da mulher que ficou em casa. vai-se preencher. O casal mantêm-se junto, a viver em conjunto, porque está preenchido de desgraça…de miséria….mas sempre está preenchido de qualquer coisa. É uma coisa a que as pessoas se agarram- a uma segurança- que é insegurança. Nós agarramo-nos á miséria e à desgraça, á infelicidade e á tristeza porque sempre estamos agarrados a qualquer coisa, o vazio é que não.
Então as pessoas vivem juntas para isso, é que sempre estão preenchidas, de miséria, de infelicidade, de tristeza,de sofrimento, mas estão preenchidas de qualquer coisa. Tudo isso é preferível ao vazio .As pessoas assustam-se com o vazio, mas a nossa natureza é o Vazio e Deus só se pode encontrar no Vazio. Não pensem que há algo para atingir.
Nunca vamos atingir coisa nenhuma, o amanhã não surge, é a linha do horizonte que foge sempre. Não desperdicem mais tempo, enfrentem as situações, enfrentem a vida e digam que sim à própria vida. O dizer sim é viver a totalidade, é não negar nada, é não estar agarrado ao presente nem ao futuro, porque isso não é viver, é cortar o tranco da roseira e continuarão sempre a precisar de quem faça o elo entre voç~es e Deus.

É tudo o que tinha para dizer.
Teresa

Pois meditemos!

Um abraço
maria