Autor Tópico: Partilha de pensamentos ! (apenas isso)  (Lida 47324 vezes)

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Re: Partilha de pensamentos ! (apenas isso)
« Responder #90 em: Outubro 14, 2015, 12:35:32 pm »


                "No zen,

 costumamos dizer que o relacionamento do mestre com o discípulo
deve ser como o da galinha com o pintinho.
A galinha fica lá, chocando seu ovo e, de vez em quando,
dá uma bicada na casca para ver se já pode abrir.
Enquanto o pintinho não responde com uma batidinha,
a galinha não quebra a casca do ovo.
O mestre age da mesma forma.
 Ele nunca abre a casca do discípulo antes da hora,
pois é preciso que haja uma resposta de dentro.
É muito importante respeitar o tempo de cada um,
sem querer forçar ou exigir nada de que o outro ainda não dê conta."


              Monja Coen Roshi

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                   Meditemos ...



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Partilha de pensamentos ! (apenas isso)
« Responder #91 em: Novembro 03, 2015, 10:45:43 am »


  "Quando observamos, da praia, um veleiro a afastar-se da costa,
navegando mar adentro, impelido pela brisa matinal,
estamos diante de um espectáculo de beleza rara.
O barco, impulsionado pela força dos ventos,
vai ganhando o mar azul e nos parece cada vez menor.
Não demora muito e só podemos contemplar um pequeno ponto branco
na linha remota e indecisa, onde o mar e o céu se encontram.
Quem observa o veleiro sumir na linha do horizonte, certamente exclamará: “já se foi”.
Terá sumido? Evaporado?
Não, certamente. Apenas o perdemos de vista.
O barco continua do mesmo tamanho e com a mesma capacidade que tinha quando estava próximo de nós.
Continua tão capaz quanto antes de levar ao porto de destino as cargas recebidas.
O veleiro não evaporou, apenas não o podemos mais ver.
Mas ele continua o mesmo.
E talvez, no exacto instante em que alguém diz: “
já se foi”, haverá outras vozes, mais além, a afirmar: “lá vem o veleiro”!!!
Assim é a morte.
Quando o veleiro parte, levando a preciosa carga de um amor que nos foi caro,
e o vemos sumir na linha que separa o visível do invisível dizemos: “já se foi”.
Terá sumido? Evaporado? Não, certamente.
Apenas o perdemos de vista.
O ser que amamos continua o mesmo.
Sua capacidade mental não se perdeu.
Suas conquistas seguem intactas, da mesma forma que quando estava ao nosso lado.
Conserva o mesmo afecto que nutria por nós.
Nada se perde, a não ser o corpo físico de que não mais necessita no outro lado.
E é assim que, no mesmo instante em que dizemos: “já se foi”,
 no mais além, outro alguém dirá feliz: “já está chegando”.
Chegou ao destino levando consigo as aquisições feitas durante a viagem terrena.
A vida jamais se interrompe nem oferece mudanças espetaculares, pois a natureza não dá saltos.
Cada um leva sua carga de vícios e virtudes, de afectos e desafectos,
 até que se resolva por desfazer-se do que julgar desnecessário.
A vida é feita de partidas e chegadas.
De idas e vindas.
Assim, o que para uns parece ser a partida, para outros é a chegada.
Um dia partimos do mundo espiritual na direcção do mundo físico;
noutro partimos daqui para o espiritual, num constante ir e vir,
como viajantes da imortalidade que somos todos nós."

         Richard Simonetti,   Quem tem medo da morte.

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                                                               Meditemos




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Re: Partilha de pensamentos ! (apenas isso)
« Responder #92 em: Novembro 10, 2015, 13:18:29 pm »


                               Diferenças entre o ego e a alma:

A base da alma está dentro, enquanto a base do ego, o referencial, está sempre fora.
A alma vive em constante gratidão e o ego em eterna insatisfação.
O ego nos estressa enquanto a alma nos harmoniza.
A alma é eterna e o ego passageiro.
A alma é sempre plena e o ego é sempre carente.
A alma nos inspira e o ego nos empurra.
A alma sempre apazigua e o ego perturba.
Ela se une a tudo, enquanto ele nos separa de tudo.
Ela sussurra, ele grita.
A alma ama e o ego se apaixona.
Ela nos liberta e ele nos aprisiona.
Ela nos projeta para dentro e para o alto e ele nos leva para fora e para baixo.
Ela é pleno deleite, ele um animal carente.

   Horivaldo Gomes

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                                                  Meditemos !





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Re: Partilha de pensamentos ! (apenas isso)
« Responder #93 em: Março 12, 2017, 21:54:53 pm »
Uma Partilha ...


"DISCERNIMENTO"

“Pode um burro carregando perfume ou um feixe de sândalo se tornar um elefante?

Ele pode avaliar o peso, mas não o perfume!

O elefante não considera o peso; ele inala o aroma doce, certo?

Igualmente, o aspirante espiritual, ou devoto, assimilará apenas a verdade pura, a pura essência de boas ações, de Piedade e das escrituras.

Por outro lado, aquele que continua discutindo por causa de mera erudição, aprendizagem e disputa conhecerá apenas o peso da lógica, faltando o aroma da verdade!

Muitas pessoas no mundo utilizam sua vasta erudição em disputas e acreditam que são superiores; este é um grande erro.

Se realmente fossem tão eruditos, elas assumiriam o silêncio como conduta honrosa.

Para aqueles em busca da essência, o fardo é desconsiderado.

Se a mera razão for empregada, nada de valor é adquirido.

O amor é o grande instrumento para a constante lembrança do Divino.

Manter esse instrumento seguro e forte não necessita de nenhum outro instrumento que o invólucro do discernimento (viveka).

(Prema Vahini, capítulo 44)”

Sathya Sai Baba

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Re: Partilha de pensamentos ! (apenas isso)
« Responder #94 em: Março 03, 2018, 20:23:26 pm »
   
                    "DE ONDE VIEMOS? PARA ONDE VAMOS?


No meu eremitério na França há um arbusto de japônica, marmelo japonês.
O arbusto usualmente floresce na  primavera, mas em um inverno que foi muito quente os brotos vieram antes.
Durante a noite uma frente fria veio e trouxe com ela gelo.
No dia seguinte enquanto fazia meditação caminhando, notei que todos os brotos no arbusto tinham morrido.
Reconheci isto e pensei: “Neste ano novo não teremos flores suficientes para decorar o altar do Buda”.
Poucas semanas depois o tempo esquentou novamente.
Enquanto andava em meu jardim, vi os novos brotos na japônica manifestando uma outra geração de flores:
“Vocês são as mesmas flores que morreram no frio ou são diferentes?”
As flores responderam para mim: “Thay, não somos as mesmas nem somos diferentes.
Quando as condições são suficientes nos manifestamos e quando as condições não são suficientes nos escondemos. É tão simples quanto isso.”
Isto é o que o Buda ensinou. Quando as condições são suficientes as coisas se manifestam.
Quando as condições não são mais suficientes as coisas se retiram. Elas esperam até o momento certo para elas se manifestarem novamente.
Antes de dar a luz a mim, minha mãe havia ficado grávida de outro bebê.
Ela o perdeu e aquela pessoa não nasceu.
Quando eu era pequeno costumava perguntar: era meu irmão ou era eu? Quem estava tentando se manifestar naquela época?
Se um bebê foi perdido significa que as condições não eram suficientes para ele se manifestar
e a criança decidiu se retirar de forma a esperar por melhores condições.
“É melhor eu me esconder, voltarei em breve, meu querido.” Temos que respeitar sua vontade.
Se você vê o mundo com estes olhos, sofrerá muito menos.
Foi meu irmão que minha mãe perdeu? Ou talvez eu estava quase por vir mas eu disse: “Não é a hora ainda.” Portanto me retirei.
Nosso grande medo é que quando morrermos nos tornaremos nada.
Muitos de nós acreditam que nossa existência inteira é apenas o nosso tempo de vida,
começando no momento que nascemos ou fomos concebidos e termina no momento que morremos.
Acreditamos que nascemos do nada e que quando morremos nos tornaremos nada.
E, portanto, estamos cheios do medo da aniquilação.
O Buda tem um entendimento muito diferente de nossa existência.
É o entendimento que nascimento e morte são noções. Elas não são reais.
O facto de pensarrmos que são verdadeiras cria uma poderosa ilusão que causa nosso sofrimento.
O Buda ensinou que não há nascimento nem morte; não há vinda nem ida; não há igual, e não há diferente;
não há eu permanente, não há aniquilação.
Apenas achamos que há.
Quando entendemos que não podemos ser destruídos, estamos libertos do medo.
É um grande alívio. Podemos desfrutar da vida e apreciá-la de uma nova maneira.
O mesmo ocorre quando perdemos nossos entes queridos.
Quando as condições não estão certas para suportar a vida, eles se retiram.
Quando perdi minha mãe, sofri muito. Quando temos apenas 7 ou 8 anos de idade é difícil pensar que um dia perderemos nossa mãe.
Ao final crescemos e todos perderemos nossas mães, mas se soubermos como praticar, quando a hora da separação chegar você não sofrerá muito.
Rapidamente você perceberá que sua mãe está sempre viva dentro de você.
No dia que minha mãe faleceu, escrevi no meu diário. “Um sério infortúnio da minha vida chegou.”
Sofri por mais de um ano depois de sua passagem.
 Mas uma noite, nas terras altas do Vietnã, estava dormindo na cabana de meu eremitério. Sonhei com minha mãe.
Vi-me sentado com ela e estávamos tendo uma conversa maravilhosa. Ela parecia jovem e bonita, seu cabelo esvoaçante.
Era muito prazeroso sentar lá e conversar com ela como se nunca tivesse morrido.
Quando acordei eram duas da manhã e eu senti fortemente que nunca havia perdido minha mãe.
A impressão que ela estava ainda em mim era muito clara.
Entendi então que a idéia de tê-la perdido era apenas uma idéia.
Era óbvio naquele momento que minha mãe estava viva em mim.
Abri a porta e sai.
Toda a colina estava banhada pela luz da lua.
Era uma colina coberta com plantações de chá, e minha cabana estava localizada atrás do templo, no meio da colina.
Andando devagar na luz da lua através da plantação, percebi que minha mãe estava ainda em mim.
 Ela era a luz da lua me acariciando assim como fazia frequentemente, muito carinhosa, muito doce... maravilhosa!
Cada vez que meus pés tocavam a terra, sabia que minha mãe estava lá comigo.
Sabia que este corpo não era só meu, mas uma continuação viva da minha mãe e do meu pai e dos meus avós. Todos os meus ancestrais.
Estes pés que eu via como meus eram na verdade nossos pés.
 Juntos minha mãe e eu estávamos deixando pegadas no solo úmido.
Daquele momento em diante, a idéia que eu tinha perdido minha mãe nunca mais existiu.
Tudo que eu tenho que fazer é olhar para a palma da minha mão, sentir a brisa no meu rosto ou a terra sob meus pés
 para me lembrar que minha mãe está sempre comigo, disponível a qualquer momento.
Quando você perde um ente querido, você sofre.
Mas se souber como olhar em profundidade, tem a chance de perceber que a natureza dele é a do não nascimento e não morte.
Há manifestação e há a cessação da manifestação. Você tem que ser muito perspicaz e muito alerta para reconhecer as novas manifestações de uma pessoa.
 Mas com a prática e com esforço você pode fazer.
Portanto, pegando na mão de alguém que conheça a prática, faça uma meditação caminhando com ela.
Preste atenção em todas as folhas, as flores, os pássaros e gotas de orvalho.
Se puder parar e olhar profundamente, será capaz de reconhecer seu amado se manifestando novamente e novamente em muitas formas.
Você novamente abraçará a alegria da vida.
Um cientista francês, cujo nome era Lavoisier, declarou, “Nada se perde, nada se cria”. “Nada nasce, nada morre.”
Embora ele não praticasse como um budista, mas como um cientista, ele descobriu a mesma verdade que o Buda.
Nossa natureza verdadeira é de não nascimento e não morte.
Apenas quando tocamos nossa verdadeira natureza podemos transcender o medo de não ser, o medo da aniquilação.
O Buda disse que quando as condições são suficientes, algo manifesta e dizemos que existe.
Quando uma ou duas condições falham e a coisa não se manifesta do mesmo modo, então dizemos que não existe.
De acordo com o Buda, qualificar algo como existente ou não é errado.
Na realidade, não existe uma coisa que exista totalmente ou não exista totalmente.
Podemos ver isso muito facilmente com a televisão e o rádio.
Podemos estar em uma sala que não tem televisão ou rádio.
E enquanto estamos nesta sala podemos pensar que os programas de rádio ou TV não existem naquela sala.
Mas todos sabemos que o espaço da sala está cheio de sinais.
Os sinais desses programas estão em todo lugar.
Precisamos apenas de uma condição a mais, um aparelho de TV ou rádio, e muitas formas, cores e sons aparecerão.
Seria errado dizer que os sinais não existem porque não temos um aparelho para receber os sinais e manifestá-los.
Eles apenas parecem não existir porque as causas e condições não eram suficientes para fazer os programas se manifestarem.
Portanto naquele momento, naquela sala, dizemos que eles não existem. Não é porque não percebemos algo que podemos dizer que ele não existe.
É apenas nossa noção de ser e não ser que nos faz pensar que algo existe ou não.
Noções de ser ou não ser não podem ser aplicadas a realidade.
É como a noção de abaixo e acima. Dizer que elas existem é também errado.
O que está abaixo de nós está acima de outro, em algum lugar.
Estamos sentados aqui e dizemos que acima é a direção acima de nossas cabeças e pensamos que a direção oposta é abaixo.
Pessoas praticando meditação sentada no outro lado do mundo não concordariam que o que chamamos acima seja assim porque para eles é abaixo.
Eles não estão sentados sob suas cabeças.
As idéias de abaixo e acima também significam estar acima de algo ou abaixo de algo, e essas idéias não podem ser aplicadas a realidade do cosmos.
Estes são apenas conceitos para nos ajudar a nos relacionar com nosso ambiente.
Elas são conceitos que nos dão um ponto de referência, mas elas não são reais.
A realidade é livre de todos os conceitos e idéias.

>>>Do livro “No death, no fear” – Thich Nhat Hanh