Autor Tópico: PALESTRAS  (Lida 7336 vezes)

Offline hermes

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PALESTRAS
« em: Dezembro 10, 2011, 15:18:29 pm »
Companheiros do Caminho
Envio abaixo mais uma palestra do Abrame sobre o Ego.

O EGO

De modo geral, o contacto do Homem com a vida terrena onde a luta pela subsistência, o esforço de relacionamento com os seus semelhantes, o construir de uma personalidade adequada à estrutura social em que a vida decorre e a que se tem de submeter, desgastante e corrosiva, leva-o por vezes a intenso stress que o leva a afundar-se num precipício cuja escuridão constrói aquilo a que a ciência médica denomina de "depressão".

Pela experiência vivida dessa situação sabemos bem o sofrimento diversificado que ela arrasta pela incapacidade a que se chega perante os obstáculos da vida e os desenganos que nos são propostos.

A impotência perante os assuntos por resolver que leva a que não sejam encarados de frente, o sucumbir ao isolamento por descrença das reais capacidades humanas, a fuga a que se propõe não querendo falar ou ver ninguém, o desejo firme de desistir da vida pela perca da auto-estima adquire como resolução o próprio aniquilamento – o suicídio.

E há também aqueles que desertam do confronto e, movidos pela fuga, aderem a todos os vícios que lhes podem proporcionar o esquecer, abandonando-se ao alcoolismo, às drogas pesadas que, por momentos, aliviam a pressão do abandono próprio arrastando-os para as misérias mais degradantes e que, ao fim e ao cabo, os lançam no mesmo precipício com a ilusória ideia da aniquilação onde tudo acaba.

A sua ignorância da razão de ser da vida não o leva a compreender porque existe e pensa que, fugindo dela, tudo se resolve.

É nesta altura que a personalidade sofre a sua grande humilhação perante a fragilidade e ineficácia dos valores terrenos que tomou por orientação da forma de estar no mundo e que apenas o levou à descrença total dos desígnios da vida que se manifesta em si mesmo.

Mais tarde, o Homem, através da experienciação da vida nos mundos da forma, adquire o conhecimento vivido e chega à constatação que esse sofrimento foi a alavanca que levou a sua alma à transformação pela consciencialização dos verdadeiros valores da existência.

A ilusão da supressão da vida pela ignorância da sua infinitude leva o Homem a refugiar-se no abandono da luta para obter o conhecimento de si mesmo e vencer a atracção das solicitações efémeras dos mundos materiais que são as academias da aprendizagem da nossa natureza espiritual, com o intuito de acabar de vez com a vida.

E tudo isto pela estrutura social que o próprio Homem construiu ao longo de milénios de competição pelos valores a que o desejo de posse e de poder o dirigiu.

É deste trajecto, de que se serve a Lei da Evolução, que apareceu o berço onde nasceu no Homem a resistência a que chamámos "Ego" para a depuração da alma da sua parte material, para que a sua consciencialização se efectue seguramente na experienciação vivida daquilo a que chamamos o Bem e o Mal. Porque o Ego não é mais que a manifestação dos desejos existentes na nossa alma na sua semi-materialidade constituindo assim a referência externa da nossa personalidade, que este expressa provindos da mente humana onde se armazenaram os valores do Mundo a que aderiu.

Com o avolumar da densidade de seres hominais, sentiu o Homem, naturalmente, a necessidade de estabelecer regras comportamentais entre si – familiares, de tribos, de povos, de hierarquias, de divisão territorial, etc. – o que originou o desejo de posse, de poder que, por sua vez, fez desabrochar um eu fictício mas actuante, cheio de personalidade, construído sobre sentimentos de orgulho, de vaidade, de domínio sobre tudo e todos, repleto de conceitos, preceitos e preconceitos.

Desse modo, foi-se o Homem afastando do seu eu real, perdendo mesmo a noção da sua natureza espiritual, deixando-se conduzir pelo seu Ego fisico, mental e emocional, cujos valores do mundo são a base da estrutura social que construiu com os resquícios dos sentimentos instintivos do animal.

E assim ficou o Homem possuidor de dois eus, o Eu superior, imanência da essência Divina, possuidor da consciência cósmica que actua no sentido da razão e o Eu criado pelo próprio homem, desenvolvido pelo seu Ego físico, mental e emocional, acolitado pelo intelecto, centrado no mundo e de tudo que o mundo lhe forneceu e que lhe deu prazer, comodidade e prestígio, dirigido ainda por instintos intelectualizados.

Era inevitável a luta interior do Homem entre estes dois "eus" que se degladiam com maior intensidade à medida que a evolução do Ser se eleva em consciência, visto o Ser ainda se movimentar no estágio evolutivo do homem/animal e estar sustentado com os valores sugeridos pela percepção dos sentidos – instinto e intelecto – que são os impulsionadores do Ego e os valores do seu oponente serem sugeridos pela essência Divina que habita no Homem e pela inteligência que o anima.

A compreensão dos verdadeiros valores são uma creação do nosso eu cósmico que, na maior parte da humanidade, se acha em estado dormente e que apenas se manifesta num homem iniciado que esporadicamente aparece englobado na humanidade para ajudá-la no seu crescimento espiritual em completa dádiva de fraternidade.

Por isso nos deixou dito Paulo de Tarso: «Mas o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, pois para ele são loucuras. Nem as pode compreender, porque é pelo Espírito que se devem ponderar» (1Cor 2,14). E assim é, porque as coisas do espírito só podem ser compreendidas espiritualmente.

Porque a creação está perfeitamente creada com um objectivo final devidamente estabelecido mas que os Seres em evolução não entendem e, por isso, duvidam e reclamam porque acham que a vida é uma loucura de sofrimento.

Isso informa Paulo de Tarso quando nos diz: «Porque a loucura de Deus é mais sábia do que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens.» (1Cor 1,25).

Como pode o Eu superior revelar a sua Sapiência e o seu Amor ao Ego quando este não tem as condições exigidas, pela sua ignorância hostil à sapiência e ao amor? Teremos que esperar até que o Ser, vivendo, adquira a possibilidade da transformação do Ego que, deixando de servir os valores dos mundos da forma, passe a servir os valores do Espírito Divino.

Quando isto acontecer o sofrimento e a chamada morte na vida terrena desaparecerão e serão abertas as portas para o Homem integral, pela visita do Espírito Divino à Alma Humana, porque não há caminho do Ego de baixo para cima mas só de cima para baixo, visto que não é o Homem que encontra Deus mas o Creador que se revela ao Homem em pleno merecimento humano.

Isto acontecerá quando o Ego se emancipar das ilusões periféricas e viajar para o seu centro verdadeiro, visto o Centro Real do Ego ser idêntico ao do Eu Superior, tal como a vida da semente é essencialmente a vida da planta. Um dia se dará a revelação da verdade e o Homem descobrirá a existência da unidade da semente – "Ego" – com a planta, "Eu" –, porque se complementam nessa universidade, roteiro do conhecimento, chamada Vida.

Deste modo acontece que o Ego germina e cresce, desenvolvendo-se em planta tal como a semente contém a planta já em estado potencial.

Daqui se deduz que nessa altura o Ego e o Eu já eram Um em potência e que só quando o Ego se transformou pela aprendizagem regida pela evolução e atingiu a consciencialização dessa verdade, se libertou da ilusória dualidade, que é apenas um meio e não um fim, porque o fim a atingir evolutivamente ensinou-nos Jesus quando nos declarou: «Eu e o Pai somos Um» «E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.» (Jo 10,30), (Jo 8,32).

Quando se utiliza a palavra morte é apenas para identificar um facto de ausência de uma existência – a que se chamou morte – mas a morte propriamente dita não existe e, assim, o Ego não morreu; transformou-se, porque ele é um atributo da nossa individualidade – a alma – que, ao chegar à perfeição, não deixou de ser o que é com todos os atributos do Espírito e a sua identidade central, "o Ego", agora centrado nos superiores valores do Espírito.

Na célebre conversa com Nicodemos, diz Jesus: «Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus» (Jo 3,3) e, pelos vistos, o bondoso doutor da lei judaica não compreendeu o verdadeiro sentido.

E também em Mateus 16,25 diz Jesus aos seus discípulos: «Porque aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á e quem perder a sua vida por amor de mim, achá-la-á.»

Estes dizeres são padrão cósmico. São a verdade em termos de exemplo esotérico.

Tal como para que a borboleta ascenda à liberdade da luz teve que morrer a lagarta que era; e também, para que a planta exista naturalmente, morreu a semente. Mas nada morre, apenas tudo se transforma.

Porque tudo está em tudo e tudo influencia tudo. E nada pode ser excluído da creação.

E daqui se depreende que o Ego, na sua manifestação por vontade do Ser, se vai modificando à medida que a alma vai tomando consciência dos valores superiores do Espírito e, por tal motivo, se vai aperfeiçoando não só pela intelectualidade mas também e sobretudo pelas acções e pensamentos.

Jesus aborda vários conceitos espirituais aconselhando o Homem, na sua trajectória evolutiva, a aprender a razão de ser da vida, pois que para se perceber como tudo acontece necessário será conhecer as leis evolutivas da creação, porque não há milagres e sim leis que fazem parte da própria creação.

 E podemos assim compreender o que representa o Homem não só perante Deus mas também no meio dos homens e no conjunto de tudo que foi creado.

O Homem chama milagre a tudo aquilo para que não encontra explicação científica, mas existem algumas leis intrínsecas na creação que é exigível conhecer para podermos perceber alguns dos paradoxos com que este mundo nos presenteia.

A Lei da Evolução
A Lei de Causa e Efeito
A Lei da Reencarnação
A Lei da Afinidade ou de Atracção
A lei da Acção
A Lei da Reacção
A Lei da Interacção

O conhecimento alargado destas leis apresenta-nos toda uma creação cheia de lógica e racionalidade, de uma perfeição absoluta ou não fosse ela creada pelo Ser Absoluto: Deus.
O caminho para Deus não é apenas um trajecto místico mas também um caminho científico pois, a não ser assim, perguntaríamos a razão porque o Creador deu a inteligência ao Homem, sendo essa a razão porque toda a creação é lógica e racional e a inteligência humana dedutiva e muito ajudada pela intuição, porque todos os dias acontece "Fazer-se Luz".

Nesse sentido encontramos a razão porque toda a creação se encontra em dualidade para que o Homem possa ter elementos de comparação e perceber, através das complementaridades, o que é negativo e o que é positivo

Na sua missão de esclarecimento ensina-nos Jesus, em várias passagens, a presença da acção do Ego nas manifestações do homem em sociedade: «Guardai-vos de fazer vossas boas obras diante dos homens, para serdes vistos por eles. Do contrário não tereis recompensa junto de vosso Pai, que está no céu.» (Mt 6,1).

Para se perceber bem esta máxima de Jesus é necessário conhecer – pela análise das nossas acções, pensamentos e emoções provindos do nosso interior –, para verificarmos se são produto dos valores superiores do Espírito ou dos valores inferiores que servem a nossa alma ainda em ignorância, o Ego. Com isso se aprende a pro-agir, ou seja, a nunca deixar que o Ego actue instintivamente mas sim através da razão.

Por isso nos diz Jesus: «Vigiai e orai, para que não entreis em tentação: na verdade, o espírito está pronto, mas a carne é fraca.» (Mt 26,41).

De uma maneira geral o Homem em evolução ainda se rege objectivamente pelo mediático, porque ainda não possui a noção clara de si mesmo e naturalmente deseja ver-se reflectido no espelho de tudo aquilo que a sociedade estabeleceu como parecer bem.
A sua consciência apenas se manifesta no espaço físico-mental e, por via disso, necessita proclamar-se no âmbito considerado de boas obras para a satisfação de ver-se louvado e admirado como pagamento de ter praticado o que se considera ser prática de bem-fazer.

É a manifestação mercenária do Ego em plena acção da vaidade e do orgulho humano.

Quando se propaga aos quatro ventos qualquer obra meritória que façamos ou sombra de virtude que possuamos, elas perdem força e poder, esterilizam-se e banalizam-se.

O Ego, fiel aos valores do mundo, quando se não vê reflectido em qualquer acto que praticou, transmite ao seu possuidor, através da mente, a revolta decepcionante porque tem a imperiosa necessidade de ser enaltecido pelos outros.

Portanto ele necessita do mundo externo através da opinião pública, tornando-se escravo desse mundo porque está longe de possuir a autonomia e a segurança de si mesmo.

Ele depende dessas escoras e apoios externos para saber verdadeiramente a dimensão dos seus procedimentos, o que acciona automaticamente o seu Ego fisico-mental-emocional em termos de orgulho, vaidade, superioridade e também despeito e inveja quando não é reconhecido o valor que julgava merecer.
Ele ilude-se por insuficiência da real consciência de si mesmo. Ele é todo exteriorização e, movido pelo intelecto, faz da ética grande alarde. O homem que se movimenta pelos valores do Espírito Divino, de consciência plena de si mesmo é, na sua interioridade, sobejamente rico, completo, sadio, não tendo necessidade de ser recompensado através do Ego, porque os seus olhos estão abertos para a realidade espiritual não confundindo o real com o irreal. Tem a exacta consciência de si mesmo.

Noutra altura diz-nos Jesus: «Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo, e aborrecerás o teu inimigo. Eu porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem. Para que sejais filhos de vosso Pai que está nos céus; porque faz que o seu Sol se levante sobre maus e bons e a chuva desça sobre justos e injustos. Pois se amardes os que vos amam, que galardão havereis? Não fazem os publicanos também o mesmo? E, se saudardes unicamente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os publicanos também assim? Sede vós pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus.» (Mt 5,43-48).

À primeira vista esta assertiva de Jesus não tem um cariz ético tal como o compreende o Ego humano mas encontra-se inserido em bases metafísicas, pois teve em conta a harmonia da solidariedade cósmica proveniente da sabedoria da compreensão.

Para quem sabe, ter alguém um inimigo e ao mesmo tempo o visado tornar-se seu inimigo, coloca-os aos dois no plano cósmico negativo.
Se, pelo contrário, o visado não se assumir inimigo do ofensor, naturalmente fica no espaço cósmico positivo da luz e o ofensor, declarado inimigo, ocupará o espaço cósmico negativo das trevas.

Porque é sabido que a luz actua sempre construtivamente e as trevas destrutivamente. Deste procedimento, a luz no espaço cósmico positivo eliminará as trevas do espaço cósmico negativo e a harmonização será o seu resultado no momento certo.

Por isso está escrito que «A luz brilhou nas trevas, mas as trevas não a prenderam.» (Jo 1,5) Porquê? Porque as trevas se extinguem em presença da luz.

Por tudo aquilo que Jesus disse e fez neste mundo interiormente compreendido através da ciência do Espírito, Ele foi a Luz que irradiou por todo o nosso planeta que era e ainda é trevas, as quais não conseguiram vencê-lo de
forma alguma.

Em Jesus o seu Ego não teve qualquer poder negativo, porque já estava ao serviço dos altos valores do Espírito, embora ainda o tentasse porque estava na matéria, mas Jesus era Luz e a Luz venceu as Trevas.

Porque nos deixou dito: «Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida» (Jo 8,12) e também: «Tenho-vos dito isso, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, Eu venci o mundo.» (Jo 16,33).

É pois um convite que Jesus faz a todos os seus irmãos em humanidade, ou seja: segui a doutrina que vos trouxe e vivereis na luz, tende força e determinação e vencereis o mundo.

Para o ignorante do funcionamento da creação é difícil aceitar o que Jesus estabelece acima, porque alguém, ao ser ofendido, returque de pronto a ofensa porque se acha injustiçado.

Desconhece que a Justiça Divina é infalível e que se recebeu uma ofensa foi porque tinha necessidade de viver essa idêntica ofensa para aprender consciencializando, vivendo o que custa ser ofendido e não voltar a ofender.

Só os Seres em condições positivas, os Filhos da Luz, podem ajudar os envolvidos negativamente e ainda presos às trevas, pois já têm a consciência de que não fazem nada que mereça prémio porque já foram ajudados por outros Filhos da Luz e porque apenas estão cumprindo com o seu dever de fraternidade cósmica.

Porque assim nos disse Jesus: «E qual de vós terá um servo a lavrar ou a apascentar gado, a quem, voltando ele do campo, diga: Chega e assenta-te à mesa? E não lhe diga antes: Prepara-me a ceia, e cinge-te, e serve-me, até que tenha comido e bebido, e depois comerás e beberás tu? Porventura, dá graças ao tal servo, porque fez o que foi mandado? Assim também vós, quando fizerdes tudo o que vos for mandado, dizei: Somos servos inúteis, porque fizemos somente o que deveríamos fazer.» (Lc 17,7-10).
O Ego, prisioneiro dos valores estabelecidos pela sociedade, nada faz sem cobrar neste mundo e, mesmo cobrando, nunca deixa de sentir que fez um favor. 

Não tenhamos ilusões! O verdadeiro amor positivo vibra em altas frequências vibratórias o que lhe permite, pela Lei da Afinidade, ser envolvido no infinito amor universal.

Todo aquele que consegue abrir honestamente a sua alma a essa vibração altamente envolvente, recebe naturalmente a resposta de muitas almas sedentas de paz e de luz, que o ajudará na sua ascensão.

Pelo contrário, quando as nossas vibrações são negativas atraem, pela Lei da Afinidade, todas aquelas almas que vibram nessas frequências vibratórias cheias de sofrimentos correlativos ao estado negativo dos seus egos, o que nos leva a estados depressivos e infelizes.

Tudo no Universo vibra e nós fazemos parte desse Universo que é a creação, e o estado vibratório em que nos posicionamos evolutivamente é que determina a envolvência cósmica que nos assistirá.

Jesus veio ao mundo trazendo uma doutrina esclarecedora de qual o caminho de retorno a casa e, de uma maneira geral, na sua maior parte, os homens aderem e compreendem que é um caminho de amor e até falam de forma religiosa e convincente mas, mal se ligam aos afazeres deste mundo, tudo esquecem.

Estamos em presença daquele velho ditado: "Faz o que eu digo, mas não faças o que eu faço" ou ainda aquele mais objectivo que diz: "Não é pelo hábito que se conhece o monge".

O que garante a transformação necessária não é ouvir ou dizer. O que impulsiona o nosso crescimento é o fazer na convicção intensa e inabalável de chegar à verdade de Deus.

Muitos gostam de ouvir e sentem-se empolgados pelas palavras dos grandes mestres da Humanidade, mas ignoram a entrega, o estudo e os sacrifícios porque estes passaram para chegar àquela sabedoria.

Boas intenções apenas, embora necessárias, não chegam; são como areia movediça sobre a qual ninguém pode construir casa sólida e garantida.

Ouvir, ler, crer, decisões fugazes, tudo isso é ainda preliminar, área de ante-câmara, que pode levar o Homem a recuar, a desistir. Se não passar pela experiência vivida no mais íntimo da sua alma, mesmo que seja do tamanho de uma semente de mostarda, não terá a certeza da verdade Divina.

Isso sabia Jesus e quis que a posteridade o soubesse: «Nem todo aquele que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.» (Mt 7,21).

Por isso nos é narrado em João 12,37: «E, ainda que tivesse feito tantos sinais diante deles, não criam nele.»

Jesus conhecia perfeitamente todo o trajecto da ascensão da alma humana e, por conseguinte, não desconhecia a dificuldade que o Ser encontra para transformar a estrutura que forma a personalidade egocêntrica e por isso diz: «Hipócritas, bem profetizou Isaías a vosso respeito, dizendo: Este povo honra-me com os seus lábios, mas o seu coração está longe de mim. Mas em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.» (Mt 15,7- 9).

Só a prática real e constante no dia-a-dia das nossas vidas cheias de renúncia e tenacidade garantem a experiência profunda da nossa alma que, a pouco e pouco, um dia, tal como um botão de rosa, abre as suas pétalas ao calor do Amor Divino.

Aconselhadamente assim nos deixou dito Jesus: «Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha.» (Mt 7,24).

Visto tudo estar perfeito na creação e tudo ter a sua razão de ser, o Ego Humano continua, tal como no passado, a ser a necessária resistência ao esforço da ascensão da nossa alma e, por isso, Jesus lhe chamou o Príncipe deste Mundo. No entanto, é bom que percebamos isto e, como Seres inteligentes e de livre arbítrio, saibamos como proceder para podermos realizar o desígnio Divino das nossas almas.

08-03-1983   Abrame

Com um abraço do vosso amigo Hermes

Offline hermes

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Re: PALESTRAS
« Responder #1 em: Dezembro 28, 2011, 16:36:34 pm »
Companheiros amigos
A seguir vos envio uma palestra Intitulada "A Intimidade com Deus" do nosso companheiro Abrame.   
                                                                                                                                                                                                                            A INTIMIDADE CONSCIENTE COM DEUS

O momento mais sublime que o Ser pode viver no seu crescimento espiritual é, sem dúvida alguma, aquele momento em que atinge a superior culminância da evolução hominal e se encontra com Deus na intimidade silenciosa da realidade sagrada do Divino.   

Quando o Homem inicia a sua demanda para saber quem é, de onde veio, porque existe e para onde vai, já tem, em sua consciência, factores profundos sobre Deus e as Leis Divinas que regem todo o processo da evolução.

Porque, antes, está como que hipnotizado pelas solicitações do mundo e tem muito a construir efemeramente para se sentir seguro devido às estruturas sociais dos mundos da forma em que se encontra e está abismado pelo que tem de obter de prestigio, poder e riqueza, julgando que desse modo se sentirá feliz e completamente realizado.

Voltando ao princípio da sua vivência nos mundos da forma, o Homem, através dos pensamentos que se formam pela observação do mundo que o rodeia, vai criando uma estrutura mental que não é mais do que a aglomeração dos pensamentos produzidos.

Em face dessa estrutura mental, ele vai criando as leis que acha necessárias para se poder viver de acordo com a forma de vida e o que aquelas circunstâncias observadas lhe exigem.

Esse processo criativo dá lugar ao aparecimento do ego, a personalidade humana, que se enraíza e que passa a ditar as leis provenientes do desejo que, por sua vez, gera todo aquele rosário de sentimentos negativos como o orgulho, a vaidade, a ganância, a inveja, o mal querer, etc., etc., etc. ...

E deste modo, o Homem afastou-se do ambiente paradisíaco em que começou e, a pouco e pouco, entrou no afã do muito que foi criando e que se transformou num mundo de sofrimento, de dor e de tragédias sem conta, que deu lugar a todas as inimagináveis iniquidades que acima apontámos.

Ele tinha sido expulso da inconsciência e entrado na consciência, e não se perturbe o nosso coração e a nossa análise através da inteligência que Deus nos deu, porque assim era necessário para que a dualidade aparecesse e o Ser tivesse meios de comparação para o prosseguimento consciente da evolução, o que o levou a confundir a sua realidade com o corpo e com todas as outras coisas que criou e que possuía, como os pensamentos, a mente, o intelecto, que mais não são que elementos ilusórios de que se serve a inteligência que é parte integrante da única realidade que somos na absorção vivida da consciência.   

Ele desconhece que nasce neste mundo em sucessivas e ilusórias vidas finitas e que morre para o mundo para poder vir a viver eternamente a verdadeira vida.

Criou uma personalidade falsa que o obriga a viver de acordo com o mundo transitório que lhe impõe as regras e que o leva a exercer a sua actividade de relacionamento de aproveitamento próprio: a sua aprendizagem nos mundos da matéria densa.
 
Assim, aquele que se libertou dessa prisão mental e emocional e segue à procura do seu Ser real, já transformou o seu ego ao serviço dos valores do Mundo e colocou-o ao serviço dos valores do espírito.

Ele já obteve o conhecimento, pelo estudo e pela comprovação, que os mundos materiais chegaram por um processo involutivo à periferia congelada tendo começado pelo aparecimento da Luz que desceu até à condição de energia e esta, por sua vez, à de matéria composta dentro de estados diversificados e, a partir daí, ascendendo em processo evolutivo desde o plano mineral até ao hominal.

Também já percebeu que todos esses estados materiais são o suporte de continuidade e meio para que a creação funcione de forma a possibilitar que a real essência se possa desenvolver em crescimento espiritual de perfeição e sabedoria pela sua vivência prática de tudo que foi creado.

Ele já intuiu que o seu Ser, a sua alma simples e ignorante, semi-material, semi-espiritual, envolveu sempre esse processo, desde o "Faça-se a luz", em um sistema monadário que deu lugar ao aparecimento da creação em evolução.

Tudo quanto foi creado se encontrava em potência, pronto a ser despoletado em movimento e Deus, verificando passo a passo a sua obra, declarou: «E viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom. E foi a tarde e a manhã do dia sexto». (Gn 1,31). «Assim foram acabados os céus, a Terra e todo o seu exército. Tendo Deus terminado no sétimo dia a obra que tinha feito, descansou do seu trabalho». (Gn 2,1-2).

Descansou, porque a própria obra da creação tem, inserida em si, todas as condições para se resolver por si mesma e porque Deus é imanente e transcendente pelo que transcende a tudo o que foi creado. 

 No seu trajecto evolutivo tem o Homem o seu destino determinado rumo à perfeição e sabedoria onde, por isso mesmo, faz parte do processo ascensional que o levará, um dia, à comunhão com o Creador.

Comunhão essa que é o evento Consolador supremo em que a alma humana ouve e vive no silêncio do seu Ser a voz insonora que, a pouco e pouco, o vai cientificando da verdade, porque é transmitida pela verdade absoluta, sem palavras mas pelo próprio silêncio que promove a intuição e que só pode ser efectuada pelo próprio Creador por absoluto, que levará o homem à completa desmaterialização da sua alma atingindo assim os poderes e a manifestação pura do espírito.

Nessa culminância, identifica-se com o Espírito de Deus de onde proveio e ao qual retorna, pois Jesus nos informou que Deus é Espírito e, nessa altura, a alma que era encontrou no espírito puro a sua filiação com Deus, tomando a consciência da sua participação no todo que produziu de si mesmo tudo quanto foi creado.

Existe uma parábola de Jesus que simboliza o que entendiam Jesus e os apóstolos pela designação que os tradutores chamaram Fé. É a "Parábola da Semente" que descreve a seguinte história à boa maneira de Jesus ensinar: «E dizia: O Reino de Deus é assim como se um homem lançasse semente à terra, e dormisse, e se levantasse de noite ou de dia, e a semente brotasse e crescesse, não sabendo ele como. Porque a terra por si mesmo frutifica, primeiro a erva, depois a espiga, e por último o grão cheio na espiga. E, quando já o fruto se mostra, mete-lhe logo a foice, porque está chegada a ceifa». (Mc 4,26-29).

Texto belo e profundamente esclarecedor do processo evolutivo dos Seres, trajecto desde o plano mineral ao hominal, tendo em atenção que outros planos superiores existem. Padrão cósmico.

E nessa hora seguinte, o espírito humano é expulso dos mundos da forma material densa e ingressa na dimensão angélica, tal como foi expulso do paraíso quando passou da inconsciência para a consciência.
     
É a partir deste pressuposto que o Homem, já consciente, procura a sua identidade perdida onde sabe que encontrará o "Tesouro Escondido", pois Jesus havia feito uma comparação em que existia um tesouro a descobrir que faria o homem perfeito, feliz e sábio.

 E, sem demora, ele inicia a sua aventura cósmica gravando, na sua alma determinada a descobri-lo, as palavras que narram aquela revelação: «Também o Reino dos céus é semelhante a um tesouro escondido num campo que o homem achou e escondeu; e, pelo gozo dele, vai, vende tudo quanto tem, e compra aquele campo». (Mt 13,44).

Quem possui esta descoberta encontrou a fonte de água viva de que falou Jesus à Samaritana (Jo 4,10-18) e, dela bebendo, jamais terá sede porque de uma só vez saciou em pleno a sede que através de milénios a sua alma sofreu, causticada e dominada por um ego avassalador de posse e de domínio, criado pelos valores do mundo que o próprio Homem produziu e que o levou muitas vezes ao desespero e àquilo a que chamou de infortúnio.

Mas, mais adiante, ainda Jesus nos diz: «Outrossim o reino dos céus é semelhante ao homem, negociante, que busca boas pérolas: E, encontrando uma pérola de grande valor, vendeu tudo quanto tinha, e a comprou». (Mt 13,45-46).

E, deste modo, nos diz Jesus que temos dentro de nós um tesouro imenso e que deveremos encontrá-lo mas, para o encontrar, teremos que nos despojar de tudo que é efémero para termos possibilidade de adquirir aquele campo onde ele se encontra. Que mais nos apetece dizer “Trazê-lo de volta com a pureza e a Glória que tinha no princípio”.

E uma vez saneada a nossa alma de todas as suas impurezas materiais, mentais e emocionais que geraram negatividades sem conta, ficamos prontos para receber o tesouro que se revela como Consolação da nossa alma sofrida visto ter nascido, de novo, em pureza simples mas sábia.

Porque no acto da creação a alma humana, embora semi-material, semi-espiritual, encontrava-se pura na sua essência, simples e ignorante, visto ter imanado nessa altura do próprio Espírito Divino.

E o mesmo se passa com a pérola que o negociante encontrou e que era uma jóia incomparável, de incalculável valor e beleza, de tal forma que teve que vender tudo para a poder adquirir.   

Nada existe de mais valioso do que o encontro da alma humana com o Espírito Divino, que requer do Homem abnegação e determinação, numa acção constante de busca e de transformação (parábola das Virgens).

Quando o Homem vive a comunhão com Deus, os assuntos e as coisas deste mundo deixam de ter qualquer atracção ou desejo para si, pois que a envolvência do amor Divino e a segurança protectora do Creador ultrapassam tudo quanto até ali tinha experienciado e o desejo, que até aquele momento estava absorvido pelo mundo, passou a estar absorvido pela inefável presença de Deus.

O Homem tem dificuldade em se desfazer das coisas do mundo e por isso lhe é difícil enveredar pelo caminho que Jesus nos veio ensinar porque esse caminho contém o desapego das coisas do mundo e é, por via disso, um caminho de renúncia.

A comprová-lo encontramos, na vida de Jesus, um jovem rico que se dirige ao Mestre perguntando-lhe o que era preciso para entrar no Reino dos Céus, ao que Jesus responde «Vai, vende tudo quanto tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, segue-me. Mas ele, pesaroso desta palavra, retirou-se triste; porque possuía muitas propriedades». (Mc 10,21-22).

E logo a seguir, em Marcos 10,23-24, intervém Jesus: «Então Jesus, olhando em redor, disse aos seus discípulos: Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas! E os discípulos se admiraram destas suas palavras; mas Jesus tornando a falar, disse-lhes: Filhos. Quão difícil é, para os que confiam nas riquezas entrar no reino de Deus!»

Jesus é, na verdade, "O Caminho, A Verdade e A Vida" e por isso ninguém vai ao Pai senão por Ele «E disse-lhes Jesus: Eu sou o Caminho e a Verdade e a Vida. Ninguém vem ao Pai, senão por mim». (Jo 14,6).

Pensamos que Jesus, sendo um homem cuja alma ascendeu a uma evolução muitíssimo elevada, veio a este mundo no cumprimento de uma missão de elucidação, à nossa humanidade, do caminho que conduz ao Creador.

 O Messias, o Enviado, o Escolhido, o Ungido, o Cristo, são – em nosso entender – apenas sinónimos para designar alguém que trouxe consigo uma doutrina que não é sua e da qual se tornou Mensageiro.

O Próprio Jesus declara: «A minha doutrina não é minha, mas daquele que me enviou». (Jo 7,16).

 Jesus, digno de todo o nosso amor fraterno em presença do seu sacrifício porque, se todos os homens adoptassem os seus ensinamentos, o nosso mundo seria um mundo de amor, de compreensão, de paz e harmonia sob a égide do «Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças como primeiro Mandamento. O segundo é este: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro maior do que estes». (Mc 12,30-31). 

Deste modo, entendemos que Jesus se tornou a figura símbolo de uma doutrina Divina – Lei do Supremo Senhor de tudo quanto foi creado – que teremos de seguir se quisermos, na verdade, chegar à casa do Pai de todos nós, tal como Jesus nos esclarece quando nos lega como ensinamento a parábola do "Filho Pródigo".

Mas, em Jesus, não encontramos só estes indicativos de veredas para chegar a Deus. Ele, na verdade, demonstra-nos magistralmente o que é necessário alterar em nós para o conseguir pois temos ouvidos para ouvir e olhos para ver, mas não ouvimos nem vemos.
 
E ainda podemos acrescentar que Deus nos deu a inteligência para discernir e compreender e o livre arbítrio para decidir, mas nós não conseguimos discernir nem compreender e estamos longe de querer decidir porque vivemos em dúvidas e prisioneiros daquilo que não somos por ignorância daquilo que somos.

O Creador, ao longo dos milénios, tem enviado ao Mundo muitos mensageiros que de uma forma ou de outra trazem consigo mensagens que, bem apreciadas e compreendidas, se repetem vezes sem conta informando-nos dos caminhos espirituais a percorrer.

Estudando-as, chegamos à conclusão de que estamos todos dizendo o mesmo, com palavras e compreensões diferentes, porque tudo tende para a unidade e nós vivemos em divisionismo, exacerbando diferenças que promovem o egoísmo, o orgulho e a prepotência que se traduzem em religiões de contradições e guerras onde os homens se matam uns aos outros.     

Neste aspecto, em outras concepções espirituais de outras latitudes nomeadamente as orientais, os dotados já de condições para crescerem espiritualmente sabem discernir aquilo que na realidade são daquilo que não são, porque isso é conhecimento básico das suas concepções espirituais.

E, portanto, descobriram que pondo de parte aquilo que não são, acabam, através da prática da meditação, por chegar àquilo que são. E quando conseguem chegar àquilo que são, estão iluminados pelo conhecimento e é-lhes desnudada a verdade.

Não são todos os que o conseguem nesta reencarnação e em muitas outras mas, tal como cá, alguns atingem essa culminância porque somos todos filhos de Deus, e as Leis Divinas são para todos, sejam eles Yeshua, S. Agostinho, Buddha, Krishna, Francisco de Assis, Rama, Tomás de Aquino, Sri Ramana Maharshi, Teresa D' Ávila, Albert Schweitzer, João da Cruz ou outros, conhecidos e desconhecidos.

Pela prática da meditação eles interiorizam-se e transformam-se em espectadores completamente neutros de comentários. É um estado que os leva, nessa alteração de consciência relativa, para a realidade, esvaziando tudo que as suas mentes lhes sugerem através de pensamentos e imagens praticando a possibilidade de se encontrarem com o Ser Supremo, ou seja, a única Realidade.

Eles sabem que, situada no chakra (ou centro de força) Base, se aloja uma energia representada simbolicamente por uma serpente a que chamaram de Kundalini que se vai desenroscando e subindo através da coluna vertebral, chakra a chakra, conforme a gradual evolução do Ser.

E é nessa prática diária de meditação e devoção que a Verdade Suprema os vai instruindo através da intuição silenciosa, até atingirem a culminância da Consciência Absoluta com o Supremo Ser.

Simultaneamente, a energia kundalínica atinge o chakra coronário e dá a curva pela glândula pineal formando um 8 e acontece assim a iluminação ou a realização do Homem integral, ou seja, o encontro com o Ser Supremo.

A alma humana purificou-se e encontrou, na sua transformação, as condições de espírito puro que lhe permitiram a união absoluta com o Creador.

 Sri Maha Krishna Swami dá-nos, em verso, o seu Sentir:

      Agora que a luz cai,
      Vamos brincar
      De estrelas azuis,
      Desmanchando o passado
      Que não foi.
      O sonho que não sonhamos
      
      É por isso que gosto      
      De não poder mais nada
      Contra o tempo
      Que não existe,
        De saber unicamente
      Esta aventura
      Que é o reencontro.
      Porque há sempre
      Um sentir de ausência
      Em cada mão que acena
      Partindo ou chegando.

      Ausento-me do corpo,
      Da mente e dos sentidos.
      Amo o que nunca vejo,
      Só o que sinto...
               Sri Maha Krishna Swami

No Ocidente é Jesus a nossa referência como emissário do Creador da doutrina chamada cristã por ter sido trazida pelo Messias, há muito profetizado, conforme está descrito em Daniel 9,25-27.

Em certo momento, o Homem que procura Deus dentro de si começa a sentir gradualmente a plenitude da paz interior, harmonia e conforto, que o dispõem bem e apercebe-se da grande tranquilidade que se forma graças a um envolvimento amoroso, que o transporta como que para uma outra dimensão.

É o começo de uma vivência interior de inefável prazer da sua realidade como se não tivesse qualquer peso mas pairasse para além de qualquer situação conhecida e, naturalmente, ele inicia um contacto com algo de natureza imponderável que lhe permite, com a continuação, vivenciar a pouco e pouco, de espírito a espírito, consciência a consciência, que actua como ajudador, ensinando, testemunhando, evidenciando, guiando, falando e ouvindo através do próprio silêncio.

A este respeito falou Jesus do Consolador, o Espírito Santo, o Espírito de Verdade, que mais não pode ser que não seja Deus, porque a verdade só pode existir em realidade, em absoluto.

Em Mateus 10,19-20 esclarece Jesus os seus discípulos quando lhes diz: «Mas, quando vos entregarem, não vos dê cuidado como o que haveis de falar, porque naquela mesma hora vos será ministrado o que haveis de dizer. Porque não sois vós quem falará, mas o Espírito de vosso Pai é que fala em vós».

Pensamos que pode haver outros consoladores e houve, através dos tempos, quem trouxesse paz e esperança aos homens, mas tudo foi dentro de um critério relativo e esotérico porque ainda não tinha chegado a hora da ceifa e as interpretações eram contingentes, com as imperfeições naturais de quem ainda não atingiu a Verdade Absoluta, e isso só acontecerá quando encontrarmos a verdade absoluta e ela nos libertar da nossa ignorância.

E no momento que O encontrarmos diremos: "Na verdade, quando conseguimos conhecermo-nos, logo te conhecemos Senhor".

E, resumindo, eis uma pequena e simples história da vida de um homem à boa maneira simbólica e esotérica de expor aquilo que se quer transmitir, mas de forma velada.

Era uma vez um homem que nasceu num povoado de pessoas muito simples e pobres, junto ao qual existia uma montanha muito alta, tão alta que se não via o seu cume.

Desde pequenino ouvia contar à lareira uma lenda que dizia: Quando alguém conseguisse chegar, a pé, ao cume daquela montanha, todo nu, e tivesse bastante coragem, força de vontade e conseguisse não duvidar da veracidade do conto, encontraria a maior riqueza que não se pode sequer imaginar e, com ela, uma felicidade sem limites.

Como dolorosa era a sua vida recheada de trabalho e cansaço, perguntava-se: Será que a lenda é verdadeira ou não? Serei eu capaz de subir tão alto? A dúvida era imensa.

E um dia, já entrado nos anos, pensou: Sinto-me atraído para saber a verdade, já não tenho o vigor que tinha mas devagar, passo a passo, gradualmente, vou tentar, antes que morra, tentar saber e dizer aos meus pobres conterrâneos se a sua lenda, que atravessara tantas vidas, seria verdadeira ou apenas mais uma história.

E assim aconteceu. Preparou-se para a escalada e pôs-se a caminho. E, subindo a montanha, ia-se despojando da roupa que levava. Primeiro tirou o chapéu, depois o cachecol e ia andando e, mais além, a camisa, a meio, as calças, mais ao longe, as roupas interiores. Olhou para cima e viu que ainda lhe faltava bastante mas não esmoreceu e continuou.

E, quase perto do cimo, parou e deitou fora as botas completamente destroçadas pela caminhada e, descalço, alcançou o cume da montanha.

Estava deserto. Apenas se encontrava uma grande pedra no meio daquele pequeno terraço e, completamente exausto, sentou-se nela e ainda lhe surgiu a dúvida; mas ele tinha acalentado tantos anos a veracidade daquela lenda que, de súbito, disse para si mesmo: "retire-se de mim a ilusória dúvida para que não tenha este esforço final sido em vão".

De imediato a montanha se iluminou e o envolvimento amoroso que sentiu foi algo impossível de descrever e olhando lá do alto a extensão do mundo, tomou conhecimento de tudo e no meio de grande alegria e felicidade uma enorme compaixão envolveu todo o seu ser translúcido que, abarcando dimensões infinitas, varreu de si todas as dúvidas e o fez sentir-se uno com o infinito.

Logo se sentiu desejoso de comunicar aos seus conterrâneos que a lenda era verdadeira mas logo sentiu dentro de si um grande silêncio e, de seguida, no meio daquele silêncio, foi tomando consciência do aviso que ia compreendendo.

Não podes! Porque aquilo que agora sabes, a humanidade não tem palavras que o possam descrever e, por isso, não compreenderiam o que dissesses e achariam que tinhas enlouquecido e, como sempre, não acreditariam em ti.

Tenhamos Esperança porque, bem direccionada, nos leva à Fé que, por sua vez, nos transportará para a unidade com Deus.

10-06-2010   Abrame

Com um abraço do vosso amigo Hermes
« Última modificação: Dezembro 28, 2011, 16:42:40 pm por hermes »

Offline hermes

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Re: PALESTRAS
« Responder #2 em: Dezembro 19, 2012, 16:50:37 pm »
Companheiros do Caminho
Por Abrame já ter tornado publico decidi enviar-vos a palestra abaixo descrita para vossa apreciação.

A MÉDIUNIDADE
E O
DESENVOLVIMENTO  OPERACIONAL

Quando se abordam assuntos relacionados com o psiquismo e a espiritualidade indispensavelmente inerente, é inevitável sermos  levados à Doutrina  Espírita. Esta Doutrina ganhou credibilidade através dos livros da codificação elaborados pelo  professor Hippolyte Léon Denizard Rivail, mais conhecido pelo pseudónimo de Allan Kardec, com a ajuda de entidades astrais que lhe transmitiram ensinamentos através de médiuns absolutamente controlados e comprovados, dentro de processos científicos.

Numa altura em que na europa se faziam práticas psíquicas  invocando espíritos, interrogando-os para obterem conselhos de assuntos de natureza egoística mundana, e até como divertimento na alta-roda da  sociedade, foi Kardec solicitado por amigos para se dedicar a investigar em profundidade a veracidade da comunicação de entidades espirituais com a dimensão terrena.

Este assunto não era novo, ele existe desde a noite dos tempos. Desse estudo aprofundado apareceu em 1857 o primeiro livro da Codificação Espírita intitulado "O Livro dos Espíritos", assim chamado porque tinha sido ditado pelos espíritos e o qual reproduzia todo um trabalho exaustivo de pesquisa subordinado a uma análise Cientifica, Moral e Filosófica.   

A seguir, e cronologicamente, apareceram os outros quatro livros: Livro dos Médiuns em 1861, O Evangelho Segundo o Espiritismo em 1864, O Céu e o Inferno em 1865 e A Génese em 1868,  que completam a Codificação Espírita. Mais tarde, depois da passagem de Allan Kardec que teve lugar em Paris em 31-03-1869, foi publicado um livro designado de Obras Póstumas, em 1890, que contém escritos que não chegaram a ser publicados em vida do Codificador.

Deste modo, a prática da comunicação dos espíritos foi retirada do empirismo e praticada rigorosamente pelos estudiosos que aderiram à lógica e racionalidade doutrinal daquilo a que se deu o nome de "Doutrina Espírita". 
   
Por aquilo que nos foi dado conhecer, pensamos que só em Casa Espírita a mediunidade se poderá manifestar seguramente em sua abrangência, porque Allan Kardec legou à Humanidade uma doutrina explícita que cientificou os espíritas, porque são eles que a estudam e a praticam e, por isso, estão preparados para exercer o acompanhamento a necessitados de ajuda e a cada um que deles se acerquem com o intuito de recolher compreensão de como a vida se desenrola, bem como a evolução se processa em função da  continuidade da vida após a sua passagem para os planos astrais.

 Também aqui a Doutrina Espírita retirou do obscurantismo todas as crenças e superstições que existiam e que infelizmente ainda existem.

Vamos falar do chamado desenvolvimento mediúnico, sob os nossos pontos de vista, de forma sectorial, apontando e definindo os motivos básicos que nos levarão, como pensamos, ao correto exercício da prática da mediunidade em conjunto com todos os complementos que lhe são inerentes.

Mediunidade
Pensamos que a mediunidade é uma faculdade abrangente e que a sua abrangência depende das capacidades do médium em termos de Educação moral, de conhecimentos psíquicos e espirituais, do estudo aprofundado da Doutrina Espírita e não só, e do domínio pleno do seu Ego físico, mental e emocional.

Designa-se por mediunidade a faculdade que, através do psiquismo, permite se manifestem almas desencarnadas, possibilitando a comunicação com a dimensão terrena e vice-versa.

Essa comunicação manifesta-se através dos diversos aspetos mais conhecidos:

   Visão
   Audição
   Perceção
   Incorporação
   Psicografia
   Efeitos físicos - Deslocação de objetos, sua destruição e/ou                               sonorização.
   Premonição
   Intuição
   Cura (através de passes magnéticos e espirituais)

Psiquismo
Para um bom funcionamento da mediunidade, é importante conhecer que ela está intimamente ligada ao psiquismo e este envolvido pelos conceitos da personalidade existente no médium, que é constituída pelo físico, o emocional e o mental.

Se o médium não tiver o domínio da sua mediunidade pode-se transportar para ações dualísticas de comportamentos aceites pelo Mundo, não só na área do positivo mas também do negativo.

Deste modo importa que o médium esteja altamente consciente de que é, acima de qualquer outra coisa, um Ser Espiritual e que todo o seu desígnio tenha como base uma forte consistência de espiritualidade que lhe permita um caminho absolutamente verdadeiro, correto e honesto e, por via disso, o seu crescimento espiritual.

Há quem tome mediunidade e psiquismo por sinónimos. Nós pensamos que são dois atributos que funcionam em simultâneo e  intimamente, e é dessa intimidade que surge a interferência anímica.

Normalmente sempre que um médium se propõe desenvolver em si a mediunidade, as suas comunicações trazem sempre algo de anímico, pertença da sua personalidade. Diremos mesmo que, se o médium não evoluir em conhecimento e preparação mediúnica, as comunicações serão interligadas e trarão sempre algo de si. 

Para este assunto deve o médium estar bem preparado pelo estudo teórico e prático que a Doutrina Espírita fornece, porque é este o suporte para os médiuns não resvalarem para atuações mediúnicas impróprias, pois a mediunidade não se pode mercantilizar nem fraudar porque é assunto muito sério.

Espiritualidade
Pensamos que quando se fala em espiritualidade, estamos a focalizar-nos no caminho direto que conduzirá a nossa alma à consciência da Unidade da Vida, à união com Deus, ao centramento do nosso Eu Real com o centramento da consciência absoluta, porque esse centro é o mesmo, "É o Reino do Ser Superior, ou seja,  "O Reino dos céus" de que nos falou Jesus.

Paulo de Tarso na Primeira Epístola aos Coríntios em 12,1-31 e 13,1-13,       fala-nos dos dons que mais não são do que a diversidade dos tipos de mediunidade, coadjuvados pela espiritualidade - de que, em nossa opinião, todo o médium deverá tomar consciência - dizendo-nos no versículo 31 do capitulo 12: "Portanto, procurai com zelo os melhores dons; e eu vos mostrarei um caminho ainda mais excelente".     

Perante esta tese, que apoiamos totalmente, é importante que a prática mediúnica seja praticada com forte base de espiritualidade, visto o psiquismo estar sujeito às convicções mentais pois é um repositório de estados físicos, mentais e emocionais, quer positivos quer negativos, porque a evolução dos Seres desenrola-se em dualidade para que possa haver meios de comparação.

 Por esta prática de dádiva a uma entrega total ao bem comum, sem o sentido  egoísta  da  recompensa,  a  alma  humana  naturalmente beneficia porque soube utilizar com sentido superior o seu Dom.

Os Espíritos
Precisamos de saber também o propósito  mental e, por via disso, como atuam as entidades desencarnadas que povoam os planos astrais ao manifestarem-se em qualquer fenómeno mediúnico e, sobretudo, as suas intenções possíveis em consonância com o seu estado evolutivo.

A Doutrina Espírita classificou-os em Ordens de Espíritos que teremos que levar em consideração e que relacionamos  resumidamente:
 
   Espíritos impuros
   Espíritos levianos
   Espíritos pseudossábios
   Espíritos neutros
   Espíritos batedores e perturbadores
   Espíritos bons
   Espíritos benévolos
   Espíritos sábios
   Espíritos de sabedoria
   Espíritos Superiores
    Espíritos Puros

Os planos de matéria densa funcionam como projeções dos planos de matéria subtil que compõem os planos astrais, os quais não podem ser vistos e percebidos pelos órgãos sensoriais dos corpos terrenos.

Como é sabido, o Plano Astral, de matéria subtil, para onde nos dirigimos quando deixamos o nosso habitat terreno, é composto de 7 planos de frequência vibratória tendo, cada um, 7 sub-planos, os quais possuem diversificadamente, no seu conjunto, uma frequência vibratória em consonância com os diversos estados evolutivos dos Seres.

Estas designações dos Seres espirituais acima descritos correspondem às 3 Ordens de espíritos da Doutrina Espírita e dão-nos o conhecimento do estado em que a alma humana se encontra ao deixar os planos da forma de matéria mais densa e, conforme o seu estado evolutivo, determina o plano astral em que se vai alojar, o qual estará de acordo com o seu estado vibratório de frequência energética.

A frequência vibratória dos diversos planos astrais funciona dentro de uma escala energética de tolerância relativa, que se ajustará um pouco mais acima ou abaixo do estado energético real da entidade chegada.

Pela análise destas 3 Ordens de Espíritos  a que o Codificador chegou, verificamos que pela mera passagem do ser humano para os planos astrais não deixa de ser aquilo que era nessa altura em sua consciência relativa nos planos da forma densa, continuando a exercer a sua influência em função dos seus conceitos, preconceitos e preceitos mundanos, em conformidade com o seu estado evolutivo, até a um sub-plano mediano do 4º plano astral.

As entidades dos planos astrais inferiores atuam influenciando sub-repticiamente, com intenção malévola e com a ideia de conquistarem os serviços do médium para terem oportunidade de atuar nos mundos da forma, sugestionando não apenas o médium mas também aqueles que os ouvem, para procedimentos impróprios aos valores morais e espirituais, o que leva os médiuns a perder a sua idoneidade.

Mais ainda, se o médium, em vidas passadas, tiver ainda o estigma do suicídio é com facilidade que o arrastam para a aniquilação do corpo somático.   

O Médium
Designamos por médium o Ser que medeia a interação entre planos aqui reportados como terrestres e astrais,  possuindo a mediunidade ostensiva em um ou mais aspetos dessa faculdade.

A faculdade mediúnica é atributo de todos os Seres, mantendo-se em potência no Ser que a não tem em ostensividade, mas sim potencialmente por não ser uma exigência reencarnatória e portanto não introduzida no plano de vida Kármico, o que não quer dizer que por vezes não tenha perceções e premonições superficiais.

A mediunidade poderá ser "De Graça", ou  "De Provação".

De uma forma geral acontece que os médiuns que reencarnam com mediunidade ostensiva vêm com o tipo de mediunidade adequada às necessidades do processo evolutivo impostas pela Lei de Causa e Efeito, com inteiro consentimento do reencarnante.

Muitos deles são seres que sempre se afastaram da espiritualidade que lhes faz falta no seu percurso evolutivo e alguns deles até contradisseram  e combateram a religiosidade.

Com mediunidade ostensiva sentem em si mesmo os efeitos psíquicos de que se acham vítimas e vêem-se obrigados a recorrer aos Centros Espíritas, onde encontrarão fraternidade e solução correta para o seu desenvolvimento, aprendendo aí a existência do Criador em tudo que foi creado e a continuidade da vida que é infinita.

Todo o médium que não se aperfeiçoa através do estudo, da prática correta e da sua transformação moral, acaba por ser um doente psíquico e dado como louco.   

A de Graça não acarreta sofrimento, ela se apresenta naturalmente na vida da alma reencarnada com um propósito adquirido de elevação sem dor ou sofrimento, num contexto missionário de esclarecimento ou de exemplo de vida, ou ainda em atuação Superior de ajuda ao progresso evolutivo da Humanidade.

A de Provação é a mais frequente e em grande número, porque está sujeita à Lei de Causa e Efeito, sendo portanto um veículo de experienciação do Ser, em que existe sofrimento motivado por comportamentos negativos de vidas anteriores de variada ordem, que dão lugar à interferência de entidades perturbadoras que aproveitam da invisibilidade para se vingarem do médium, muitas vezes com atitudes violentas e quase sempre com interferências obsessoras. (O problema da Obsessão e Desobsessão está tratado noutro escrito com o mesmo título).

Os médiuns não recebem qualquer entidade em termos de incorporação que não estejam dentro da escala da sua frequência vibratória, pois que para isso é necessário que haja uma frequência vibratória comum, médium e entidade, que permita  acoplar  ao centro de forças a que a entidade se propõe incorporar.

Por esta razão, não se deve fazer transferências de incorporações de entidades entre médiuns desconhecendo-se a frequência vibratória dos intervenientes. Esse procedimento dá lugar a incorporações constrangidas por inadaptação, que produzem mal-estar não só na entidade como no médium e alguns efeitos perniciosos como, por exemplo, a desarmonia dos centros de força de ambos os Seres.

A Lei da Afinidade tem grande importância no processo mediúnico. O médium deverá estar bem consciente e atento porque as entidades, ao apresentarem diversas negatividades e/ou positividades, denotam que se o guia trouxe as entidades para incorporar nele é porque existem também no médium em maior ou menor grau de tolerância, pelo que é uma possibilidade do médium descobrir em si esse estado e proceder à retificação do negativo.

Para uma boa e eficaz incorporação o ritmo respiratório do médium deverá ser ajustado, mais lento ou mais ativo, em presença da envolvência vibratória que o médium está captando. Isto acontecerá com a prática e o conhecimento que o médium vai obtendo.   
   
Sintomas de mediunidade ostensiva

   Perturbações no Centro de Forças Laríngeo.
   Inchaços Abdominais  no Centro de Forças Plexo Solar.
   Dores de cabeça setoriais.
   Visão de vultos que desaparecem passando.
   Acordar de noite, com frequência, completamente manietado.   
   Ruídos nos aposentos sem explicação plausível.
   Sentir manifestação envolvente.
   Prisão suave do braço direito ou esquerdo, se for destro ou     esquerdino. 
   Sentir intenção de escrever com envolvimento.
   Premonições.

Somos de opinião de que mesmo com a manifestação de alguns sintomas de mediunidade ostensiva, não devemos precipitadamente enviar o doente para uma corrente mediúnica sem primeiro verificar se tem ou não sustentabilidade futura ou é apenas algo de passageiro.

Por outro lado, há pessoas que desejam ser médiuns por motivos próprios e, nessa perspetiva, querem forçar a mediunidade. É um erro deixarmo-    -nos ir nesse sentido, porque a mediunidade não deve ser forçada mas apenas manifestar natural e gradualmente todo o seu potencial na medida do aperfeiçoamento do médium em termos de conhecimento e espiritualidade.       

 Considerandos
Quando, no Centro Espírita, se apresenta alguém pedindo ajuda, torna-se necessário o preenchimento na ficha de inscrição, no setor  onde se relatam os motivos, averbar bem explicitado, com rigor, as causas porque pede ajuda.

Não podemos deixar de perguntar se já foi ao médico e, no caso de já o ter feito, qual foi o diagnóstico alcançado e registá-lo também na ficha pois as crenças levam por vezes as pessoas a verem espíritos em tudo.

Se por acaso não tiver ido a nenhum médico, aconselhar o inscrito, a família ou os acompanhantes para o fazerem urgentemente e informar o Centro do resultado.

Como é sabido, se o incómodo dos sintomas mediúnicos não desaparecem e continuam a trazer desconforto e sofrimento à pessoa em causa, pensamos que só a sua preparação espiritual e desempenho prático a levará a compreender que se isso fazia parte do seu plano reencarnatório, deve prestar-se, a esse desenvolvimento, para seu próprio bem, com plena consciência dos seus deveres.

Uma vez comprovada, em sessão para o efeito,  a existência de mediunidade ostensiva no chamado doente e sendo-nos dado o seu consentimento para o apoiarmos e esclarecermos no seu aperfeiçoamento, procedendo à sua educação mediúnica, cabe-nos o dever de  informar o candidato dos requisitos a que qualquer médium fica sujeito e que serão de sua inteira responsabilidade, nomeadamente:

*Declarar aos responsáveis do Centro Espírita que decidiu desenvolver a sua mediunidade autorizando os respetivos responsáveis do Centro Espírita a proceder em conformidade, porque a mediunidade de cada um é sagrada e só à pessoa cabe a decisão e a responsabilidade da mediunidade programada no seu plano reencarnatório.   

*Não faltar nos dias de desenvolvimento mediúnico.

*Antes do início dos trabalhos, ocupar o lugar na corrente mediúnica que lhe foi destinado e concentrar-se, orando a Deus.

*Não se prestar a qualquer ação mediúnica fora do Centro.

*Enquanto estiver sob orientação dos responsáveis do Centro não trabalhar noutro Centro. Quando quiser ir para outro Centro tem absoluta liberdade de o fazer, informando antecipadamente os responsáveis do Centro, o que pode acontecer durante o percurso ou depois de estar em condições de prosseguir por si só. Deus deu ao homem o livre arbítrio e nós devemos respeitar as decisões de cada Ser.

*Frequentar assiduamente as sessões e palestras de esclarecimento doutrinário levadas a efeito no Centro.

*Não hesitar em colocar ao responsável no momento da transmissão de conhecimentos doutrinários, em altura oportuna, as dúvidas a que for sujeito para ser esclarecido. 
 
*Durante o dia em que tem lugar a sessão de desenvolvimento fazer o possível para estar calmo e descontraído, esquecendo todos os problemas que o assediam, bem como ter tratado da sua higiene, antes de se dirigir ao Centro.     

*Na sua vida de relação, fazer o possível para a levar dentro dos princípios morais com  elevação, preconizados pelo verdadeiro caminho espiritual, porque um médium deve ser um exemplo de vida.

*Para o fazer deve apreender que um médium que reencarnou com mediunidade ostensiva e sofre com isso, só cresce espiritualmente se o seu trabalho mediúnico for devotado  a servir e ajudar os seus próximos, tendo como lema a máxima que Jesus nos deixou:
" Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força e amarás o teu próximo como a ti mesmo".

Diz-nos Paulo de Tarso na sua 1ª Epístola aos Coríntios em 13: 1-13.
  1 Ainda que eu falasse a língua dos homens e dos anjos, e não tivesse caridade, seria como o metal que soa ou como o sino que retine.
  2  E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse caridade, nada seria.
  3  E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres  e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse caridade, nada disso me aproveitaria.
  4  A caridade é sofredora, é benigna; a caridade não é invejosa; a caridade não trata com leviandade,  não se ensoberbece.
  5 Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal;
  6  Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;
  7  Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
  8 A caridade nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas¸ havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá:
  9  Porque , em parte, conhecemos, e em parte profetizamos;
10 Mas quando vier o que é perfeito, então o que é em parte será aniquilado.
11 Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.
12  Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido.
13  Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e a caridade, estas três, mas a maior destas é a caridade.

Como se pode deduzir, para além da profundidade destes dizeres que apreende quem pode, importa verificar que Paulo de Tarso não negava os dons que mais não são que os atributos da mediunidade, mas exaltava a possibilidade desses atributos alcançarem a excelência através da espiritualidade baseada na Caridade.

"Allan Kardec deu-nos também a sua máxima: "Fora da Caridade não há Salvação". O médium deverá estar sempre disponível para ajudar, dentro dos requisitos da disciplina mediúnica, que servirá não só o médium mas sobretudo o ajudado.   

A mediunidade é pois um fator que, bem compreendido, percebido e praticado em excelso caminho espiritual de serviço à humanidade, poderá levar o médium à sua própria sublimidade. Como tudo, afinal, dependerá apenas do Ser que a exerce: 

*Jamais se fazer pagar por qualquer serviço espiritual praticado, nem que seja uma flor com sentido de pagamento, porque dará aos outros tudo aquilo que recebeu e por isso a nada mais será obrigado ou ressarcido,   porque apenas fez o seu dever.

*Ter absoluta consciência de que não deverá divulgar os assuntos que se processaram com o esclarecimento das entidades em ajuda e o estado em que elas se encontravam. Sobretudo não explicitar qualquer crítica ou opinião, recebendo só para si a lição que obteve, porque isso apenas diz respeito à entidade que confiou e estava em sofrimento.

*Mais tarde ou mais cedo o médium verificará que na Casa Espírita existe proteção por ação dos Espíritos esclarecidos que atuam no plano Astral, quer como responsáveis espirituais do Centro, quer como Guias dos médiuns, quer como trabalhadores espirituais nos planos astrais.

*Ao deitar-se à noite, o médium atuante nunca se deve esquecer de orar a Deus por todos aqueles que por seu intermédio ascenderam à Luz e por todos aqueles que no futuro o encontrarão disponível para que sejam  elucidados.

*Também o deverá fazer antes da abertura da sessão do dia, orando e preparando-se em descontração e recolhimento para espiritualmente encetar o trabalho a executar.

*Deverá manter sigilo de tudo quanto se passou com as entidades que incorporou, porque o que acontece com os outros é exclusivamente da responsabilidade dos mesmos e ninguém tem o direito de divulgar ou ainda de criticar a vida do próximo.

*Deverá estudar em profundidade "A Doutrina Espírita" para estar seguro do seu caminho evolutivo e a vida de nosso Mestre Jesus, da qual retirará toda a essência da verdade que reveste a Doutrina e sobretudo praticá-la diligentemente no seu dia-a-dia, porque só praticando se sabe ou ainda com maior abrangência "Só vivendo se sabe".

*Não deve ser permeável aos elogios das pessoas pelo seu desempenho, e negá-lo de imediato no seu interior porque não deve esquecer a declaração de Jesus no resumo de alguns versículos dos seus ensinamentos: "As coisas que eu faço não sou eu que as faço mas o Pai é que faz as obras, de mim mesmo eu nada posso fazer. O Pai é maior do que eu".

Faz lembrar aquela pergunta que um iniciado fez ao seu mestre: "Conseguirei fazer as coisas que Jesus fez?" E recebeu a seguinte resposta: "Sim, se não julgares que és tu que as fazes".   

De tudo o que atrás foi dito, começamos a ficar com dados para podermos proceder a análises não só das entidades comunicantes, como também do progresso do médium.

Embora, de uma maneira geral, os princípios morais a ter em conta sirvam de introdução a qualquer tipo de mediunidade, escolhemos o de incorporação  por ser o mais requerido.

Claro que todos os outros têm pormenores diferenciados e especializados mas, para isso, teríamos que escrever apresentações sobre eles em termos individuais, tratando um a um.

É sabido que  no fim de uma sessão mediúnica o médium perdeu algumas energias pela execução do seu trabalho psíquico mas não deve ficar preocupado porque o seu guia, ao terminar os trabalhos, procede à limpeza dos fluidos negativos deixados pelas entidades e passada mais ou menos hora e meia já se encontra recuperado.

Apenas focalizamos o curso normal de preparação do médium para exercer a mediunidade, mesmo que se apresente com obsessores, mas que não exercem posturas de violência e desacatos pois, para esses, a preparação já se encontra expressamente explanada num outro trabalho, já atrás referido, intitulado  "Obsessão e Desobsessão", para além de dever
ser preliminarmente tratada em especialidade.     

É da responsabilidade dos dirigentes do Centro acompanhar e muito apoiar o médium em desenvolvimento, colocando-o na corrente mediúnica e disponibilizando de princípio um doutrinador exclusivo, que dê mais garantias de poder criar com o médium certas afinidades e levar a bom termo aquilo a que nos propomos.

Dizemos doutrinador exclusivo de princípio, porque somos de opinião de que uma vez atingido um ponto considerado aceitável de desenvolvimento, o médium deverá estar apto para que as entidades que em condições de afinidade nele incorporem, possam ser doutrinadas por qualquer doutrinador habilitado.

Quando falamos de doutrinador, estamos falando de alguém que também aprofundou a Doutrina dos Espíritos e está à altura de levar a entidade perturbada à compreensão do seu estado espiritual e do caminho que tem que percorrer para alcançar o seu plano de afinidade astral, bem como da adaptação do médium ao sistema mediúnico.

O doutrinador não só deve esclarecer as entidades como deve também indo esclarecendo o médium de tudo quanto se está a passar  informando-o que deve estar atento às vibrações do envolvimento das entidades quando se aproximam para incorporar, pois dessa forma irá percebendo que tipo de entidade se manifesta, porque a sua própria vibração a isso o conduz.

O objetivo a alcançar no desenvolvimento mediúnico é de o médium chegar ao domínio completo da sua mediunidade e poder prever o comportamento das entidades quando se aproximam para  incorporar.

Também com esse estudo do que se está passando consigo, na prática mediúnica, chegará a pormenores do estado das entidades como, por exemplo, do modo como passou para o plano astral, se tem ferimentos e onde se encontravam localizados no corpo, bem como outros pormenores.

Por outro lado nenhum médium está isento de ser assediado fora do seu local de trabalho mediúnico e essa particularidade permite-lhe tomar as devidas precauções para não ser perturbado e ser senhor da sua missão mediúnica.   

A dada altura o médium começa a perceber que tem ajuda provinda da parte espiritual e, pelo estudo analítico das vibrações das entidades, começa a destacar vibrações muito afinizadas, tranquilas e protetoras, que lhe dão tranquilidade, paz e harmonia. É a aproximação da Entidade Guia que se manteve no anonimato esperando pelo momento certo para se expressar.
 
A partir daí deve, no princípio e no fim das sessões, ligar-se em pensamento com o seu guia agradecendo a sua ajuda e proteção, sabendo que o guia é o Ser que no astral prepara o seu ambiente e lhe cria as condições para um bom desempenho da sua missão, cabendo-lhe a si, e só a si, tudo o resto.

E assim, supomos que com estes dados que atrás foram descritos, as entidades que do lado astral, por motivos de revanches contra o médium, por causas em vidas anteriores, foram o instrumento de uma plena abertura mediúnica no visado, obtiveram os conhecimentos necessários para saírem da zona negativa em que se encontravam no plano astral, ascendendo ao plano respetivo de afinidade.

Por outro lado o médium atingiu a abertura necessária, a experiência e o domínio da sua mediunidade e também extraiu do seu desempenho mediúnico o conhecimento das suas negatividades, deixando de ser um joguete de entidades ignorantes das Leis morais e espirituais, passando a ser um trabalhador espiritual ao serviço da Humanidade. 

Assim se constata que a evolução dos seres coadjuvada pela Lei de Causa e Efeito se resolve por si mesma, numa harmonia Global.

A evolução funciona no Homem em dois sentidos:
1- de fora para dentro pela análise e estudo de tudo que foi creado - ciência do exterior - e é por isso que deveremos estar muito atentos a tudo o que nos rodeia para podermos compreender.
2- de dentro para fora pela ação da alma sobre a matéria - ciência do espírito - a nossa individualidade espiritual em formação - através da intuição e faculdades psíquicas e místicas.

   22-05-2012          Abrame

Do vosso Companheiro Hermes                           

Offline Nolecafi

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Re: PALESTRAS
« Responder #3 em: Dezembro 19, 2018, 09:23:27 am »
Well, the information I need to have good information so again.

Offline Furlenvio

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Re: PALESTRAS
« Responder #4 em: Abril 22, 2019, 10:55:43 am »
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