Autor Tópico: Pensamentos  (Lida 74488 vezes)

Offline Abrame

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Re: Pensamentos
« Responder #135 em: Dezembro 02, 2016, 17:04:22 pm »
Companheiros do Caminho

Mais uns dizeres transmitidos por Abrame para vossa apreciação.

Busca
Jesus nos esclarece com esta assertiva «Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vem ao Pai, senão por mim». (Jo 14,6).

Pela análise do que acontece nos mundos da forma de matéria densa, seja de que área for – material, vegetal, animal ou hominal – chegamos à conclusão que tudo que nasce, morre, pelo que só subsiste aquilo que É “A Essência real da energia da Vida”, ou seja, o que sempre existiu e existirá.

Resta-nos “A Vida”. Sendo Jesus um realizado, e nós Seres imanados da Divindade em caminho evolutivo, somos levados a compreender que se um realizado é “A Vida”, logo, em princípio, somos “Vida”.

Deste modo também teremos que ser levados na nossa busca a discernir se a Vida é Aquilo que É ou se ela é a energia Daquilo que É.
Abrame

Um grande abraço fraterno.

Offline Abrame

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Re: Pensamentos
« Responder #136 em: Fevereiro 06, 2017, 16:19:06 pm »
Amigos Companheiros

Vos envio mais um texto para vossa apreciação.

O TER E O SER

«Quem não renunciar a tudo o que tem, não pode ser meu discípulo»

Dois caminhos têm sido seguidos pelo Homem: o caminho do ter, que diz respeito àqueles que tomam a vida material como base da sua existência; o caminho do ser, por aqueles que percebendo que a vida não se limita à existência terrena, procuram saber quem são e qual o seu desiderato.

São duas atitudes aparentemente incompatíveis: “Ter ou Ser”, no contexto da evolução da alma Humana.

Pelo caminho do ter dificilmente se penetra no caminho do ser, pois que o ter ocupa obsessivamente o Homem, não só por ter cada vez mais, como ainda pelo domínio ansioso de conservar aquilo que tem na ilusão de possuir a felicidade e a tranquilidade, na perspetiva de segurança que lhe proporciona a abastança terrena.

Nesta luta efémera, continua o Homem a criar em si o egoísmo, a desumanidade, o salve-se quem puder, cada um que se arranje não importa como desde que se sinta seguro e nada lhe falte.

Isto, mesmo que haja milhões a morrer de fome, de falta de saúde, que tenham uma vida degradada, que haja guerras e disputas; o que importa é que se obtenha cada vez mais para aqueles que as fomentam e que acompanham as notícias tranquilamente nos fofos recantos das suas belas casas ou aprazíveis escritórios, dos quais dirigem as operações.

Só que ninguém pode servir a dois senhores.

Ou se vegeta sendo alguém milionário no plano horizontal dos seus teres ou se vive em realidade e é alguém no plano vertical do seu Ser.

No primeiro, sobrevém a desilusão porque tudo termina, tudo tem um fim, enquanto que no plano real da vida nada finda porque se entra no infinito e nada é observado por quantitativo mas por qualitativo.

No segundo, tudo se tem não tendo nada porque aí se encontra a zona vertical, qualitativa, infinita, em que o homem apenas é, e Ser é tudo.

Os mais avisados resolvem renunciar a todos os seus teres e isolam-se no puro Ser, isto é, na divina essência do seu eu superior, o seu Cristo interno.

Por mais tenebrosa que pareça essa renúncia incondicional ao homem profano, ela é grandiosa porque possui a fascinante sacralidade de não tendo nada, tudo possuir.

Sendo Jesus e o Pai, Um, encontra-se este na zona do Ser e a sua sapiência leva-o a aconselhar o Homem:

«Quem não renunciar a tudo o que tem, não pode ser meu discípulo»

Ele sabe perfeitamente que o Homem dominado pelo seu ego físico, mental e emocional não tem condições algumas para atingir a vivência eterna da vida, porque está sob a influência do príncipe deste mundo.

Qualquer ter ou posse de objetos externos, impede o Homem de ser discípulo de Jesus porque este tinha atingido o amor Divino, não tinha onde reclinar a cabeça, nada tinha porque tudo era, o seu ter descera ao ínfimo nadir, quando o seu Ser atingira o supremo zénite.

E para mais não ter para tudo possuir, renúncia por fim até ao corpo físico, para poder entrar em sua glória.

Pode parecer estranho, e humanamente impossível, esse propósito de Jesus.

No entanto, as suas palavras não admitem vestígios para dúvida, são inexoravelmente claras: «Qualquer de vós, que não renuncia a tudo quanto tem, não pode ser meu discípulo» (Lc 14,33).

Tudo, sem exceção de coisa alguma. O episódio trágico do jovem rico é uma ilustração clássica para esta verdade austera.

Tudo quanto o Homem possui em bens terrestres torna-o dependente e escravo. O reino dos céus é somente para as almas completamente livres.

Enquanto o Homem tem algo que o mundo lhe possa tirar, ou deseja algo que o mundo lhe possa dar, não é definitivamente livre e, por isso, não pode ser discípulo daquele que venceu o mundo.

Os nossos teres quantitativos excluem-nos do reino dos céus, o nosso ser qualitativo faz-nos entrar no reino dos céus.

Aproximamo-nos de Deus na razão direta do que somos e na razão inversa do que temos. Porquê?

Porque o ter é nosso. O Ser é de Deus.

O ser consiste na consciência da verdade sobre nós mesmos. Se conhecermos a verdade sobre nós mesmos, seremos livres.

«Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará», (Jo 8,32) disse Jesus.

Quando atingirmos as alturas do Filho do Homem seremos realmente livres.

A verdade libertadora sobre nós mesmos está na experiência íntima da nossa essencial identidade com Deus – eu e o Pai somos Um – e na completa harmonia da nossa vivência quotidiana com essa verdade suprema.

O ter, portanto, é dos profanos, dos ignorantes da ciência do espírito. O Ser é dos iniciados.

Quanto mais cresce o ser do Homem, mais decresce o seu desejo de ter.

Quando o Homem chegar ao patamar evolutivo da sabedoria com tudo isto resolvido, alcançando o primado do Filho do Homem, mergulha no oceano absoluto do amor Divino onde não existe a necessidade de ter porque se é Ser.

Por esse motivo consciencial de Ser nos diz Jesus: «Não está escrito na vossa lei: Eu disse: Sois Deuses? Pois, se a lei chamou àqueles a quem a palavra de Deus foi dirigida – e a Escritura não pode ser anulada – Aquele a quem o Pai santificou, e enviou ao mundo, vós dizeis: Blasfemas; porque disse: Sou Filho de Deus?» (Jo 10,30-42).

Defendia-se Jesus quando atacado por se dizer Filho de Deus. «Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim também fará as obras que eu faço e as fará maiores do que estas; porque eu vou para o Pai» (Jo 14,12). «Direis a este monte: passa daí para acolá e há-de passar; e nada vos será impossível» (Mt 17,20).

O monte ou a montanha é a nossa escravidão aos valores do mundo, que mudou para o lugar onde existem os valores Divinos.

Assim nos disse Jesus que aquele que não renunciar a tudo o que tem não pode ser seu discípulo.

Devemos perguntar: não é necessário que o Homem, aqui no mundo, possua certas coisas? Poderá ele viver decentemente sem possuir nada? Bastará aqui na Terra o simples e puro ser? E, na realidade, não há compatibilidade entre o ter e o Ser?

Vamos tentar responder em face da estrutura social que o próprio Homem criou. Porquê?

Porque a estrutura social que o próprio Homem criou é um mau produto da má gestão do seu livre arbítrio, que deu lugar ao ego humano que conhecemos e a partir do qual nasceu a estrutura social em que estamos enquadrados.

O mundo em que vivemos possui todos os recursos necessários para que não haja fome, doenças, desigualdades, guerras, ódios, orgulhos e malquerenças.

Neste contexto em que nos movemos, o Homem pode beneficiar das coisas do mundo, se as usar não como propriedade sua mas como simples administrador dos bens que o Creador pôs à sua disposição, sabendo que nada lhe pertence, mas que a dádiva é para todos, pelo que deve servir a todos.

É possível o Homem ser discípulo de Jesus e administrar parte dos bens de Deus, servindo-se e ao mesmo tempo beneficiando os outros filhos de Deus, seus irmãos.

Disse Jesus: «Amai o próximo como a vós mesmos».

Deus é o único dono, proprietário e possuidor de todas as coisas que creou. Nenhum homem é dono de coisa alguma.

Esta é a razão porque nenhum discípulo de Jesus se considera possuidor, dono ou proprietário do dinheiro ou de quaisquer outros bens materiais que, por teste ou empréstimo, estejam sob a sua administração.

Ele sabe que a verdadeira vida não possui nada disso e também que da sua administração terá que dar inequívocas contas à consciência universal e ao legítimo senhor e proprietário.

Ninguém tem direito exclusivo daquilo que é de todos.

Jesus e seus discípulos repartiam tudo porque sabiam que a cobiça é a raiz de todos os males, conforme afirmam os chamados livros sacros.

Todo o Homem, que atingiu a plenitude do seu Ser pelo acordar da consciência cósmica, perde toda a noção de posse e propriedade.

Ele experiencia a tranquila felicidade de possuir tudo, sem possuir nada.

A Deus o que é de Deus, a César o que é de César.

Proceder assim seria uma loucura, dizem-nos os profanos do espírito.

Segundo Paulo de Tarso: «A loucura de Deus é mais sábia que a sabedoria dos homens e a fraqueza de Deus é mais forte que a força dos homens» (1Cor 1,25).

O Homem sábio das coisas de Deus está no mundo sem ser do mundo.

Abrame
Com muita amizade.

Offline Abrame

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Re: Pensamentos
« Responder #137 em: Março 06, 2017, 20:22:18 pm »
Companheiros do caminho
Hoje, e por não hesitar em trazer os ditos de Jesus sempre por perto, vos envio para vossa apreciação mais um texto que foi escrito a alguns anos atrás.
   
UNIVERSALIDADE

A Samaritana e o Centurião

Duas figuras dos Evangelhos que se relacionaram com Jesus demonstram-nos o seu carácter de missionário universalista, portador de uma doutrina messiânica que visou o esclarecimento da humanidade em relação à Creação bem como ao respeito e amor por todos os seres viventes e indicou o caminho de regresso das creaturas a Deus.

É delas que vamos falar: da samaritana e do centurião. Uma pertencente a uma faixa judaica considerada dissidente e outro nascido sob a égide do império romano que, na época, dominava praticamente toda a Europa, norte de África junto ao Mediterrâneo e o Médio Oriente.

Para podermos esclarecer, segundo a nossa análise, o universalismo da doutrina que Jesus difundiu, torna-se necessário que, em diversas exposições, se mencione alguns apontamentos esclarecedores da época em que o Messias percorreu as terras de Israel.

Estamos num ciclo evolutivo em que muitas pessoas se debruçam sobre o que dizem os Evangelhos na ânsia de como se pode compreender o significado da vida, em presença de uma rápida transformação em que a estrutura social humana se desenvolve.

Perante os seus olhos sucedem-se acontecimentos que deixam a humanidade petrificada perante manifestações onde o egoísmo, o orgulho e a falta de fraternidade acontecem e, mesmo ao lado, se desenrolam atitudes em que a compaixão, o amor fraternal, o altruísmo e a dádiva incondicional da disponibilidade de ajuda do Homem se revelam com elevação.

A luta pela vida, no meio dos escombros morais, na desenfreada voracidade do possuir, onde a palavra de honra perdeu valor, leva muitos seres à desilusão da confiança do que é e não é válido, a um desalento deambulante às escuras, num estado de completo desnorteamento sobre os valores Divinos, num esgotante desespero que os conduz muitas vezes a depressões lastimáveis e à desistência da própria vida.

A doutrina cristã que Jesus dinamizou na humanidade, na sua pureza primitiva proporciona-nos o conhecimento e a claridade de que necessitamos na luta pela vida na Terra e toda a luz que é indispensável para o aperfeiçoamento de nossas almas.

Devemos, através dela, aprofundar a razão de ser da vida que Deus nos deu, sob pena de nos perdermos na aridez do deserto da descrença esgotando a nossa capacidade de fé sob um mundo destruidor, aparentemente destituído dos mais elevados princípios dos ideais da espiritualidade.

Nota-se hoje uma ânsia dinâmica para entender a razão de ser da vida, numa procura constante de sabermos porque existimos, de onde viemos e para onde vamos.

Por isso muitos pensadores estão trazendo à luz do mundo muitas obras narrando as suas estruturas espirituais, construídas com base em análises e estudos dentro da sua própria racionalidade e lógica de compreensão, que demonstram o interesse pelos assuntos da imortalidade da alma.

Para além disso existe a efetivação de palestras, retiros espirituais e workshops, baseados nos conhecimentos que foram legados à humanidade por seres despertos para a espiritualidade desde a noite dos tempos e que achamos que deverão ser considerados valiosos contributos para outras estruturas consentâneas com a evolução espiritual de cada ser.

Pela nossa parte encontramos em Jesus um manancial de ensinamentos que, compreendidos em profundidade, ensinam o que já tinha sido revelado em outras formas de expressão e em antigas culturas espirituais que nos vêm mostrar que não tendo nós a verdade absoluta, a teremos que obter por mérito próprio por ser esse o objetivo e o resultado último da evolução hominal.

A verdade, embora relativa, tem estado sempre ao nosso alcance, porque a absoluta só Deus a possui e por isso Jesus nos diz: «Um dia conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.» (Jo 8,32) o mesmo que é dizer um dia conhecereis Deus e Deus vos libertará da vossa ignorância.

Como é sabido, Jesus, acompanhado dos seus discípulos, percorria longas distâncias espalhando o conhecimento por quem o escutava e, deste modo, quando vinha da Judeia rumo à Galileia, ao chegar à cidade de Sicar na Samaria, descansou perto da fonte de Jacob, junto a uma quinta que Jacob tinha oferecido a seu filho José.

Segundo o Antigo Testamento, aquela fonte, que tinha o nome do seu construtor e primeiro proprietário, já tinha sido palco de encontros que haviam dado lugar a casamentos que se encontram narrados no chamado Antigo Testamento.

Jesus, cansado do seu caminhar, resolveu parar naquele lugar e, segundo o que está relatado, era quase a hora sexta (que corresponde ao meio-dia).

Convém saber que os judeus e os samaritanos estavam divididos na sua crença religiosa e cada uma delas reclamava para si a verdadeira.

Logo, qualquer relação entre eles seria considerada uma ofensa tendo em vista que os judeus se achavam superiores e oravam a Deus no templo em Jerusalém e os samaritanos faziam as suas orações no monte de Garazim e, por motivos religiosos, não se comunicavam entre si.

Como é evidente a adoração a Deus não terá que ser obrigatoriamente em algum lugar determinado, pois estando Deus em toda a parte, pode ser adorado em qualquer sítio pois o que importa é a abertura da alma humana ao fluxo Divino do Creador.

«Entretanto, aproximou-se da fonte uma samaritana que ia buscar água e Jesus, tendo sede, pediu-lhe de beber: “Dá-me de beber”» (Jo 4), o que deixou a mulher deveras preocupada.

Disse-lhe depois a mulher samaritana: «Como sendo tu judeu, me pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana?»

E, como sempre, este nosso Jesus se mostra universalista com a consciência íntima de que o Deus que mora dentro dele é de todos e não só de alguns.

E, aproveitando o embaraço, explica à samaritana: «Se tu conheceras o dom de Deus, e quem é o que te diz dá-me de beber, tu lhe pedirias, e Ele te daria água viva.»

Observando Jesus, ela lhe respondeu: «Senhor, tu não tens com que a tirar, e o poço é fundo: onde pois tens a água viva? És tu maior do que o nosso pai Jacob, que nos deu o poço, bebendo ele próprio dele, e os seus filhos, e o seu gado?»

Atento, Jesus lhe respondeu, dizendo: «Qualquer que beber desta água tornará a ter sede; mas aquele que beber da água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água que salte para a vida eterna.»

Pressurosamente, pede-lhe a mulher: «Senhor, dá-me dessa água para que não tenha mais sede, e não venha aqui tirá-la.»

Respondendo a este pedido disse-lhe Jesus: «Vai! Chama o teu marido, e vem cá.»

 Respondeu a mulher: «Não tenho marido. Disse-lhe Jesus: Disseste bem: não tenho marido. Porque tiveste cinco maridos e o que agora tens não é teu marido; isto disseste com verdade.» (Jo 4,4-18).

Perante tal evidência das palavras de Jesus, a mulher ficou extremamente confusa pois aquele homem tinha-lhe falado de coisas da sua vida privada e também de uma fonte que jorrava para a vida eterna.

Perplexa e maravilhada com o desenrolar daquele diálogo, perguntou-se: Não seria aquele homem um profeta?

E, não perdendo tempo, imediatamente correu a chamar o povo para que também o pudesse ouvir.

Para que isso possa acontecer, necessário se torna que o Homem cumpra com honestidade e desvelo as leis que regem a Creação.

Por isso compreendemos nós, pelo que disse Jesus, que a água que sacia toda a sede é a água que jorra do alto quando, em plena abertura da alma humana, se espraia pela alma suplicante sedenta de justiça, de amor e de verdade, amenizando-a, harmoniosamente impulsionada pela vibração amorosa do espírito Divino.

E assim se vai compreendendo o dito público de Jesus em plenos festejos dos tabernáculos na cidade de Jerusalém quando, no último dia, o grande dia da festa, Jesus se pôs em pé e clamou, dizendo: «Se alguém tem sede, venha a mim, e beba. Quem crê em mim, como diz a escritura, rios de água viva correrão do seu ventre.» (Jo 7,37-38).

«E isto disse ele do espírito que haviam de receber os que nele cressem; porque o Espírito Santo ainda não fora dado, por ainda Jesus não ter sido glorificado.» (Jo 7,39).

Água é o símbolo da doutrina ministrada pelo espírito. A água pura representa o símbolo da espiritualidade.

O Espírito Santo manifestar-se-á no Homem quando este tiver assimilado, na sua consciência, toda a essência da doutrina que Jesus veio trazer ao mundo e a manifeste naturalmente, quer em ações, quer em pensamento, porque ela definirá fielmente a sua natureza Divina.

Jesus, através da água pura, deu-nos a doutrina da água. Trouxe-nos os ensinamentos da vida de luz, de paz, de verdade e do amor.

Disto tem a certeza todo aquele que percorrendo o caminho de verdade que Jesus nos ensinou traz Deus no mais íntimo da sua alma que, por sinal, tem como sede simbólica física o coração.

Todos os seus ensinamentos legados à humanidade abrangem todos os mundos, todos os seres viventes, quer sejam em fase material, quer sejam já em fase espiritual e garante a todos, sem exceção, a vida eterna.

Não admira pois que o homem esteja tentando redescobrir aquilo que há dois mil anos lhe foi transmitido e se desvaneceu nas brumas das tentações materiais e das ilusões do mundo, na tentativa de reencontrar o caminho que Jesus nos transmitiu e que conduzirá o homem à plenitude da sua natureza Divina.

Não podemos deixar de mencionar que Jesus, sendo um sábio do espírito, não nos poderia trazer numa bandeja toda a descodificação da verdade.

É necessário, para que o homem evolua, que a realize, pois só vivendo se sabe.

Razão porque muitos dos seus ensinamentos nos foram dados através de parábolas que, à medida que o Homem vai tendo intuição do oculto, se vão desvendando à sua própria alma que já estará em condições de os poder receber.

Porque não foi em vão que Jesus nos disse: «Procura e encontrarás, bate e abrir-se-te-á.» (Mt 7,7)

Depois de apreciarmos os ensinamentos e as ações de Jesus, não nos restam dúvidas de que o Messias era possuidor de grande sabedoria e que sempre primou pela defesa dos fracos, dos injustiçados, dos desvalidos e dos pobres, pondo a nu toda a insidiosa esperteza do ego físico, mental e emocional.

Um puro universalista porque tem a vivência do todo e sendo Deus absoluto, a verdade se encontra por todo o lado.

Como é conhecido, Jesus curou muitas pessoas sem olhar às suas condições sociais, fossem judeus, romanos, os chamados gentios ou de qualquer outra nacionalidade ou religião. Para ele eram apenas seres seus irmãos creados por Deus.

E deste modo temos também o relacionamento de Jesus com um centurião romano, designação militar que indicava o comando de cem homens, cuja disciplina romana os levava a obedecerem-lhe sem reservas.

Estes soldados romanos estavam aquartelados na cidade de Cafarnaum e, por força das suas funções, o centurião estava a par dos acontecimentos religiosos nomeadamente da atuação de João Batista que convidava o povo ao arrependimento deitando-lhes água do rio Jordão por cima da cabeça numa simbologia de purificação, para que de futuro se transformassem e seguissem uma vida fraterna e digna.

Também ia chegando ao conhecimento do centurião toda a atuação pública de Jesus não só pelos seus ensinamentos espirituais como também das suas obras, que o povo atribuía a verdadeiros milagres.

No extravasar de sua sabedoria ia Jesus mostrando, a quem o seguia e ouvia, que almas sensíveis e já abertas ao fluxo espiritual, tocadas pelo espírito Divino no seu interior, se encontram em todos os povos, em todos os estratos sociais, quer sejam ricos ou pobres quer sejam cultos ou não.

Não podemos esquecer que aquele centurião estava votado e militarmente treinado e preparado para a guerra e implicitamente obrigado, no cumprimento das suas funções, a matar e mandar matar. Assim era no seu tempo.

Mas isso não obsta a que haja almas, no albor da espiritualidade, que já sentem a influência de amor e de sabedoria que implicitamente brotam do seu eu real, até porque era evidente a sua preocupação pelo sofrimento do seu escravo.

Ora tendo Jesus chegado a Cafarnaum e tendo este centurião um criado que adoecera gravemente encontrando-se moribundo – e presumimos que já tivesse consultado os médicos daquele tempo (pois através da profissão de Lucas, que era médico, sabemos que eles existiam) não devendo ter alcançado qualquer êxito de cura – resolveu, por tal motivo, recorrer abertamente àquele cuja fama era conhecida como curador.

«E quando ouviu falar da presença de Jesus, enviou-lhe uns anciãos dos judeus, rogando-lhe que viesse curar o seu servo.

E, chegando eles junto de Jesus, rogaram-lhe muito, dizendo: É digno que lhe concedas isto. Porque ama a nossa nação, e ele mesmo nos edificou a sinagoga.

E foi Jesus com eles; mas, quando já estava perto da casa, enviou-lhe o centurião uns amigos, dizendo-lhe: Senhor não te incomodes, porque não sou digno de que entres debaixo do meu telhado; e por isso nem ainda me julguei digno de ir ter contigo; dize, porém, uma palavra, e o meu criado sarará.

Porque também eu sou homem sujeito à autoridade, e tenho soldados sob o meu poder, e digo a este: vai; e ele vai; e a outro: vem; e ele vem; e ao meu servo: faz isto; e ele o faz.

E ouvindo isto Jesus, maravilhou-se dele, e voltando-se disse à multidão que o seguia: Digo-vos que nem ainda em Israel tenho achado tanta fé.

E voltando para casa os que foram enviados, acharam são o servo enfermo». (Lc 7,3-10)

A sua alma dizia-lhe que recorresse sem demora a Jesus e assim aconteceu tendo sido recebido o seu pedido com toda a fraternidade porque, para Jesus, as almas dos seus semelhantes não eram desconhecidas pois ele intuía onde a semente interior já tinha iniciado o desenvolvimento do seu crescimento espiritual.

Naquele tempo pouco valor se dava à vida humana de um escravo e é o cuidado daquele centurião com a saúde do seu criado que nos mostra como a sua alma já tinha alcançado a sensibilidade da compaixão.

Na interpretação deste facto podemos fazer uma ideia do consciente desenvolvimento da sua alma que, em sua pureza, afirma que ao Espírito Divino nada é impossível quando a alma atua por sua influência.

Ninguém desconhece, pela história universal, quão doloroso era o ferro dominador do império romano, quão opressor era o seu domínio sobre os povos conquistados e também da violência brutal da ação dos seus soldados, devidamente preparados e especializados para a guerra, sobre quem não lhes pudesse oferecer resistência.

Mas era evidente que naquele centurião crescia a luz do conhecimento interno e, segundo os relatos dos livros sacros, não foi este o seu único contacto com Jesus. Outros houve e, sobretudo, esteve presente, cheio de desgosto e sofrimento, na crucificação daquele que lhe tinha aberto a alma.

Para si, não era preciso que o espírito puro que habitava a alma de Jesus fosse a sua casa para que o seu servo ficasse curado da enfermidade, bastava-lhe que Jesus o ordenasse.

E Jesus, maravilhado ante a fé daquele centurião que não era judeu mas romano, sem tradição do Deus único, criado sob conceitos panteístas, ficou inundado de amor perante as palavras do soldado romano e virando-se para os seus discípulos lhes diz: «Em verdade vos afirmo, que nem mesmo em Israel achei tamanha fé.»

A luz não foi feita senão para iluminar, assim como a verdade para libertar, a esperança para consolar e animar, a caridade para amparar e purificar, e a sabedoria para guiar e engrandecer.

E o mestre ainda nos elucida: Mas eu vos digo que «virão do Oriente e do Ocidente, do Norte e do Sul, e sentar-se-ão à mesa no Reino de Deus» (Lc 13,29), à mesa com Abraão, e Isaac, e Jacob no reino dos céus. «E os filhos do reino serão lançados nas trevas exteriores; ali, haverá pranto e ranger de dentes.» (Lc 13,28).

Mas quem serão os filhos do reino? São os filhos da mentira, do mercantilismo, do orgulho, do ódio, da hipocrisia, das exterioridades idolátricas, da traição, que ficarão imersos nas trevas por eles mesmos criados.

Estagnaram-se na crença porque não a converteram em fé. Dominados pelas ilusões dos mundos da forma, abdicaram do esforço de crescimento da sua alma, não trataram daquela semente que germinaria no mais íntimo das suas almas viventes, semente que Jesus nos diz que existe em nosso ser e que floresce em nossos corações.

Caiu em terra árida, onde o sol e a chuva não se encontraram e daí o sofrimento e a dor, no lugar da expansão do amor.

Terão que esperar até que as trevas se dissipem e uma nova aurora de luz e amor os inunde.

07-05-1986   Abrame

Um abraço espiritual.

Offline Abrame

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Re: Pensamentos
« Responder #138 em: Março 21, 2017, 22:25:52 pm »
Companheiros do Caminho

Mais um texto que fomos buscar aos arquivos do Abrame para vossa apreciação.

A INTIMIDADE CONSCIENTE COM DEUS

O momento mais sublime que o ser pode viver no seu crescimento espiritual é, sem dúvida alguma, aquele momento em que atinge a superior culminância da evolução hominal e se encontra com Deus na intimidade silenciosa da realidade sagrada do Divino.   

Quando o Homem inicia a sua demanda para saber quem é, de onde veio, porque existe e para onde vai, já tem, em sua consciência, fatores profundos sobre Deus e as Leis Divinas que regem todo o processo da evolução.

Porque, antes, está como que hipnotizado pelas solicitações do mundo e tem muito a construir efemeramente para se sentir seguro devido às estruturas sociais dos mundos da forma em que se encontra e está abismado pelo que tem de obter de prestigio, poder e riqueza, julgando que desse modo se sentirá feliz e completamente realizado.

Voltando ao princípio da sua vivência nos mundos da forma, o Homem, através dos pensamentos que se formam pela observação do mundo que o rodeia, vai criando uma estrutura mental que não é mais do que a aglomeração dos pensamentos produzidos.

Em face dessa estrutura mental, ele vai criando as leis que acha necessárias para se poder viver de acordo com a forma de vida e o que aquelas circunstâncias observadas lhe exigem.

Esse processo criativo dá lugar ao aparecimento do ego, a personalidade humana, que se enraíza e que passa a ditar as leis provenientes do desejo que, por sua vez, gera todo aquele rosário de sentimentos negativos como o orgulho, a vaidade, a ganância, a inveja, o mal querer, etc., etc., etc. ...

E deste modo, o Homem afastou-se do ambiente paradisíaco em que começou e, a pouco e pouco, entrou no afã do muito que foi criando e que se transformou num mundo de sofrimento, de dor e de tragédias sem conta, que deu lugar a todas as inimagináveis iniquidades que acima apontámos.

Ele tinha sido expulso da inconsciência e entrado na consciência, e não se perturbe o nosso coração e a nossa análise através da inteligência que Deus nos deu, porque assim era necessário para que a dualidade aparecesse e o ser tivesse meios de comparação para o prosseguimento consciente da evolução, o que o levou a confundir a sua realidade com o corpo e com todas as outras coisas que criou e que possuía, como os pensamentos, a mente, o intelecto, que mais não são que elementos ilusórios de que se serve a inteligência que é parte integrante da única realidade que somos na absorção vivida da consciência.   

Ele desconhece que nasce neste mundo em sucessivas e ilusórias vidas finitas e que morre para o mundo para poder vir a viver eternamente a verdadeira vida.

Criou uma personalidade falsa que o obriga a viver de acordo com o mundo transitório que lhe impõe as regras e que o leva a exercer a sua atividade de relacionamento de aproveitamento próprio: a sua aprendizagem nos mundos da matéria densa.
 
Assim, aquele que se libertou dessa prisão mental e emocional e segue à procura do seu Ser real, já transformou o seu ego ao serviço dos valores do Mundo e colocou-o ao serviço dos valores do espírito.

Ele já obteve o conhecimento, pelo estudo e pela comprovação, que os mundos materiais chegaram por um processo involutivo à periferia congelada tendo começado pelo aparecimento da Luz que desceu até à condição de energia e esta, por sua vez, à de matéria composta dentro de estados diversificados e, a partir daí, ascendendo em processo evolutivo desde o plano mineral até ao hominal.

Também já percebeu que todos esses estados materiais são o suporte de continuidade e meio para que a creação funcione de forma a possibilitar que a real essência se possa desenvolver em crescimento espiritual de perfeição e sabedoria pela sua vivência prática de tudo que foi creado.

Ele já intuiu que o seu Ser, a sua alma simples e ignorante, semi-material, semi-espiritual, envolveu sempre esse processo, desde o "Faça-se a luz", em um sistema monadário que deu lugar ao aparecimento da creação em evolução.

Tudo quanto foi creado se encontrava em potência, pronto a ser despoletado em movimento e Deus, verificando passo a passo a sua obra, declarou: «E viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom. E foi a tarde e a manhã do dia sexto». (Gn 1,31). «Assim foram acabados os céus, a Terra e todo o seu exército. Tendo Deus terminado no sétimo dia a obra que tinha feito, descansou do seu trabalho». (Gn 2,1-2).

Descansou, porque a própria obra da creação tem, inserida em si, todas as condições para se resolver por si mesma e porque Deus é imanente e transcendente pelo que transcende a tudo o que foi creado. 

 No seu trajeto evolutivo tem o Homem o seu destino determinado rumo à perfeição e sabedoria onde, por isso mesmo, faz parte do processo ascensional que o levará, um dia, à comunhão com o Creador.

Comunhão essa que é o evento Consolador supremo em que a alma humana ouve e vive no silêncio do seu Ser a voz insonora que, a pouco e pouco, o vai cientificando da verdade, porque é transmitida pela verdade absoluta, sem palavras mas pelo próprio silêncio que promove a intuição e que só pode ser efetuada pelo próprio Creador por absoluto, que levará o homem à completa desmaterialização da sua alma atingindo assim os poderes e a manifestação pura do espírito.

Nessa culminância, identifica-se com o Espírito de Deus de onde proveio e ao qual retorna, pois Jesus nos informou que Deus é Espírito e, nessa altura, a alma que era encontrou no espírito puro a sua filiação com Deus, tomando a consciência da sua participação no todo que produziu de si mesmo tudo quanto foi creado.

Existe uma parábola de Jesus que simboliza o que entendiam Jesus e os apóstolos pela designação que os tradutores chamaram Fé. É a "Parábola da Semente" que descreve a seguinte história à boa maneira de Jesus ensinar: «E dizia: O Reino de Deus é assim como se um homem lançasse semente à terra, e dormisse, e se levantasse de noite ou de dia, e a semente brotasse e crescesse, não sabendo ele como. Porque a terra por si mesmo frutifica, primeiro a erva, depois a espiga, e por último o grão cheio na espiga. E, quando já o fruto se mostra, mete-lhe logo a foice, porque está chegada a ceifa». (Mc 4,26-29).

Texto belo e profundamente esclarecedor do processo evolutivo dos seres, trajeto desde o plano mineral ao hominal, tendo em atenção que outros planos superiores existem. Padrão cósmico.

E nessa hora seguinte, o espírito humano é expulso dos mundos da forma material densa e ingressa na dimensão angélica, tal como foi expulso do paraíso quando passou da inconsciência para a consciência.
     
É a partir deste pressuposto que o Homem, já consciente, procura a sua identidade perdida onde sabe que encontrará o "Tesouro Escondido", pois Jesus havia feito uma comparação em que existia um tesouro a descobrir que faria o homem perfeito, feliz e sábio.

 E, sem demora, ele inicia a sua aventura cósmica gravando, na sua alma determinada a descobri-lo, as palavras que narram aquela revelação: «Também o Reino dos céus é semelhante a um tesouro escondido num campo que o homem achou e escondeu; e, pelo gozo dele, vai, vende tudo quanto tem, e compra aquele campo». (Mt 13,44).

Quem possui esta descoberta encontrou a fonte de água viva de que falou Jesus à Samaritana (Jo 4,10-18) e, dela bebendo, jamais terá sede porque de uma só vez saciou em pleno a sede que através de milénios a sua alma sofreu, causticada e dominada por um ego avassalador de posse e de domínio, criado pelos valores do mundo que o próprio Homem produziu e que o levou muitas vezes ao desespero e àquilo a que chamou de infortúnio.

Mas, mais adiante, ainda Jesus nos diz: «Outrossim o reino dos céus é semelhante ao homem, negociante, que busca boas pérolas: E, encontrando uma pérola de grande valor, vendeu tudo quanto tinha, e a comprou». (Mt 13,45-46).

E, deste modo, nos diz Jesus que temos dentro de nós um tesouro imenso e que deveremos encontrá-lo mas, para o encontrar, teremos que nos despojar de tudo que é efémero para termos possibilidade de adquirir aquele campo onde ele se encontra. Que mais nos apetece dizer “Trazê-lo de volta com a pureza e a Glória que tinha no princípio”.

E uma vez saneada a nossa alma de todas as suas impurezas materiais, mentais e emocionais que geraram negatividades sem conta, ficamos prontos para receber o tesouro que se revela como Consolação da nossa alma sofrida visto ter nascido, de novo, em pureza simples mas sábia.

Porque no ato da creação a alma humana, embora semi-material, semi-espiritual, encontrava-se pura na sua essência, simples e ignorante, visto ter imanado nessa altura do próprio Espírito Divino.

E o mesmo se passa com a pérola que o negociante encontrou e que era uma joia incomparável, de incalculável valor e beleza, de tal forma que teve que vender tudo para a poder adquirir.   

Nada existe de mais valioso do que o encontro da alma humana com o Espírito Divino, que requer do Homem abnegação e determinação, numa ação constante de busca e de transformação (parábola das Virgens).

Quando o Homem vive a comunhão com Deus, os assuntos e as coisas deste mundo deixam de ter qualquer atração ou desejo para si, pois que a envolvência do amor Divino e a segurança protetora do Creador ultrapassam tudo quanto até ali tinha experienciado e o desejo, que até aquele momento estava absorvido pelo mundo, passou a estar absorvido pela inefável presença de Deus.

O Homem tem dificuldade em se desfazer das coisas do mundo e por isso lhe é difícil enveredar pelo caminho que Jesus nos veio ensinar porque esse caminho contém o desapego das coisas do mundo e é, por via disso, um caminho de renúncia.

A comprová-lo encontramos, na vida de Jesus, um jovem rico que se dirige ao Mestre perguntando-lhe o que era preciso para entrar no Reino dos Céus, ao que Jesus responde «Vai, vende tudo quanto tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, segue-me. Mas ele, pesaroso desta palavra, retirou-se triste; porque possuía muitas propriedades». (Mc 10,21-22).

E logo a seguir, em Marcos 10,23-24, intervém Jesus: «Então Jesus, olhando em redor, disse aos seus discípulos: Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas! E os discípulos se admiraram destas suas palavras; mas Jesus tornando a falar, disse-lhes: Filhos. Quão difícil é, para os que confiam nas riquezas entrar no reino de Deus!»

Jesus é, na verdade, "O Caminho, A Verdade e A Vida" e por isso ninguém vai ao Pai senão por Ele «E disse-lhes Jesus: Eu sou o Caminho e a Verdade e a Vida. Ninguém vem ao Pai, senão por mim». (Jo 14,6).

Pensamos que Jesus, sendo um homem cuja alma ascendeu a uma evolução muitíssimo elevada, veio a este mundo no cumprimento de uma missão de elucidação, à nossa humanidade, do caminho que conduz ao Creador.

 O Messias, o Enviado, o Escolhido, o Ungido, o Cristo, são – em nosso entender – apenas sinónimos para designar alguém que trouxe consigo uma doutrina que não é sua e da qual se tornou Mensageiro.

O Próprio Jesus declara: «A minha doutrina não é minha, mas daquele que me enviou». (Jo 7,16).

 Jesus, digno de todo o nosso amor fraterno em presença do seu sacrifício porque, se todos os homens adotassem os seus ensinamentos, o nosso mundo seria um mundo de amor, de compreensão, de paz e harmonia sob a égide do «Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças como primeiro Mandamento. O segundo é este: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro maior do que estes». (Mc 12,30-31). 

Deste modo, entendemos que Jesus se tornou a figura símbolo de uma doutrina Divina – Lei do Supremo Senhor de tudo quanto foi creado – que teremos de seguir se quisermos, na verdade, chegar à casa do Pai de todos nós, tal como Jesus nos esclarece quando nos lega como ensinamento a parábola do "Filho Pródigo".

Mas, em Jesus, não encontramos só estes indicativos de veredas para chegar a Deus. Ele, na verdade, demonstra-nos magistralmente o que é necessário alterar em nós para o conseguir pois temos ouvidos para ouvir e olhos para ver, mas não ouvimos nem vemos.
 
E ainda podemos acrescentar que Deus nos deu a inteligência para discernir e compreender e o livre arbítrio para decidir, mas nós não conseguimos discernir nem compreender e estamos longe de querer decidir porque vivemos em dúvidas e prisioneiros daquilo que não somos por ignorância daquilo que somos.

O Creador, ao longo dos milénios, tem enviado ao Mundo muitos mensageiros que de uma forma ou de outra trazem consigo mensagens que, bem apreciadas e compreendidas, se repetem vezes sem conta informando-nos dos caminhos espirituais a percorrer.

Estudando-as, chegamos à conclusão de que estamos todos dizendo o mesmo, com palavras e compreensões diferentes, porque tudo tende para a unidade e nós vivemos em divisionismo, exacerbando diferenças que promovem o egoísmo, o orgulho e a prepotência que se traduzem em religiões de contradições e guerras onde os homens se matam uns aos outros.     

Neste aspeto, em outras conceções espirituais de outras latitudes nomeadamente as orientais, os dotados já de condições para crescerem espiritualmente sabem discernir aquilo que na realidade são daquilo que não são, porque isso é conhecimento básico das suas conceções espirituais.

E, portanto, descobriram que pondo de parte aquilo que não são, acabam, através da prática da meditação, por chegar àquilo que são. E quando conseguem chegar àquilo que são, estão iluminados pelo conhecimento e é-lhes desnudada a verdade.

Não são todos os que o conseguem nesta reencarnação e em muitas outras mas, tal como cá, alguns atingem essa culminância porque somos todos filhos de Deus, e as Leis Divinas são para todos, sejam eles Yeshua, S. Agostinho, Buddha, Krishna, Francisco de Assis, Rama, Tomás de Aquino, Sri Ramana Maharshi, Teresa D' Ávila, Albert Schweitzer, João da Cruz ou outros, conhecidos e desconhecidos.

Pela prática da meditação eles interiorizam-se e transformam-se em espectadores completamente neutros de comentários. É um estado que os leva, nessa alteração de consciência relativa, para a realidade, esvaziando tudo que as suas mentes lhes sugerem através de pensamentos e imagens praticando a possibilidade de se encontrarem com o Ser Supremo, ou seja, a única Realidade.

Eles sabem que, situada no chacra (ou centro de força) Base, se aloja uma energia representada simbolicamente por uma serpente a que chamaram de Kundalini que se vai desenroscando e subindo através da coluna vertebral, chakra a chakra, conforme a gradual evolução do ser.

E é nessa prática diária de meditação e devoção que a Verdade Suprema os vai instruindo através da intuição silenciosa, até atingirem a culminância da Consciência Absoluta com o Supremo Ser.

Simultaneamente, a energia kundalínica atinge o chacra coronário e dá a curva pela glândula pineal formando um 8 e acontece assim a iluminação ou a realização do Homem integral, ou seja, o encontro com o Ser Supremo.

A alma humana purificou-se e encontrou, na sua transformação, as condições de espírito puro que lhe permitiram a união absoluta com o Creador.

 Sri Maha Krishna Swami dá-nos, em verso, o seu Sentir:

      Agora que a luz cai,
      Vamos brincar
      De estrelas azuis,
      Desmanchando o passado
      Que não foi.
      O sonho que não sonhamos
      
      É por isso que gosto      
      De não poder mais nada
      Contra o tempo
      Que não existe,
        De saber unicamente
      Esta aventura
      Que é o reencontro.
      Porque há sempre
      Um sentir de ausência
      Em cada mão que acena
      Partindo ou chegando.

      Ausento-me do corpo,
      Da mente e dos sentidos.
      Amo o que nunca vejo,
      Só o que sinto...
               Sri Maha Krishna Swami

No Ocidente é Jesus a nossa referência como emissário do Creador da doutrina chamada cristã por ter sido trazida pelo Messias, há muito profetizado, conforme está descrito em Daniel 9,25-27.

Em certo momento, o Homem que procura Deus dentro de si começa a sentir gradualmente a plenitude da paz interior, harmonia e conforto, que o dispõem bem e apercebe-se da grande tranquilidade que se forma graças a um envolvimento amoroso, que o transporta como que para uma outra dimensão.

É o começo de uma vivência interior de inefável prazer da sua realidade como se não tivesse qualquer peso mas pairasse para além de qualquer situação conhecida e, naturalmente, ele inicia um contacto com algo de natureza imponderável que lhe permite, com a continuação, vivenciar a pouco e pouco, de espírito a espírito, consciência a consciência, que atua como ajudador, ensinando, testemunhando, evidenciando, guiando, falando e ouvindo através do próprio silêncio.

A este respeito falou Jesus do Consolador, o Espírito Santo, o Espírito de Verdade, que mais não pode ser que não seja Deus, porque a verdade só pode existir em realidade, em absoluto.

Em Mateus 10,19-20 esclarece Jesus os seus discípulos quando lhes diz: «Mas, quando vos entregarem, não vos dê cuidado como o que haveis de falar, porque naquela mesma hora vos será ministrado o que haveis de dizer. Porque não sois vós quem falará, mas o Espírito de vosso Pai é que fala em vós».

Pensamos que pode haver outros consoladores e houve, através dos tempos, quem trouxesse paz e esperança aos homens, mas tudo foi dentro de um critério relativo e esotérico porque ainda não tinha chegado a hora da ceifa e as interpretações eram contingentes, com as imperfeições naturais de quem ainda não atingiu a Verdade Absoluta, e isso só acontecerá quando encontrarmos a verdade absoluta e ela nos libertar da nossa ignorância.

E no momento que O encontrarmos diremos: "Na verdade, quando conseguimos conhecermo-nos, logo te conhecemos Senhor".

E, resumindo, eis uma pequena e simples história da vida de um homem à boa maneira simbólica e esotérica de expor aquilo que se quer transmitir, mas de forma velada.

Era uma vez um homem que nasceu num povoado de pessoas muito simples e pobres, junto ao qual existia uma montanha muito alta, tão alta que se não via o seu cume.

Desde pequenino ouvia contar à lareira uma lenda que dizia: Quando alguém conseguisse chegar, a pé, ao cume daquela montanha, todo nu, e tivesse bastante coragem, força de vontade e conseguisse não duvidar da veracidade do conto, encontraria a maior riqueza que não se pode sequer imaginar e, com ela, uma felicidade sem limites.

Como dolorosa era a sua vida recheada de trabalho e cansaço, perguntava-se: Será que a lenda é verdadeira ou não? Serei eu capaz de subir tão alto? A dúvida era imensa.

E um dia, já entrado nos anos, pensou: Sinto-me atraído para saber a verdade, já não tenho o vigor que tinha mas devagar, passo a passo, gradualmente, vou tentar, antes que morra, tentar saber e dizer aos meus pobres conterrâneos se a sua lenda, que atravessara tantas vidas, seria verdadeira ou apenas mais uma história.

E assim aconteceu. Preparou-se para a escalada e pôs-se a caminho. E, subindo a montanha, ia-se despojando da roupa que levava. Primeiro tirou o chapéu, depois o cachecol e ia andando e, mais além, a camisa, a meio, as calças, mais ao longe, as roupas interiores. Olhou para cima e viu que ainda lhe faltava bastante mas não esmoreceu e continuou.

E, quase perto do cimo, parou e deitou fora as botas completamente destroçadas pela caminhada e, descalço, alcançou o cume da montanha.

Estava deserto. Apenas se encontrava uma grande pedra no meio daquele pequeno terraço e, completamente exausto, sentou-se nela e ainda lhe surgiu a dúvida; mas ele tinha acalentado tantos anos a veracidade daquela lenda que, de súbito, disse para si mesmo: "retire-se de mim a ilusória dúvida para que não tenha este esforço final sido em vão".

De imediato a montanha se iluminou e o envolvimento amoroso que sentiu foi algo impossível de descrever e olhando lá do alto a extensão do mundo, tomou conhecimento de tudo e no meio de grande alegria e felicidade uma enorme compaixão envolveu todo o seu ser translúcido que, abarcando dimensões infinitas, varreu de si todas as dúvidas e o fez sentir-se uno com o infinito.

Logo se sentiu desejoso de comunicar aos seus conterrâneos que a lenda era verdadeira mas logo sentiu dentro de si um grande silêncio e, de seguida, no meio daquele silêncio, foi tomando consciência do aviso que ia compreendendo.

Não podes! Porque aquilo que agora sabes, a humanidade não tem palavras que o possam descrever e, por isso, não compreenderiam o que dissesses e achariam que tinhas enlouquecido e, como sempre, não acreditariam em ti.

Tenhamos Esperança porque, bem direcionada, nos leva à Fé que, por sua vez, nos transportará para a unidade com Deus.

 Abrame
Um abraço fraterno - Abrame

Offline Abrame

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Re: Pensamentos
« Responder #139 em: Abril 06, 2017, 15:27:05 pm »
Companheiros do Caminho
Mais um texto do arquivo do Abrame para vossa apreciação.

CAMINHOS

Nos mundos onde os seres evoluem existem muitas estradas de diversas configurações, desde retas largas, estreitas, curvas, oblíquas, cruzadas, paralelas, verticais e também sem saída, que obrigam os seres em evolução a dar grandes voltas para encontrarem de novo a sua direção.

Os seus muitos cruzamentos são de tal ordem complexos que criam autênticos labirintos, levando o Homem a perder-se sem atinar com a estrada que conduzirá à saída tranquilizadora da consciência límpida que cria a tranquilidade, a harmonia, a paz e promove a sabedoria.

Estas estradas dividem-se em dois grandes grupos: o grupo que leva o Homem à perfeição e sabedoria e o grupo que conduz à degradação que atrasa o alcançar do objetivo da lei da evolução: a realização humana.

Como é óbvio, também no final das estradas dos dois grupos existem duas portas. A do primeiro grupo só se abre para dar entrada ao ser que conquistou o direito à vida infinita e a do segundo dá passagem à chamada morte da vida na forma, com a promessa expressa de que lhe será facultada uma outra vinda para experienciar, vivendo, o que ainda não conseguiu sublimar.

Há vida na vida e também vida na morte.

Por isso nos diz Jesus: «Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela; e porque estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem.» (Mt 7,13-14).

As estradas do primeiro grupo são mais apertadas e perto do final configuram-se numa só, ainda mais apertada, enquanto as do segundo se alargam e dividem cada vez mais. 

Todos aqueles que descobrem as estradas do primeiro grupo – a da evolução consciente – hão-de forçosamente passar pela porta estreita que foi construída com o esforço constante da elevação da alma humana no desejo espiritual que os conduzirá, como disse Jesus, “à vida eterna”.

Os que, sem pensar, teimam em permanecer no declive da degradação, encontram sempre a porta larguíssima escancarada, construída com facilidade na base dos seus vários desejos e ambições mundanos, dominados pela atração, irresistível e subjugante, das solicitações da matéria e, desse modo, vivem percorrendo o trajeto onde a vida alterna com a chamada morte.

Na vida nos mundos materiais há morte. Na vida crística, que Jesus nos ensinou, vence-se a morte e entra-se na vida infinita.

A estrada da evolução é apertada, pelo que muito exige da transformação do Homem. Poucos são os que de cada vez acertam com ela, mas grande é o número dos resistentes que não querem acertar pois que ouviram dizer que ela é feita de renúncia.

A estrada que atrai o ego físico, mental e emocional é larga e sugestiva, por isso muitos são os que a preferem e dela não querem desfazer-se pois a sua porta é fácil, atraente aos desejos e espaçosa facultando à personalidade humana consideráveis prazeres e diversões efémeras.

Para percebermos a diferença teremos que descortinar com os olhos da alma qual a estrada da evolução e desejá-la ardentemente porque ela está destinada, nas leis da creação, a conduzir o Homem a cumprir o seu inevitável destino, como nos elucida Jesus na parábola do filho pródigo.

Porque as estradas da degradação, na sua marcha ilusória, proporcionam ao Homem os prazeres efémeros do mundo, é com imensas dificuldades de variadíssima ordem que ele se consegue libertar porque o mantêm aprisionado, como hipnotizado, a esses postulados.

Devemos ter a consciência que ao seguirmos pela estrada da evolução, por ela ser apertada exige conhecimentos, reclama atenção, raciocínio criterioso, espiritualidade sã, tendo todo o cuidado para não nos desviarmos da rota marcada porque o caminho dela terá que ser retilíneo em direção à luz, ao passo que as estradas da degradação são dotadas de muitos atrativos, recheadas de músicas e conceitos de inebriante ilusão.

Nelas funcionam os cinco sentidos humanos que entram em plena fascinação e se embriagam pelas ondulantes sensações exteriores, neutralizando o espírito que fala à consciência de dentro da nossa alma que, adormecida, não permite a manifestação da razão.

Por isso, nos adverte Paulo de Tarso que devemos fazer exame nítido, racional, inteligente, de todas as escrituras, “examinai tudo, mas abraçai só o que é bom”. (1Ts 5,21)

Para se escalar a escada evolutiva e entrar pelo portal ultra silencioso do progresso espiritual, torna-se necessário ter pureza amorosa dentro de si, prosseguindo com consciencializada fé real, prudência, temperança, retidão, justiça, e de alma aberta ao Creador.

As estradas da degradação são as da ira, da luxúria, da soberba, do ter, do possuir, do ódio, da gula, da inveja, da falsa superioridade e do desamor que, na sua manifestação desumana, causam a dor e o sofrimento que todos nós conhecemos por os termos vivenciado em muitas vidas reencarnatórias.

Por tal motivo é o percurso das estradas largas e da porta ampla e espaçosa, o da ignorância e da inconsciência da razão de ser da vida.

Poderá o Homem lamentar-se dizendo: meu Deus, meu Deus, porque me envias tanto padecimento? Ou ainda atribuir tudo ao destino da má sorte e ao infortúnio por passar por todos estes períodos de dor e de sofrimento?

Só pode pensar assim por não saber os trâmites porque se rege a Lei de Causa e Efeito e a Lei da Reencarnação, que nos elucida que toda a dor e sofrimento porque passamos são gerados por nós próprios.

Não é à falta de sermos intuídos ou avisados que teimamos em enveredar por más estradas. A Doutrina Espírita também nos consciencializa de que não devemos aceitar tudo sem que primeiro passe pelo crivo da razão.

Ao longo de muitos milénios foram enviados à Humanidade seres de luz que, nas suas missões de esclarecimento, vieram alertar os homens para que não se enganassem na escolha das estradas a percorrer, mas as ilusões do mundo têm sido mais fortes na influência fascinante que dinamizam.

Há dois mil anos, tivemos connosco o Mestre dos mestres, o Messias Jesus, que nos transmitiu uma doutrina que continha em si as leis Divinas que conduzem o ser à casa do Pai.

E por isso ele nos diz: «Eu sou o caminho, e a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, senão por mim.» (Jo 14,6) ou seja: quem seguir a doutrina que Jesus ensinou, encontrou o caminho certo para entrar no reino dos céus.    

Jesus é a identificação doutrinal com o próprio Creador e por isso diz que Ele e o Pai são Um e diz a Filipe: «Não crês tu que eu estou no Pai, e que o Pai está em mim? as palavras que Eu vos digo não as digo de mim mesmo, mas o Pai é quem faz as obras.» (Jo 14,10)

Para não nos enganarmos na escolha da estrada certa consciencializemo-nos profundamente, devotadamente, dos seus ensinamentos, com a nossa alma cheia de amor puro.

Porque Jesus nos ensina: «Pedi e dar-se-vos-á, buscai e encontrareis; batei e abrir-se-vos-á. Porque aquele que pede, recebe; e o que busca, encontra; e ao que bate se abre. E qual dentre vós é o homem que, pedindo-lhe pão o seu filho, lhe dará uma pedra? E pedindo-lhe peixe, lhe dará uma serpente? Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará bens aos que lhe pedirem? Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós, porque esta é a lei e os profetas.» (Mt 7,7-12).

Só que, para podermos entrar em contacto com Deus, necessário se torna que a nossa alma tenha atingido a sensibilidade crística para que a sua frequência vibratória tenha já em si as condições requeridas que permitam ser ouvida pela centelha Divina que habita em nós.

Pensamos que sendo Jesus um homem de Deus, para que o possamos compreender teremos que fazer os possíveis para assimilarmos o sentido profundo da essência dos seus ensinamentos que terão de ser compreendidos sob o âmbito espiritual.

Por mais alterações de que os Evangelhos tenham sido objeto, pelas diversas razões que nos apresentam, a extração essencial da profundidade de que os ensinamentos de Jesus se revestem tocam a alma sensível e sedenta de conhecimento, porque intuitivamente ela absorve o que na realidade e naturalmente se torna absorvível.

A Idade Média passou e hoje já estamos melhor informados sobre o que se passou no tempo de Jesus através dos Evangelhos ditos apócrifos, dos avanços científicos, de estudos aprofundados e do que se tem apurado através do estudo e pesquisa de homens interessados na verdadeira espiritualidade.

De posse desses dados já vamos percebendo, pelas conclusões a que chegamos intuitivamente, que tudo tem um sentido lógico e racional que nos dá imenso conforto.

Necessitamos de conhecer a autêntica fé e embora se comece por crer, é necessário alcançar a fé verdadeira porque fé já não é crença mas vivência no mais íntimo da alma humana.

A fé não é mercadoria que se adquira na praça pública nem dádiva que se aceite ou ofereça para ser agradável.

Não a fé cega, porque essa não conheceu a verdade porque os olhos da alma não a viram, nem a viveram.

A fé cega, não passando de crença, é apenas algo em que se acredita como popularmente é conhecida, que nos foi induzida sem análise real dos Evangelhos, sem exame e observação de outras compreensões e, sobretudo, sem a nossa aceitação consciente pelo juízo da razão.
 
Para lá chegarmos haverá muito trabalho a fazer no nosso interior, muito que depurar e consciencializar.

Porque só a conheceremos no momento em que esse sentimento se manifestar no sacrário da nossa alma, quando se estabelecer o contacto da conversação empática entre a alma humana e o espírito Divino.

A verdadeira fé nasce do estudo, do livre exame, da observação, da dedicação interiorizada, da transformação que eleva a nossa alma aos níveis do amor sublime porque essa é a fé ativa, racional e vivida com Aquele que está em nós.

A ignorância da fé, que por isso é apenas crença, é passiva, tradicional, passando de geração para geração, aceita os dogmas que lhe são propostos sem consciência, sem análise, sem convicção, sem a necessária vivência.
   
Por isso diz Jesus: «Deixai-os: são condutores de cegos! Ora, se um cego guiar outro cego, ambos cairão na cova.» (Mt 15,14).

Examine cada um a sua fé, se já é fé ou se ainda é crença e observe criteriosamente se a casa que edificou foi construída solidamente e se foi erguida sobre a rocha.

Para isso necessitamos de saber sentindo o que é renúncia, trabalho de transformação do nosso ego, vontade inabalável, luta interior sem tréguas, oração, humildade, abnegação, consciência do que somos verdadeiramente, para que o edifício tenha bons alicerces e esteja construído sobre a rocha indestrutível: Deus.

Analisando, concluímos que existem quatro tipos de seres humanos que têm a sua forma de estar no mundo.

1º - Os que não acreditam em Deus, seguem os trâmites da vida terrena e pensam que quando morrerem a vida acabou e não há mais nada, embora saibamos que em muitos casos são ditos sem consciência de causa e outros para exibirem a sua ilusória fortaleza.

2º - Os que acreditam em Deus mas não pedem, não procuram, nem batem em portas fechadas e esperam que Deus faça tudo por eles. O que não acontece pois Deus é o nosso Creador mas não é o serviçal a prazo dos homens. Desconhecem as leis da evolução.

3º - Os que também acreditam na existência de Deus e pedem, procuram, batem na convicção de que essa sua insistência humana resulta na obtenção daquilo que desejam, pretendendo também em certa medida que Deus os sirva.

São os autos suficientes, os autos complacentes, os que pensam que à força de pedir aparece o milagre da resolução de todos os seus problemas e se fiam na capacidade do seu ego físico, mental e emocional, fazendo naturalmente o culto da sua personalidade, cumprindo todos os preceitos e conceitos religiosos a que pertencem.

Cumprindo sempre as normas exteriores estabelecidas pela sociedade são pessoas de bem e nada mais é preciso perante Deus.
 
A partir daqui nada mais há a analisar em si próprios e, sendo assim, nada têm a transformar em sua personalidade pois os afazeres do mundo são prioritários.

4º - Finalmente os que acreditando em Deus, pedem, procuram, batem, criando atitudes passíveis de recetividade, esvaziando-se das negatividades do seu ego físico, mental e emocional, estudando e aprofundando a razão de ser da vida, adquirindo estados espirituais de harmonia, de paz, que libertam a sua alma da ignorância e lhes permitem procurar o Deus que Jesus declarou estar em toda a parte.

Paremos e ouçamos Jesus. «Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha; e desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha. E aquele que ouve estas minhas palavras, e as não cumpre, compará-lo-ei ao homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia; desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e caiu, e foi grande a sua queda. E aconteceu que, concluindo Jesus este discurso, a multidão se admirou da sua doutrina: porquanto os ensinava como tendo autoridade, e não como os escribas.» (Mt 7,24-29)

Mas tenhamos presente que Deus é amor e que nenhum dos seus filhos se perderá ou se extinguirá – como preconizam alguns – bem como seja o que for que faça parte da creação, visto que tudo partiu do próprio Deus e tudo retorna a Deus como um todo que é.

Assim, Jesus, que sempre tinha uma parábola para justificar uma verdade, disse-lhes: «Que homem dentre vós, tendo cem ovelhas, e perdendo uma delas, não deixa no deserto as noventa e nove, e não vai após a perdida até que venha a achá-la? E, achando-a, a põe sobre seus ombros, gostoso; E chegando a casa, convoca os amigos e vizinhos, dizendo-lhes: Alegrai-vos comigo, porque já achei a minha ovelha perdida. Digo-vos que assim haverá alegria no céu por um pecador que se arrepende, mais do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento.» (Lc 15,4-7)

Pensamos que nada se pode perder em Deus, porque tudo está dentro e o fora não existe.

Pensamos que o que acontece é apenas o atraso do ser, porque Deus deu ao Homem total livre arbítrio, ou seja, plena liberdade de O amar ou odiar, porque não o quer receber no seu seio pressionado ou obrigado, mas de sua livre vontade, através do amor que conquistou, senhor de todos os atributos da sua filiação Divina.

Deste modo o único prejudicado pelo atraso é o próprio Homem.

Porque ouvindo não ouvimos e vendo não vemos, deixamos que o nosso ego, na sua soberba, se encha de orgulho e vaidade tornando a vida, que com tanto amor Deus nos deu, dolorida e sofrida e que nos transforma em vítimas de nós próprios.
      
Deus, na sua creação, tomou todas as precisas providências que dão ao Homem infinitas oportunidades de encontrar a estrada e a porta franqueada que o levará de retorno à casa que, por direito dos filhos da luz, lhe está destinada desde o princípio.

E haverá alegria e festa no céu. (Lc 15,4-10).

Abrame
Um abraço fraterno.

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Re: Pensamentos
« Responder #140 em: Maio 11, 2017, 15:50:26 pm »
Companheiros do Caminho
Mais um texto que encontrei entre outros antigos do Abrame para vossa apreciação

ESCADA EVOLUTIVA

«Estreita é a porta e apertado é o caminho que conduzem à Vida eterna»

Após milhões de milénios, o Homem afundou-se na selva do mundo material e perdeu-se no labirinto de conceitos, sentimentos, postulados, tomando o irreal pelo real e não conseguiu, no emaranhado labirinto, dar com a saída que voltaria a trazê-lo de novo à plena luz real.

Alguns, com porfiada vontade e determinação, foram cortando as amarras e lianas à força de sacrifícios desentorpecedores de forma a clarear o caminho e conseguiram, com extrema dor e abnegação, encontrar o carreiro estreito que os conduziu àquela porta apertadíssima que os libertou das garras do monstro da ignorância e do cárcere espinhoso da ilusão.

Estes venceram o ciclo da vida e da morte e alcançaram a vida eterna, a desmaterialização da sua alma plena de liberdade em que não há caminhos nem portas estreitas mas o espaço infinito da consciencialização do Divino.

Para realizarmos em nós este processo individual saibamos desde já que são muito poucos, de cada vez, os que o conseguem consumar por árduo e doloroso trabalho interno.

Trata-se da transição de um estado simples e ignorante estabelecido desde o princípio e que, perante a experiência evolutiva através de vidas sucessivas nos mundos da forma, leva à modificação do ego físico, mental e emocional pelo conhecimento adquirido e a um novo estado quase desconhecido, e por isso difícil, que cria as condições necessárias para a manifestação expressa do nosso Cristo interno.

O nosso Cristo interno é o símbolo da doutrina que Jesus Cristo (Cristo quer dizer Messias, ungido, escolhido) ensinou ao mundo e que se resume em amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Amar os nossos inimigos é fácil para Jesus cristificado, porém muito difícil mesmo para qualquer discípulo não consciente dessa doutrina.

Disciplina e discípulo têm a mesma raiz etimológica sendo o discípulo “aquele que segue”.

O que se tornou finalmente fácil para o mestre é extremamente difícil e doloroso para o aprendiz.

Tudo que provém do nosso ego personal no mundo dos sentidos, da mente e das emoções, é fácil para nós porque é rotina de longa data.

É fácil ouvir elogios, ser estimado, amado, aplaudido como um super-homem, talento ou génio, porque tudo isso acaricia o nosso velho ego físico, mental e emocional.

Esta área não requer disciplina, isto é, a arte de aprender, de perseguir o conhecimento, porque todas estas coisas se desenrolam em nós com automática facilidade.

No entanto, é difícil e doloroso abrir mão das nossas posses materiais, dos nossos prazeres, dos elogios e da admiração dos nossos semelhantes, porque estas coisas não se referem ao nosso eu espiritual, estando ainda em atraso na consciência da sensibilidade do real que somos.

O nosso eu espiritual é, para a maior parte dos Homens, a grande incógnita, objeto apenas de crença e onde só pouquíssimos têm experiência própria, porque aqui se requer disciplina, a arte de aprender, de ser aprendiz ou discípulo.

Os grandes mestres espirituais conheciam, por experiência própria, essa faixa maravilhosa. Em face da sua fascinante grandeza e beleza interna, perdiam o interesse pelas coisas do mundo externo.

Eles são os sapientes do espírito, nós, os analfabetos da grande realidade.

Realistas são esses grandes iniciados no mundo da suprema realidade.

Nós somos os pseudorrealistas, inacreditável paradoxo. Quanto mais abrimos os olhos para ver, menos vemos. Quanto mais fechamos os olhos para ver, mais vemos.

E tudo porque só em plena escuridão e silêncio se toma a verdadeira consciência da luz quando esta irrompe.

Preliminarmente para o saber, está o crer.

Crer é algo penúltimo, saber é último.

É necessário crer, mas insuficiente.

Ninguém pode saber, sem que primeiro creia.

Entre o crer e o saber, está a vivenciação.

Se é difícil para o Homem inteligente crer, dificílimo se torna para o Homem crente, saber.

Com o despontar da crença começa uma espécie de agonia para o orgulhoso inteligir mental do Homem porque este se vê obrigado a aceitar algo que começa a tornar-se evidente e não tendo possibilidade de o analisar e testar cientificamente, torna-se humilhante para o seu intelecto.

A agonia não vai terminar com a morte total do ego, mas sim com a sua transformação.

Dá-se a transformação total com a transição do crer para o saber, após vivências dolorosamente experienciais na forma.

O conhecimento externo dá lugar ao desenvolvimento do intelecto que se traduz em variadas crenças. A sua experiência da suprema realidade devorou todas as irrealidades do plano do inteligir e do crer.

Muitos são os profanos, poucos os iniciados, pouquíssimos os realizados.

Torna-se muito difícil passar do inteligir para o crer e do crer para o saber.

O inteligir, ou compreensão mental, é terreno batido, conhecido, denso e firme, ao passo que o crer é terreno de mistério, incerto, subtil, e o saber é algo desconhecido até então para a maior parte da humanidade.

O crer é, ao fim e ao cabo, uma ponte misteriosa entre o mundo conhecido pelos órgãos sensoriais e um mundo espiritual desconhecido. É uma visão longínqua da suprema realidade, é a voz nebulosa da nossa origem, o eco infinito dentro do nosso finito.

O Homem é essencialmente divino embora, em consciência, a sua divindade se encontre, por agora, em estado potencial de latência.

Quando conseguir perceber, pela voz insonora de Deus, o acordar da reminiscência da sua origem Divina, tornar-se-á consciente do seu eu superior e então o crer passará a dar lugar ao saber.

O que falta ao crer, para culminar no saber, é enveredar pelo mais apertado de todos os caminhos para chegar à mais estreita de todas as portas e penetrar nela tal como passar pelo fundo da agulha, despojando-se de toda a materialidade que o envolvia.

Conhecer a Deus é conhecer a verdade, por isso Jesus nos diz: «Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará» (Jo 8,32).

Neste contexto também Jesus sapientemente nos adverte: «Assim, pois, qualquer de vós que não renuncia a tudo quanto tem, não pode ser meu discípulo» (Lc 14,33).

O ser nu, livre de todas as impurezas aderentes do ter, é o passo definitivo que leva o Homem à plenitude do saber e lhe franqueia a porta estreita da vida eterna.

Podemos chamar, a este passo, a morte mística e esse é o destino de todos nós.

Para seguir tal caminho é preciso que se tenha a humildade de perceber como somos tão pequeninos perante a grandeza da creação.

E são os apóstolos que, na sua infantil compreensão dos valores do espírito, em determinado momento perguntam a Jesus: “Quem de entre nós é o maior?” Os valores do príncipe deste mundo ainda eram, nesta altura, o soberano dos apóstolos.

E Jesus responde: «E qualquer que dentre vós quiser ser o primeiro será servo de todos» (Mc 10,44).

Jesus não só ensinou como exemplificou na prática, ao lavar os pés aos apóstolos na última ceia.

Desde o princípio, em que recebeu o livre arbítrio e a inteligência, que o Homem se foi afastando da sua natureza espiritual, aceitando como real a creação material que o envolvia, tentando denodadamente dominá-la até atingir a presente era atómica, em que se tem como senhor do mundo.

Devido ao avanço tecnológico ele sente-se cada vez mais soberano do mundo, graças ao poder que lhe foi outorgado pela divindade.

O intelecto, sem cuidar que todo este progresso científico deveria ser posto ao serviço do bem-estar e felicidade do Homem, tem servido para ampliar a sua personalidade dominadora, eivada de orgulho frio, vaidade, egoísmo e agressividade.

Não foi por acaso que Jesus lhe chamou o príncipe deste mundo.

Por isso o Homem não olha a meios para conseguir sobrepor-se, quer em poder económico, quer em poder político, esmagando tudo que se interponha, sem quaisquer resquícios de escrúpulos, porque esta é a sua verdade e desconhece os reais valores do espírito.

Funesta ilusão do Homem.

A verdadeira grandeza do Homem está na consciência de se saber e sentir servidor de algo que o transcende.

A consciência de serviço voluntário, como cooperador dos altos desígnios Divinos, enche o Homem de profunda reverência e sacralidade, constituindo a sua felicidade intensa e sólida, envolvido em inefável vibração do amor de Deus.

Nisto está a grandeza do ser, em contraste com a pequenez do ter.

Este Homem não se sente como alguém que faz grandes coisas, mas como alguém através do qual grandes coisas são feitas, por sua própria permissão consciente.

Permite, precisamente porque criou a vontade de querer servir naturalmente.

Este Homem torna-se passivo, recetivo à vontade da divindade e subordina-se à jubilosa razão transcendente e, por conseguinte, por ele flui o poder do Creador que vive nele e nele encontra campo para que, ao seu redor, os outros homens encontrem paz, apoio, sabedoria, justiça e amor.

Este Homem perdeu o medo porque alcançou a liberdade que a verdade lhe conferiu e pela sua boca saem palavras que confortam.

Palavras que confortam mas que também incomodam e criam rancor dos que são abastados e prisioneiros das coisas do mundo.

É necessário que o Homem saia da sua longa doença de querer ser servido, para a vigorosa saúde de querer servir.

É necessário que adquira a consciência cósmica de ser um servidor incondicional do misterioso espírito que rege o universo e, quando a adquire, entra pela porta da imortalidade perene.

Diz-nos a história que todos os homens que se devotaram a servir, conhecidos e desconhecidos, que foram e são grandes, adquiriram a suprema grandeza ao servirem voluntariamente o poder infinito porque se inebriaram do amor ao próximo.

Transformar pois o nosso eu inferior, é imprescindível para se vencer as trevas da ilusão, dando lugar à supremacia do nosso eu superior, iluminando-nos e iluminando todos aqueles que de nós se aproximam.

Por isso diz Jesus, em resposta à pergunta dos apóstolos, quem de entre eles quiser ser grande seja o servidor de todos.

Para que o Homem possa compreender tão estranha sabedoria, completamente oposta a todos os padrões da vida atual em nosso mundo, terá que ultrapassar uma fronteira dentro de si mesmo, fronteira de que o profano nada sabe, e este nada saber é a sua pequenez e a sua infelicidade.

Resta-nos a íntima alegria de sabermos que, em algum dia, no momento certo, todos viremos a saber pois foi essa a grande mensagem do mestre.

Também está escrito que nada está oculto que não venha a ser conhecido.

Nessa altura compreenderemos profundamente a verdade oculta das palavras: «Tenho-vos mostrado em tudo que, trabalhando assim, é necessário auxiliar os enfermos e recordar as palavras do Senhor Jesus, que disse: Mais bem-aventurada coisa é dar que receber» (Act 20,35).
 
Cremos plenamente na promessa da esperança Divina, anunciada por Jesus, de uma vida eterna plena de amor e sabedoria e por isso te amamos, nosso Deus e Senhor.

 Abrame
Um abraço fraterno.

Offline Abrame

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Re: Pensamentos
« Responder #141 em: Junho 15, 2017, 16:47:36 pm »
Companheiros do Caminho
Dos arquivos do Abrame retirei mais um texto para vossa apreciação.
O PENSAR E O SENTIR
Vós sois a luz do mundo
Vós sois o sal da Terra

    Jesus, “O Cristo”, trouxe ao mundo uma doutrina messiânica que constituiu a sua própria missão de evangelização da humanidade, de harmonia com o atual estado evolutivo do Homem, na qualidade de nosso irmão maior em perfeição e sabedoria.

Em dado momento observa Jesus: «Eu sou a luz que vim ao mundo para que todo aquele que crê em mim não permaneça nas trevas.» (Jo 12,46).

O sentimento e a razão constituem, no Homem, os dois pilares que o levam pela estrada da ascensão, porque fazem parte básica da sua vida psíquica, e dos quais brota o ponto central que sustenta a alma na sua evolução guiada pela inteligência e o coração.

Quando o Homem, na busca da verdade, se entrega e alicerça no raciocínio lógico corroborado por sentimentos de virtude, envolve-se no ambiente do amor fraterno que o dignifica, elevando-se a esferas de espiritualidade que lhe proporcionam a paz da sua alma.

Para além disso, ao atingir dimensões superiores onde o conhecimento reside, recebe intuições desse conhecimento que o levam a discernimentos de larga compreensão da razão de ser da vida pela união da mensagem interior do espírito Divino.

Interiorizar mentalmente sentimentos vários de elevação espiritual é, na realidade, viver, visto que sentir é viver.

“Cogito, ergo sum”: penso, logo existo.

Descartes chegou àquela conclusão porque não só pensou como sentiu.

Pensou que existia e sentiu a vida em si próprio.

Há diferença entre os homens que pensam e os que sentem. E há também aqueles que pensam e sentem.

Os homens que pensam sem sentir, ou seja, sem viver, utilizam apenas o seu intelecto.

Os homens que pensam e sentem, ou seja, vivem, põem em movimento os seus sentimentos através do coração, onde a alma humana se manifesta em conformidade com o seu grau de sensibilidade.

Pensar sem sentir, sentir sem pensar, são atos abstratos que levam a alma para grandes ideais mas não a libertam da ignorância e do atraso. É pois necessário que o pensar seja acompanhado do sentir.

Numa alma livre o pensar completa-se com o sentir e o sentir com o pensar porque a verdade não tem medo do erro visto que a luz não pode ser absorvida pelas trevas.

A compreensão não advém só do raciocínio. Advém do raciocínio fundido com o sentimento.

São estes os dois grandes polos da estrada da vida.

As aves viajam em plena liberdade no espaço mas têm os seus limites nos ares.

Criarmos espaços ao nosso entendimento pelo raciocínio e tornar abrangentes os percursos afetivos do nosso sentimento, é conquista de grande sabedoria.

Não tenhamos medo de assim proceder porque também temos os nossos limites que se alargarão a pouco e pouco.

Os progressos da real elevação espiritual não acontecem de súbito mas sim gradualmente, à medida que o homem vai adquirindo as condições necessárias para atingir o degrau seguinte.

Ninguém se torna sábio da noite para o dia.

Arredemos de nós a escuridão da ignorância que constitui a barreira à inteligência que Deus nos deu e nos amarra aos chamados mistérios e valores que o Homem construiu nos mundos da forma e pelos quais se vem regendo há milénios.

Procedamos, no templo do nosso ser, à expansão da nossa razão através do pensamento liberto de conceitos, sentindo intensamente no âmago da nossa alma generosos sentimentos que, em simultâneo com os nossos corações, nos transportarão para as áreas superiores a fim de podermos ascender aos planos da ciência do espírito Divino que habita em nós.

Aprendamos e saibamos entrar em meditação que é o caminho correto para atingirmos esferas de sapiência e procuremos permanecer nas palavras de Jesus porque quando atingirmos as condições que se requerem, logo conheceremos a verdade e a verdade nos libertará.

Qualquer que seja a proveniência que aciona a sensibilidade da alma, vinda de fora ou de dentro, sentimos em nós toda a sua expansão que abrange vários sentimentos que, unidos à estrutura da nossa mente pensante, nos leva a viver intensamente.

Se pararmos pois para refletir, verificamos que a vida se processa dentro de nós, que ela é parte integrante da nossa alma e sendo a nossa alma o nosso eu superior, nós somos a própria vida.

Sendo assim e tendo sido creados pela luz Divina – se não houvesse luz estaríamos em trevas – certamente não existiríamos, pois a luz é a manifestação do real: Deus.

Em todos os livros de ciência do espírito existe a afirmação de que Deus é luz.

Da luz irradia a vida, a alegria e a beleza compostas de todas as cores e sons de inimagináveis combinações de maravilhoso requinte, que levaram Hermes Trismegisto a compor a sinfonia das esferas em presença dessa manifestação em todo o universo.

Cientificamente chegou-se à conclusão que ela é a matéria-prima de todas as coisas materiais.

Todos os elementos químicos são provenientes dessa luz invisível, quando condensada, e dos quais são feitas todas as coisas do mundo.

Logo, a luz é a manifestação da natureza de Deus, que nos transcende em termos de compreensão, sendo assim a causa e a origem de todas as forças do universo quer sejam materiais ou espirituais.

Como nos é dito em João 1,5: «Deus é luz e nele não há trevas.»

Também ainda Jesus nos diz que é a luz do mundo e, dirigindo-se aos apóstolos, os informa de que são a luz do mundo.

Sendo Deus luz e também Jesus e os apóstolos que são seres humanos creados à imagem e semelhança do Creador, o que Jesus nos quer dizer é que somos essência Divina proveniente da luz e, portanto, somos luz que se manifestará em toda a sua plenitude quando atingirmos a sabedoria dos filhos da luz.

«Vós sois a luz do mundo: não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte; nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a todos que estão na casa. Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.» (Mt. 5,14-16).

Na verdade o homem que atingiu as culminâncias da luz, o conhecimento, não o deve ocultar para que não dê lugar ao egoísmo, sabendo de antemão que quer ele seja como uma cidade no cimo do monte ou resplandecente num candelabro, nem todos o vêem e dele beneficiam.

Porque foi deste modo que Jesus nos esclareceu: «Quem tem ouvidos para ouvir, ouça. E acercando-se dele os discípulos disseram-lhe: Porque lhes falas por parábolas?» (Mt 13,9-10).

Ele, respondendo, disse-lhes: «Porque a vós é dado compreender os mistérios do Reino dos céus, mas a eles não. Ao que tem, se lhe dará e terá em abundância, mas ao que não tem será tirado até mesmo o que tem. Eis porque lhes falo em parábolas: para que, vendo, não vejam e, ouvindo, não ouçam nem compreendam. Assim se cumpre para eles o que foi dito pelo profeta Isaías: Ouvireis com vossos ouvidos e não entendereis, olhareis com vossos olhos e não vereis.» (Mt 13,11-14).

Porquê? E Jesus continua esclarecendo: «Porque o coração deste povo se endureceu: taparam os seus ouvidos e fecharam os seus olhos, para que seus olhos não vejam e seus ouvidos não ouçam, nem seu coração compreenda; para que não se convertam e eu os sare.» (Mt 13,15).

É pois importante pensar e sentir com o coração, vivendo no íntimo do nosso Ser.

No entanto sabemos que muitos contemplarão essa luz nos recessos mais íntimos de suas almas e concluirão que ela é um emissário cósmico e que despertará em si, com intensidade, a sua própria luz porque a sua natureza é expansiva e mora em toda a creação.

Torna-se de importância evolutiva que tomemos consciência dessa nossa natureza, para que possamos adquirir as condições necessárias de perfeição e sabedoria que se manifestam através dessa luz que deveremos pôr ao serviço, sem exceção, de todos os nossos irmãos que fazem parte de toda a creação.

Porque essa luz sem forma mas abrangente, de natureza pura, não é contaminável, razão porque o Homem tem que decidir-se a abrir caminho através do envolvimento da matéria para chegar ao âmago de si mesmo onde a luz reside como tesouro enterrado no campo profundo da alma que somos.

Na realidade o Homem está intrinsecamente em Deus, não sendo Deus mas seu filho, porque d´Ele imanou e faz parte do todo Divino, o que lhe permite a sublimação da sua alma pela Paternidade Divina.

Quem pratica a virtude ou comete o chamado pecado, é a alma humana na sua ignorância e que representa a individualidade do Homem em evolução.

Assim, todo aquele que entra no âmbito secreto da alma deve fecundar com a sua sabedoria toda a profanidade para que nasça, na humanidade, a fecunda solidariedade do amor Divino.

Não devemos orgulharmo-nos do que é de Deus pois toda a luz vem do Pai e é a mãe da vida.

Conta-se uma história sobre uma conversa de alguém que pergunta a um iniciado: “Poderei eu fazer obras de poder chamados milagres, os que Jesus fazia?” Respondeu-lhe prontamente o sábio da ciência do espírito: “Pode sim, contanto que não creia que é você que os faz.”

Por tal motivo dizia Jesus que as obras que fazia não era ele que as fazia, mas o Pai é que fazia as obras, porque dele mesmo nada poderia fazer.

Desta forma, teremos que ultrapassar o estágio da ilusão sobre nós mesmos e adquirir a real e plena clareza da certeza sobre a causa verdadeira dos efeitos espirituais, para que possamos glorificar a Deus o bem que poderá ser feito através de nós.

Nada se pode fazer de elevada espiritualidade sem que já se tenha alcançado algo da pureza manifestada pela luz da alma evoluída.
Essa pureza nasce unicamente da experiência clara e nítida da verdadeira natureza da essência de Deus no Homem.

Como Deus é puro e invulnerável, a essência Divina no Homem é pertença dessa pureza e invulnerabilidade.

Logo, nenhum homem remido e purificado pelo conhecimento da verdade sobre si mesmo se orgulha da sua espiritualidade, mas agradece humildemente a Deus por essa dádiva.

O Homem torna-se compreensivo de todas as coisas creadas e, por saber a razão delas, adquire a capacidade espiritual de estar em harmonia com Deus o que nos leva a expressar uma serenidade solidária com toda a humanidade.

Antes, porém, deverá passar por um período de solidão, para poder refletir sobre tudo e, através da meditação, lançar os alicerces inabaláveis do seu edifício Crístico de solidariedade universal.

Só depois que o Homem aprendeu, por experiência própria, no silencioso abismo da mística – que é vivência sentida no íntimo da sua alma – o que é Deus e o que é ele mesmo, é que pode atrever-se a ser de todas as creaturas de Deus sem deixar de ser de Deus.

Pode então andar por todos os mundos creados sem deixar de ser do Creador dos mundos.

Pela íntima vivência solitária com Deus adquire a alma intensa virgindade espiritual, que se revela em fecunda maternidade, mãe de muitos filhos de Deus aureolados de perfeição e sabedoria.

O casamento da alma crística com o espírito Divino produz a pura virgindade da alma mística como nos relata Jesus na sua parábola das noivas.

É neste contexto que compreendemos quando Jesus nos diz que ele é a luz do mundo e nós somos a luz do mundo e que, por isso, deseja que a nossa luz brilhe diante dos homens.

Jesus não só nos diz que somos a luz do mundo, como também nos diz: «Vós sois o sal da terra; e se o sal for insípido, com que se há-de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens.» (Mt 5,13)

Atentemos nas aplicações do sal na vida dos seres: protege da corrupção de produtos alimentares; dá sabor aos alimentos tornando-os mais saborosos; esteriliza a terra; no interior dos tecidos vivos a água tem a sua movimentação pelas alterações de concentração do sal; é indispensável à vida, etc.

No entanto, se for aplicado em excesso, torna os alimentos intragáveis e pode causar danos a órgãos do nosso veículo físico.

Sendo o sal portanto um tempero, deve o Homem temperar-se nas suas crenças religiosas e não só no seu modo de estar na vida.

Há creaturas que, nas suas crenças, se excedem acreditando que possuem a verdade, criando em si um incontrolável fundamentalismo fanático que, na sua exteriorização, evidencia uma intolerância violenta e desequilibradora.

Esta atitude não só é prejudicial para quem crê dessa forma como também para aqueles que são envolvidos na sua trajetória desregrada.

Por isso nos diz o Mestre que se o sal for insípido para nada mais presta senão para se lançar fora e ser pisado pelos homens.

Logo daqui se infere o que Jesus nos quis dizer, que devemos ser o que o sal é no mundo material: elemento de pureza, de equilíbrio, de honestidade e de integridade sã e de moral, temperados pelo sabor espiritual.

Devemos dar a quem necessita mas ninguém pode dar aquilo que ainda não tem, pois somente tem o que já lhe pertence por mérito próprio pelo que devemos ser verdadeiramente firmes, dando aos outros o que unicamente já possuímos pois é importante, para o Ser, o dizer e o fazer em termos espirituais.

Se, no íntimo profundo do Homem, não há pureza, sinceridade, consciência crística, nenhum recurso externo pode garantir a qualidade intrínseca das suas obras.

Poderá haver vitórias, triunfos, prosperidades iniciais mas, mais tarde ou mais cedo, denunciar-se-á naturalmente que apenas foram fogos de palha, aparências, ilusões, pois a sua sustentação estava assente em pés de barro que, inadvertidamente e em dado momento, se quebraram.

Pode o Homem enganar a todos e a si próprio mas jamais poderá enganar a omnisciência das leis cósmicas, tal como o sal que se tornou insípido e é deitado fora e pisado pelas gentes.

Desta forma é suprema sabedoria fidelizar o seu querer individual ao querer universal.

Em última análise, ser bom e autêntico é o único meio para praticar o bem.

Ser sal incorrupto é o único meio para preservar os outros da corrupção. Saber temperar no mais íntimo da nossa alma as alturas espirituais, é o seguro caminho para que a espiritualidade se torne saborosa para nós e para todos os que nos rodeiam.

Jesus ao dizer «Vós sois o sal da terra» estava também a elevar os atributos criativos de que o Creador dotou o ser humano com a sua genialidade nos campos da descoberta da sua filiação Divina, nas artes e na capacidade de criar beleza que, junta ao original, o leva a rever-se na alegria da presença da manifestação de Deus, como alimento saboroso da alma em crescimento.

Na harmonia de qualidade de que se reveste o equilíbrio espiritual existe, como expoente máximo da creação no plano hominal, o homem Crístico, que servirá de veículo à manifestação do próprio amor Divino.

Meditar em tudo isto no silencioso templo da vida real, é viver sentindo intensamente com o Divino, tendo presente o segredo desvendado das palavras de Jesus.

-Deus é luz e nele não há trevas.
-Eu sou a luz do mundo que vim ao mundo para que todo aquele que crê em mim não permaneça nas trevas.
-Vós sois a luz do mundo.
-Vós sois o sal da terra.

06-03-1978  Abrame
Um abraço fraterno

Offline Abrame

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Re: Pensamentos
« Responder #142 em: Agosto 07, 2017, 17:48:47 pm »
Companheiros do Caminho
Juntamos para vossa apreciação mais um texto do Abrame que retiramos do conjunto das suas buscas.

PLURALIDADE
Existências Corpóreas
A reencarnação é um dos princípios fundamentais do cristianismo primitivo.

Os apóstolos tinham como verdade incontestável que João Batista era a reencarnação do profeta Elias pelo que sabemos através da leitura do Evangelho segundo Mateus: «Porque todos os profetas e a lei profetizaram até João – e se quereis dar crédito, é este o Elias que havia de vir – quem tem ouvidos para ouvir, ouça.» (Mt 11,13-15)

E mais adiante, em Mateus 17,10-13 lê-se: «E os seus discípulos o interrogaram, dizendo: porque dizem então as escrituras que é mister que Elias venha primeiro? - E Jesus respondendo, disse-lhes: Em verdade Elias virá primeiro, e restaurará todas as coisas; - mas digo-vos que Elias já veio, e não o conheceram, mas fizeram-lhe tudo o que quiseram. Assim farão eles também padecer o Filho do Homem. - Então entenderam os discípulos que lhes falara de João Batista».

Aquilo a que chamamos Justiça Divina processa-se através de vidas sucessivas nos mundos da forma onde o homem se vai confrontando com os erros de vidas passadas. E desse modo, vivendo-os, sofrendo-os – pois só vivendo se sabe – e vivenciando-os, vai construindo a sua consciência dos valores espirituais.

A este processo chama a Doutrina Espírita a Lei de Causa e Efeito. Para a compreender na sua verdadeira justiça temos que tomar como base que essa evolução não é mais do que assimilação consciencial, tornando a consciência do ser cada vez mais abrangente.

Deste modo a nossa alma creada simples e ignorante, vai evoluindo, no seu trajeto, em conhecimento que a levará à superior sabedoria.

A doutrina de uma vida única na forma que ronda atualmente os setenta, oitenta anos, destrói, de uma assentada, o objetivo do Creador que é o aparecimento de seres cada vez mais perfeitos em espiritualidade e sabedoria.

Por isso, nesse trajeto, deu o Creador ao Homem o livre arbítrio e a inteligência como elementos de que o Homem dispõe para a sua gradual evolução por transformação da sua sensibilidade e de conhecimento vivido como ser humano.

Podemos assim dizer que o Creador creou o Homem até determinado estágio para que ele se acabe de criar.

Neste processo, na análise que faz de si próprio após cada vida na forma, torna-se – em consciência – réu e juiz em causa própria, onde nada fica excluído.

Por outro lado é evidente que uma vida na Terra tem um tempo extremamente curto para o aperfeiçoamento da alma, que foi creada simples e ignorante e, por isso, com necessidade de vivenciar toda a creação para adquirir todas as nuances e particularidades nela inerentes.

A doutrina de uma vida única salienta as ações e pensamentos bons e maus como produto de um espírito ignorante e, de uma vez, sem qualquer outra oportunidade, tem como destino o inferno, o purgatório ou o céu. Em alguns casos até se acredita na extinção da própria alma como individualidade.

Jesus nos diz, na parábola do bom pastor, que o pastor deixou todo o rebanho das ovelhas para ir recuperar a que se tinha perdido. Pensamos que Deus é amor e que a crença numa vida única não abona nesse sentido pois pensamos que, sendo assim, haveria neste mundo muitos melhores pais que Deus.

Temos como princípio que o espírito é a centelha divina, imutável – a fonte infinita da sabedoria e do poder espiritual – que vive no Homem e que através da intuição vai fornecendo ensino à alma vivente, que é a individualidade do ser humano, na medida em que esta vai obtendo as condições necessárias no seu trajeto evolutivo.

A alma é a nossa individualidade, semi-espiritual, semi-material, sujeita à mutabilidade do aperfeiçoamento pela ação interior do Deus imanente que é espírito conforme nos diz Jesus – «Deus é espírito» – e pela observação e estudo do exterior da creação.

O corpo é o veículo de que a alma se serve, nos mundos da forma, para a sua aprendizagem evolutiva a caminho da perfeição e do amor de Deus.

Como a alma é semi-material e semi-espiritual, ela só conseguirá atingir as condições para a união com Deus, que é espírito puro, quando se despojar da parte material e adquirir a virgindade espiritual – parábola das noivas.

Como vemos, o espaço de tempo de uma vida terrena é insuficiente para que o Homem atinja um estado de pureza espiritual, o que não é difícil de perceber dado que ele sabe, em verdade, através da sua consciência, que ainda tem imensos defeitos, vergado ao peso de vícios, sentimentos inferiores e desmandos morais.

O supremo artífice do universo deu, a todos os seres, infinitas e iguais possibilidades de ascese pois inseriu, na creação, instrumentos de toda a ordem de características – tantos quantos os necessários – para que a alma humana possa atingir a angelitude e cumprir todas as suas missões para o conseguir.

Até ao dia de hoje muitas investigações foram feitas por entidades credíveis onde se comprova que pessoas encarnadas – mais no período da infância – se lembram de outras vidas, até de familiares e lugares que, na presente vida, nunca viram. Investigadores de reconhecida credibilidade acompanharam pessoas com essas memórias a lugares onde foram dadas provas do parentesco e sítio onde viveram, embora nunca tivessem lá estado na presente reencarnação.

O esquecimento das vidas passadas pelo ser manifesta a perfeição da objetividade da creação e o infinito amor de Deus ao estabelecer em suas leis cósmicas este dado, de modo a obstar ao trauma de tantas iniquidades praticadas no passado, facilitando assim não só a transformação do nosso ego, como o teste do nosso comportamento seguinte.

No advento da Doutrina Espírita, que ensina a Lei da Reencarnação, muitos foram os homens de ciência que, na altura, aderiram a este princípio e lhe deram o seu valioso contributo pois a crença na reencarnação não é de hoje, mas de sempre.

Se não tivessem existido com objetivos escondidos, o primeiro Concílio de Niceia no ano de 325 d.C. e o segundo de Constantinopla no ano de 553 d.C., a lei da reencarnação continuaria a ser tema de base das religiões ocidentais.

Milhares de pessoas no Ocidente estão aderindo à Lei da Reencarnação que é, por si mesma, uma consequência da Lei de Causa e Efeito, dada a sua reconhecida capacidade de explicar os paradoxos que, à saciedade, apresenta o trânsito da alma na vida terrena.

No Oriente, a Lei do Karma sempre foi lei absolutamente estabelecida.

Vejamos alguns dos pensamentos que fomos registando ao longo de nossas vidas e alguns bem populares:

- A dor é a colheita de uma voluntária má semeadura.

- Quem semeia ventos colhe tempestades.

- Todas as transgressões provocam uma reação, alteram o equilíbrio da lei, que tem de ser inexoravelmente restaurada.

- Todo o mal recai sobre quem o pratica. Da mesma forma todo o bem volta aumentado ao ponto de partida. Por isso faz aos outros o que gostarias que te fizessem.

- Ninguém recebe um minuto de dor, se não lhe tiver dado origem.

- Nenhuma dor ou sofrimento é superior à nossa capacidade de os suportar.

- Não encaremos a dor como castigo dos céus, porque Deus não castiga. Ela é apenas uma oportunidade que as leis eternas nos concedem para a purificação das nossas almas e sua consequente ascensão aos planos de felicidade e sabedoria espiritual.

- Não devemos criar novos motivos de dor, mas sim redimi-la através do amor e da prática do bem.

- O pensamento é uma força poderosa. Orientemo-lo no bom sentido e evitaremos futuros males.

A crença na doutrina da reencarnação ou pluralidade de existências, é conhecida e defendida desde a antiguidade e ensinada por diversas religiões, escolas filosóficas, linhas espiritualistas e esotéricas, bem como pela Doutrina Espírita e denominam-na Lei da Reencarnação, migração da alma e outras designações como a de renascimentos.

E de tudo o que se segue tomámos conhecimento.

Trata-se de um conceito milenar. Já o encontramos em todos os povos primitivos e nas mais diversas culturas além de que diversas religiões, desde as suas sábias origens, a têm perfilhado.

Os magos, assim chamados pelos persas e caldeus, eram mestres da ciência oculta e ensinavam aos seus pupilos a doutrina dos renascimentos como uma das verdades tidas como fundamentais.

Três mil anos antes da nossa era, já os egípcios ensinavam a reencarnação com estas palavras: «Antes de nascer, a criança já viveu e a morte não termina no nada. A vida é um chegar a ser que, como um dia de sol, recomeçará.» (Les Egyptes, de Marius Fontane)

Dos egípcios passou aos gregos, por Pitágoras e os seus discípulos. Sócrates, Platão, Empédocles, Apolónio de Tíana e tantos outros encarregaram-se de a popularizar.

Segundo tomámos conhecimento, Pitágoras ensinava que a Doutrina da Reencarnação tinha em conta as desigualdades observadas na vida terrestre dos homens.

Uma vida na carne não é senão um elo da longa cadeia da evolução da alma, dizia Pitágoras aos seus discípulos e, por vezes, referia-lhes passagens dalguma das quatro vidas que recordava.

Também Platão ensinava a doutrina dos renascimentos e observava que ela tinha como objetivo o facto de, nessas vidas, as almas corrigirem as más ações anteriores e que as almas reencarnavam em corpos semelhantes aos que tiveram em vidas passadas e com instintos e tendências adquiridas em anteriores experiências.

Sócrates e Platão transmitiam que as almas tomam novos corpos para repetir uma e outra vez as suas vidas físicas, a fim de desenvolverem as faculdades da psique e adquirirem ciência.

E também consta que observavam aos seus ensinandos que as almas voltam do fado e os semelhantes são atraídos pelos semelhantes. Em Fédon pode ler-se: «A alma é mais velha que o corpo. As almas renascem sem cessar do fado, para voltar à vida atual.»

A escola de Hermes Trimegisto afirmava que as almas baixas e más permanecem acorrentadas à Terra por múltiplos renascimentos mas que as almas virtuosas, porém, sobem voando até às esferas superiores.

Já dentro da nossa era, Porfírio, filósofo neoplatónico discípulo de Orígenes e Plotino – século III d.C. – ensinou, em conjunto com outros filósofos, a mesma doutrina.

Amónio Sacas, defensor do sistema eclético e filósofo alexandrino que viveu entre 175 e 242 d.C. (e a quem Hiérocles chamou de Theodidaktos pela vastidão dos seus conhecimentos), defendia a doutrina do renascimento das almas, sendo ele que a transmitiu a São Clemente de Alexandria.

A famosa escola de Alexandria que nos tempos de Jesus era dirigida por Filo, até 40 da nossa era, aprofundou o estudo da alma e das civilizações passadas, sendo a reencarnação um princípio incontestado.

A escola de Alexandria referia que a alma recebe o corpo que lhe convém e está em conformidade com os seus precedentes, segundo as respetivas existências anteriores.

Jâmblico, filósofo grego dos séculos III e IV, observava que os homens que se queixam de padecer sem ter cometido faltas, ignoram que sofrem pelo que a sua alma fez anteriormente.

Orígenes afirmava que cada alma recebe um corpo de acordo com os seus merecimentos e prévias ações.

São Gregório Nazianzeno (328 a 389) comentava que existe a necessidade natural de que a alma seja curada e purificada e que, se o não foi nesta vida, o seja nas seguintes.

Santo Agostinho, nas suas Confissões, interroga-se: «Antes do tempo que passei no seio da minha mãe, não terei estado noutro lado e sido outra pessoa?»

No Bhagavad Gita disse Krishna, há três mil anos: «Eu e vós tivemos muitos nascimentos. Os meus não são conhecidos senão por mim, mas vós não conheceis sequer os vossos.»

No mesmo Bhagavad Gita, num diálogo com Arjuna, ainda se pode ler que assim como a alma residente no corpo material passa pelas etapas da infância, juventude, virilidade e velhice, também oportunamente passa a outro corpo e, noutras encarnações, voltará a viver e a desempenhar uma nova missão na Terra.

Os Vedas afirmam a imortalidade da alma e a volta de novo à carne, sustentando que a alma é uma parte imortal do Homem, que umas almas vêm até nós e regressam e voltam a vir; que todos os nascimentos, felizes ou ditosos, são a consequência das obras praticadas nas vidas anteriores.

Segundo o Alcorão, Alá envia-nos muitas vezes, até a Ele regressarmos.

Virgílio (70 a.C. a 19 a. C.), na Eneida, afirma que a alma, ao fundir-se com a carne, perde a memória das existências passadas.

Ovídio (43 a.C. a 17 ou 18 d. C.), poeta, cantava que as almas vão e vêm. Quando voltam à Terra, dão vida e luz a novas formas.

Também os nossos antepassados celtas defendiam a reencarnação. Diziam os druidas que o ser se eleva desde o abismo e ascende em etapas sucessivas até à perfeição, encarnando-se no seio das humanidades nos mundos da matéria, que constituem outras tantas estações da sua longa peregrinação.

O judaísmo baseado em Moisés mantinha a crença na reencarnação, o que não é de estranhar visto Moisés, segundo consta, ter sido educado pelos egípcios. No entanto a palavra usada para a definir era ressurreição o que, de certo modo, é aquilo que acontece com a alma no seu trajeto evolutivo.

Flávio Josefo, historiador judeu, faz profissão de fé na reencarnação, explicando que fazia parte dos ensinamentos iniciáticos dos essénios e fariseus.

Os cabalistas judeus assim também o entendiam no seu misticismo. O rabi Isaac Lúria (séc. XVI), fundador de uma das ramificações mais importantes da Cabala, ensinava, no seu sistema místico, o princípio da transmigração das almas.

Vejamos esta frase do profeta Malaquias: «Eis aqui que vos enviarei o profeta Elias, antes que chegue o dia grande e tremendo do senhor.» (Ml 3,23), que prova que os profetas de Israel tinham como base a reencarnação.

E a prova de que entre os hebreus existia a crença da reencarnação reside em que foi enviado a João Batista, pelo clero judaico, uma comissão destinada a perguntar se ele era o Messias ou se era Elias.

Repetindo a volta à carne, nova reencarnação de Elias como João Baptista é um facto confirmado pelo próprio Messias, quando declarou «E se quereis ouvi-lo, ele é Elias que havia de vir» e que estava anunciado por Malaquias.

Em João 3,1-10 existe aquela sábia conversa entre Jesus e Nicodemos: «E havia entre os fariseus um homem chamado Nicodemos, príncipe dos judeus. Ele foi ter de noite com Jesus, e disse-lhe: Rabi, bem sabemos que és Mestre, vindo de Deus, porque ninguém pode fazer estes sinais que Tu fazes, se Deus não for com ele. Jesus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus. Disse-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Porventura pode tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer? Jesus Respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito. Não te maravilhes de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo. O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito. Nicodemos respondeu, e disse-lhe: Como pode ser isso? Jesus respondeu e disse-lhe: Tu és mestre de Israel, e não sabes isto?».

Em Mateus 16,13-17 lê-se: «E chegando Jesus às partes de Cesareia de Filipo, interrogou os seus discípulos, dizendo: Quem dizem os homens ser o Filho do Homem? E eles disseram: Uns, João Baptista; outros, Elias e outros, Jeremias ou um dos profetas. Disse-lhes ele: E vós, quem dizeis que Eu sou? E Simão Pedro, respondendo, disse: Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo. E Jesus, respondendo, disse-lhe: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque to não revelou a carne, mas meu Pai, que está nos céus.»

Faça cada um a interpretação que quiser, como é evidente, mas ainda poderíamos encontrar, nestes diálogos, argumentos interpretativos de maior profundidade e de sustentação do que a lei da evolução exige no processo da ascese da alma humana, que só com a lei da reencarnação se torna possível.

A crença na reencarnação foi mantida pelos cristãos, como doutrina, nos primeiros séculos do cristianismo.

No séc. IV, São Jerónimo, secretário do papa Dâmaso I e autor da Vulgata, na sua controvérsia com o gaulês Vigilantius, reconhecia que o renascimento das almas constituía a crença da maioria dos cristãos do seu tempo.

Mais tarde, porém, quando a igreja cristã passou a fazer parte do estado romano, tudo mudou gerando até as dúvidas que nos advêm ao interpretar os Evangelhos em face das alterações dos textos bíblicos.

Os pontos de vista de Orígenes e as teorias gnósticas passaram a ser atacados.

No segundo Concílio de Constantinopla – ano de 553 – por pressão do imperador Justiniano I, foi promulgada uma lei que declarava que todo aquele que defendesse a mística ideia da preexistência da alma e a maravilhosa opinião do seu regresso seria excomungado.

Excomunhão, naqueles tempos, significava perseguição com todas as consequências que a História Universal da nossa humanidade registou.

No Ocidente, em 1855, aparece em bom momento a Doutrina Espírita codificada com rigor por Allan Kardec que, através das comunicações com espíritos, tem em seu fundamento a reencarnação como consequência lógica e racional da Lei de Causa e Efeito que nos devolve um Deus de amor e de justiça confirmada pela Doutrina Messiânica de Jesus. (Livro dos Espíritos – parte 2ª – Caps. IV e V).
Com um abraço fraterno.
07-07-1980 Abrame                                                 

Offline Abrame

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Re: Pensamentos
« Responder #143 em: Outubro 17, 2017, 17:33:19 pm »
Companheiros do Caminho
Abaixo vos envio mais um texto um bocado extenso, que extraí dos arquivos do Abrame para vossa apreciação.

O EGO

De modo geral, o contacto do Homem com a vida terrena onde a luta pela subsistência, o esforço de relacionamento com os seus semelhantes, o construir de uma personalidade adequada à estrutura social em que a vida decorre e a que se tem de submeter, desgastante e corrosiva, leva-o por vezes a intenso stress que o leva a afundar-se num precipício cuja escuridão constrói aquilo a que a ciência médica denomina de "depressão".

Pela experiência vivida dessa situação sabemos bem o sofrimento diversificado que ela arrasta pela incapacidade a que se chega perante os obstáculos da vida e os desenganos que nos são propostos.

A impotência perante os assuntos por resolver que leva a que não sejam encarados de frente, o sucumbir ao isolamento por descrença das reais capacidades humanas, a fuga a que se propõe não querendo falar ou ver ninguém, o desejo firme de desistir da vida pela perca da autoestima adquire como resolução o próprio aniquilamento – o suicídio.

E há também aqueles que desertam do confronto e, movidos pela fuga, aderem a todos os vícios que lhes podem proporcionar o esquecer, abandonando-se ao alcoolismo, às drogas pesadas que, por momentos, aliviam a pressão do abandono próprio arrastando-os para as misérias mais degradantes e que, ao-fim-e-ao-cabo, os lançam no mesmo precipício com a ilusória ideia da aniquilação onde tudo acaba, segundo supõem.

A sua ignorância da razão de ser da vida não o leva a compreender porque existe e pensa que, fugindo dela, tudo se resolve.

É nesta altura que a personalidade sofre a sua grande humilhação perante a fragilidade e ineficácia dos valores terrenos que tomou por orientação da forma de estar no mundo e que apenas o levou à descrença total dos desígnios da vida que se manifestam em si mesmo.

Mais tarde, o Homem, através da experienciação da vida nos mundos da forma, adquire o conhecimento vivido e chega à constatação que esse sofrimento foi a alavanca que levou a sua alma à transformação pela consciencialização dos verdadeiros valores da existência.

A ilusão da supressão da vida pela ignorância da sua infinitude leva o Homem a refugiar-se no abandono da luta para obter o conhecimento de si mesmo e vencer a atração das solicitações efémeras dos mundos materiais que são as academias da aprendizagem da nossa natureza espiritual, com o intuito de acabar de vez com a vida.

E tudo isto pela estrutura social que o próprio Homem construiu ao longo de milénios de competição pelos valores a que o desejo de posse e de poder o dirigiu.

É deste trajeto, de que se serve a Lei da Evolução, que apareceu o berço onde nasceu no Homem a resistência a que chamámos "Ego" para a depuração da alma da sua aderência à matéria, para que a sua consciencialização se efetue seguramente na experienciação vivida daquilo a que chamamos o Bem e o Mal. Porque o Ego não é mais que a manifestação dos desejos existentes na nossa alma na sua semi-materialidade constituindo assim a referência externa da nossa personalidade, que este expressa provindos da mente humana onde se armazenaram os valores do Mundo a que aderiu.

Com o avolumar da densidade de seres hominais, sentiu o Homem, naturalmente, a necessidade de estabelecer regras comportamentais entre si – familiares, de tribos, de povos, de hierarquias, de divisão territorial, etc. – o que originou o desejo de posse, de poder que, por sua vez, fez desabrochar um eu fictício mas atuante, cheio de personalidade, construído sobre sentimentos de orgulho, de vaidade, de domínio sobre tudo e todos, repleto de conceitos, preceitos e preconceitos.

Desse modo, foi-se o Homem afastando do seu eu real, perdendo mesmo a noção da sua natureza espiritual, deixando-se conduzir pelo seu Ego físico, mental e emocional, cujos valores do mundo são a base da estrutura social que construiu com os resquícios dos sentimentos instintivos do animal.

E assim ficou o Homem possuidor de dois eus, o Eu superior, imanência da essência Divina, possuidor da consciência cósmica que atua no sentido da razão e o Eu criado pelo próprio homem, desenvolvido pelo seu Ego físico, mental e emocional, acolitado pelo intelecto, centrado no mundo e de tudo que o mundo lhe forneceu e que lhe deu prazer, comodidade e prestígio, dirigido ainda por instintos intelectualizados.

Era inevitável a luta interior do Homem entre estes dois "eus" que se confrontam com maior intensidade na medida que a evolução da alma se eleva em consciência, visto ainda
 se movimentar no estágio evolutivo do homem/animal e estar sustentado pelos valores sugeridos pela perceção dos sentidos – instinto e intelecto – que são os impulsionadores do Ego e os valores do seu oponente serem sugeridos pela essência Divina que habita no Homem e pela inteligência real e absoluta que o anima.

A compreensão dos verdadeiros valores são uma creação do nosso Eu cósmico que, na maior parte da humanidade, se acha em estado dormente e que apenas se manifesta num homem iniciado que esporadicamente aparece englobado na humanidade para ajudá-la no seu crescimento espiritual em completa dádiva de fraternidade.

Por isso nos deixou dito Paulo de Tarso: «Mas o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, pois para ele são loucuras. Nem as pode compreender, porque é pelo Espírito que se devem ponderar» (1Cor 2,14). E assim é, porque as coisas do espírito só podem ser compreendidas espiritualmente.

Porque a creação está perfeitamente creada com um objetivo final devidamente estabelecido mas que os seres em evolução não entendem e, por isso, duvidam e reclamam porque acham que a vida é uma loucura de sofrimento.

Isso informa Paulo de Tarso quando nos diz: «Porque a loucura de Deus é mais sábia do que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens.» (1Cor 1,25).

Como pode o Eu superior revelar a sua Sapiência e o seu Amor ao Ego quando este não tem as condições exigidas, pela sua ignorância hostil à sapiência e ao amor? Teremos que esperar até que o ser, vivendo, adquira a possibilidade da transformação do Ego que, deixando de servir os valores dos mundos da forma, passe a servir os valores do Espírito Divino.

Quando isto acontecer o sofrimento e a chamada morte na vida terrena desaparecerão e serão abertas as portas para o Homem integral, pela visita do Espírito Divino à Alma Humana, porque não há caminho do Ego de baixo para cima mas só de cima para baixo, visto que não é o Homem que encontra Deus mas o Creador que se revela ao Homem em pleno merecimento humano.

Isto acontecerá quando o Ego se emancipar das ilusões periféricas e viajar para o seu centro verdadeiro, visto o Centro Real do Ego ser idêntico ao do Eu Superior, tal como a vida da semente é essencialmente a vida da planta. Um dia se dará a revelação da verdade e o Homem descobrirá a existência da unidade da semente – "Ego" – com a planta, "Eu" –, porque se complementam nessa universidade, roteiro do conhecimento, chamada Vida.

Deste modo acontece que o Ego germina e cresce, desenvolvendo-se em planta tal como a semente contém a planta já em estado potencial.

Daqui se deduz que nessa altura o Ego e o Eu já eram Um em potência e que só quando o Ego se transformou pela aprendizagem regida pela evolução e atingiu a consciencialização dessa verdade, se libertou da ilusória dualidade, que é apenas um meio e não um fim, porque o fim a atingir evolutivamente ensinou-nos Jesus quando nos declarou: «Eu e o Pai somos Um» «E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.» (Jo 10,30), (Jo 8,32).

Transcrevemos o que o apóstolo Tiago disse no seu Evangelho considerado apócrifo:
“Porque o (pai) conhece a vontade deles (dos homens) e justamente com isso aquilo que a
carne necessita, já não é ela que a deseja (a alma). Efetivamente, sem a alma o corpo não peca, da mesma maneira que a alma não se salva sem o espírito.
 
       Mas se a alma se salva sem o mal e se salva também o espírito, o corpo torna-se sem pecado, já que é o espírito que vivifica a alma. O corpo, pelo contrário, é o que a mata; ou seja, que ela mesma é que se mata.
         
       É sabido que em particular Jesus explicava aos seus discípulos o que esotericamente tinha palestrado às multidões, e este relato de Tiago, nada mais é, do que Jesus lhes tinha ensinado.
 
 Quando se utiliza a palavra morte é apenas para identificar um facto de ausência de uma existência – a que se chamou morte – mas a morte propriamente dita não existe e, assim, o Ego não morreu; transformou-se, porque ele era um atributo da nossa individualidade – a alma – que, ao chegar à perfeição, não deixou de ser o que é já com todos os atributos do Espírito e a sua identidade central, "o Ego", agora centrado nos superiores valores do Espírito.

Na célebre conversa com Nicodemos, diz Jesus: «Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus» (Jo 3,3) e, pelos vistos, o bondoso doutor da lei judaica não compreendeu o verdadeiro sentido.

E também em Mateus 16,25 diz Jesus aos seus discípulos: «Porque aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á e quem perder a sua vida por amor de mim, achá-la-á.»

Estes dizeres são padrão cósmico. São a verdade em termos de exemplo esotérico.

Tal como para que a borboleta ascenda à liberdade da luz teve que morrer a lagarta que era; e também, para que a planta exista naturalmente, morreu a semente. Mas nada morre, apenas tudo se transforma.

Porque tudo está em tudo e tudo influencia tudo. E nada pode ser excluído da creação.

E daqui se depreende que o Ego, na sua manifestação por vontade do Ser, se vai modificando à medida que a alma vai tomando consciência dos valores superiores do Espírito e, por tal motivo, se vai aperfeiçoando não só pela intelectualidade mas também e sobretudo pelas ações e pensamentos.

Jesus aborda vários conceitos espirituais aconselhando o Homem, na sua trajetória evolutiva, a aprender a razão de ser da vida, pois que para se perceber como tudo acontece necessário será conhecer as leis evolutivas da creação, porque não há milagres e sim leis que fazem parte da própria creação.

 E podemos assim compreender o que representa o Homem não só perante Deus mas também no meio dos homens e no conjunto de tudo que foi creado.

O Homem chama milagre a tudo aquilo para que não encontra explicação científica, mas existem algumas leis intrínsecas na creação que é exigível conhecer para podermos perceber alguns dos paradoxos com que este mundo nos presenteia.

A Lei da Evolução
A Lei de Causa e Efeito
A Lei da Reencarnação
A Lei da Afinidade ou de Atração
A lei da Ação
A Lei da Reação
A Lei da Interação


O conhecimento alargado destas leis apresenta-nos toda uma creação cheia de lógica e racionalidade, de uma perfeição absoluta ou não fosse ela creada pelo Ser Absoluto: Deus.
O caminho para Deus não é apenas um trajeto místico mas também um caminho científico pois, a não ser assim, perguntaríamos a razão por que o Creador deu a inteligência ao Homem, sendo essa a razão por que toda a creação é lógica e racional e a inteligência humana dedutiva e muito ajudada pela intuição, porque todos os dias acontece "Fazer-se Luz".

Nesse sentido encontramos a razão por que toda a creação se encontra em dualidade para que o Homem possa ter elementos de comparação e perceber, através das complementaridades, o que é negativo e o que é positivo

Na sua missão de esclarecimento ensina-nos Jesus, em várias passagens, a presença da ação do Ego nas manifestações do homem em sociedade: «Guardai-vos de fazer vossas boas obras diante dos homens, para serdes vistos por eles. Do contrário não tereis recompensa junto de vosso Pai, que está no céu.» (Mt 6,1).

Para se perceber bem esta máxima de Jesus é necessário conhecer – pela análise das nossas ações, pensamentos e emoções provindos do nosso interior –, para verificarmos se são produto dos valores superiores do Espírito ou dos valores inferiores que servem a nossa alma ainda em ignorância, o Ego. Com isso se aprende a pro-agir, ou seja, a nunca deixar que o Ego atue instintivamente mas sim através da razão.

Por isso nos diz Jesus: «Vigiai e orai, para que não entreis em tentação: na verdade, o espírito está pronto, mas a carne é fraca.» (Mt 26,41).

De uma maneira geral o Homem em evolução ainda se rege objetivamente pelo mediático, porque ainda não possui a noção clara de si mesmo e naturalmente deseja ver-se refletido no espelho de tudo aquilo que a sociedade estabeleceu como parecer bem.
A sua consciência apenas se manifesta no espaço físico-mental e, por via disso, necessita proclamar-se no âmbito considerado de boas obras para a satisfação de ver-se louvado e admirado como pagamento de ter praticado o que se considera ser prática de bem-fazer.

É a manifestação mercenária do Ego em plena Acão da vaidade e do orgulho humano.

Quando se propaga aos quatro ventos qualquer obra meritória que façamos ou sombra de virtude que possuamos, elas perdem força e poder, esterilizam-se e banalizam-se.

O Ego, fiel aos valores do mundo, quando se não vê refletido em qualquer ato que praticou, transmite ao seu possuidor, através da mente, a revolta dececionante porque tem a imperiosa necessidade de ser enaltecido pelos outros.

Portanto ele necessita do mundo externo através da opinião pública, tornando-se escravo desse mundo porque está longe de possuir a autonomia e a segurança de si mesmo.

Ele depende dessas escoras e apoios externos para saber verdadeiramente a dimensão dos seus procedimentos, o que aciona automaticamente o seu Ego físico-mental-emocional em termos de orgulho, vaidade, superioridade e também despeito e inveja quando não é reconhecido o valor que julgava merecer.
Ele ilude-se por insuficiência da real consciência de si mesmo. Ele é toda exteriorização e, movido pelo intelecto, faz da ética grande alarde. O homem que se movimenta pelos valores do Espírito Divino, de consciência plena de si mesmo é, na sua interioridade, sobejamente rico, completo, sadio, não tendo necessidade de ser recompensado através do Ego, porque os seus olhos estão abertos para a realidade espiritual não confundindo o real com o irreal. Tem a exata consciência de si mesmo.

Noutra altura diz-nos Jesus: «Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo, e aborrecerás o teu inimigo. Eu porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem. Para que sejais filhos de vosso Pai que está nos céus; porque faz que o seu Sol se levante sobre maus e bons e a chuva desça sobre justos e injustos. Pois se amardes os que vos amam, que galardão havereis? Não fazem os publicanos também o mesmo? E, se saudardes unicamente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os publicanos também assim? Sede vós pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus.» (Mt 5,43-48).

À primeira vista esta assertiva de Jesus não tem um cariz ético tal como o compreende o Ego humano mas encontra-se inserido em bases metafísicas, pois teve em conta a harmonia da solidariedade cósmica proveniente da sabedoria da compreensão.

Para quem sabe, ter alguém um inimigo e ao mesmo tempo o visado tornar-se seu inimigo, coloca-os aos dois no plano cósmico negativo.
Se, pelo contrário, o visado não se assumir inimigo do ofensor, naturalmente fica no espaço cósmico positivo da luz e o ofensor, declarado inimigo, ocupará o espaço cósmico negativo das trevas.

Porque é sabido que a luz atua sempre construtivamente e as trevas destrutivamente. Deste procedimento, a luz no espaço cósmico positivo eliminará as trevas do espaço cósmico negativo e a harmonização será o seu resultado no momento certo.

Por isso está escrito que «A luz brilhou nas trevas, mas as trevas não a prenderam.» (Jo 1,5) Porquê? Porque as trevas se extinguem em presença da luz.

Por tudo aquilo que Jesus disse e fez neste mundo interiormente compreendido através da ciência do Espírito, Ele foi a Luz que irradiou por todo o nosso planeta que era e ainda é trevas, as quais não conseguiram vencê-lo de forma alguma.
 
      Em Jesus o seu Ego não teve qualquer poder negativo, porque já estava ao serviço dos altos valores do Espírito, embora ainda o tentasse porque estava na matéria, mas Jesus era Luz e a Luz venceu as Trevas.

Porque nos deixou dito: «Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida» (Jo 8,12) e também: «Tenho-vos dito isso, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, Eu venci o mundo.» (Jo 16,33).

É pois um convite que Jesus faz a todos os seus irmãos em humanidade, ou seja: segui a doutrina que vos trouxe e vivereis na luz, tende força e determinação e vencereis o mundo.

Para o ignorante do funcionamento da creação é difícil aceitar o que Jesus estabelece acima, porque alguém, ao ser ofendido, retorque de pronto a ofensa porque se acha injustiçado.

Desconhece que a Justiça Divina é infalível e que se recebeu uma ofensa foi porque tinha necessidade de viver essa idêntica ofensa para aprender consciencializando, vivendo o que custa ser ofendido e não voltar a ofender.

Só os Seres em condições positivas, os Filhos da Luz, podem ajudar os envolvidos negativamente e ainda presos às trevas, pois já têm a consciência de que não fazem nada que mereça prémio porque já foram ajudados por outros Filhos da Luz e porque apenas estão cumprindo com o seu dever de fraternidade cósmica.

Porque assim nos disse Jesus: «E qual de vós terá um servo a lavrar ou a apascentar gado, a quem, voltando ele do campo, diga: Chega e assenta-te à mesa? E não lhe diga antes: Prepara-me a ceia, e cinge-te, e serve-me, até que tenha comido e bebido, e depois comerás e beberás tu? Porventura, dá graças ao tal servo, porque fez o que foi mandado? Assim também vós, quando fizerdes tudo o que vos for mandado, dizei: Somos servos inúteis, porque fizemos somente o que deveríamos fazer.» (Lc 17,7-10).
O Ego, prisioneiro dos valores estabelecidos pela sociedade, nada faz sem cobrar neste mundo e, mesmo cobrando, nunca deixa de sentir que fez um favor. 

Não tenhamos ilusões! O verdadeiro amor positivo vibra em altas frequências vibratórias o que lhe permite, pela Lei da Afinidade, ser envolvido no infinito amor universal.

Todo aquele que consegue abrir honestamente a sua alma a essa vibração altamente envolvente, recebe naturalmente a resposta de muitas almas sedentas de paz e de luz, que o ajudará na sua ascensão.

Pelo contrário, quando as nossas vibrações são negativas atraem, pela Lei da Afinidade, todas aquelas almas que vibram nessas frequências vibratórias cheias de sofrimentos correlativos ao estado negativo dos seus egos, o que nos leva a estados depressivos e infelizes.

Tudo no Universo vibra e nós fazemos parte desse Universo que é a creação, e o estado vibratório em que nos posicionamos evolutivamente é que determina a envolvência cósmica que nos assistirá.

Jesus veio ao mundo trazendo uma doutrina esclarecedora de qual o caminho de retorno a casa e, de uma maneira geral, na sua maior parte, os homens aderem e compreendem que é um caminho de amor e até falam de forma religiosa e convincente mas, mal se ligam aos afazeres deste mundo, tudo esquecem.

Estamos em presença daquele velho ditado: "Faz o que eu digo, mas não faças o que eu faço" ou ainda aquele mais objetivo que diz: "Não é pelo hábito que se conhece o monge".

O que garante a transformação necessária não é ouvir ou dizer. O que impulsiona o nosso crescimento é o fazer na convicção intensa e inabalável de chegar à verdade de Deus.

Muitos gostam de ouvir e sentem-se empolgados pelas palavras dos grandes mestres da Humanidade, mas ignoram a entrega, o estudo e os sacrifícios porque estes passaram para chegar àquela sabedoria.

Boas intenções apenas, embora necessárias, não chegam; são como areia movediça sobre a qual ninguém pode construir casa sólida e garantida.

Ouvir, ler, crer, decisões fugazes, tudo isso é ainda preliminar, área de antecâmara, que pode levar o Homem a recuar, a desistir. Se não passar pela experiência vivida no mais íntimo da sua alma, mesmo que seja do tamanho de uma semente de mostarda, não terá a certeza da verdade Divina.

Isso sabia Jesus e quis que a posteridade o soubesse: «Nem todo aquele que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.» (Mt 7,21).

Por isso nos é narrado em João 12,37: «E, ainda que tivesse feito tantos sinais diante deles, não criam nele.»

Jesus conhecia perfeitamente todo o trajeto da ascensão da alma humana e, por conseguinte, não desconhecia a dificuldade que o Ser encontra para transformar a estrutura que forma a personalidade egocêntrica e por isso diz: «Hipócrita, bem profetizou Isaías a vosso respeito, dizendo: Este povo honra-me com os seus lábios, mas o seu coração está longe de mim. Mas em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.» (Mt 15,7- 9).

Só a prática real e constante no dia-a-dia das nossas vidas cheias de renúncia e tenacidade garantem a experiência profunda da nossa alma que, a-pouco-e-pouco, um dia, tal como um botão de rosa, abre as suas pétalas ao calor do Amor Divino.

Aconselhadamente assim nos deixou dito Jesus: «Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha.» (Mt 7,24).

Visto tudo estar perfeito na creação e tudo ter a sua razão de ser, o Ego Humano continua, tal como no passado, a ser a necessária resistência ao esforço da ascensão da nossa alma e, por isso, Jesus lhe chamou o Príncipe deste Mundo. No entanto, é bom que percebamos isto e, como Seres inteligentes e de livre arbítrio, saibamos como proceder para podermos realizar o desígnio Divino das nossas almas.

08-03-1983 Abrame
Com um abraço espiritual.

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Re: Pensamentos
« Responder #144 em: Novembro 25, 2017, 15:57:06 pm »
Companheiros do Caminho
Escrito á bastante tempo, pelo que não tenho memória de quando foi vos envio mais um texto do Abrame para vossa apreciação.

A TRANSFORMAÇÃO DO HOMEM

Embora a realidade do homem seja essência espiritual à imagem e semelhança do Creador, ou seja, da fonte da vida, de onde a creação que se encontrava em potência proveio, necessitou a componente espiritual, no seu trajeto evolutivo para que pudesse experienciar essa creação, de servir-se dos diversos graus energéticos e dos estados de matéria.

Assim, quando se fala da transformação evolutiva do Homem, ter-se-á que considerá-lo no seu todo constitutivo nos mundos da forma, pelo que partimos do princípio de que o homem é composto por veículo físico, alma e espírito, sendo que a estrutura mental constituída pelos pensamentos, o intelecto e a consciência produzida pela sua evolução têm a sua sede na alma.

Quando a substância semi-material, semi-espiritual, atingiu as condições necessárias para receber o espírito – “o sopro divino” de que nos fala o Génesis – acontecia que, simultaneamente, o corpo material adquiria a performance rudimentar para dar lugar ao evento do surgimento do plano hominal.

No entanto faltava ainda, para se concretizar, que aquela substância passível de espiritualização e perfeição desenvolvesse  a sua função de elo de ligação entre a matéria corporal e o espírito.

Alguns milhares de séculos se passaram em que a condução do corpo foi dirigida pelo espírito do exterior.

Após a adaptação da substância semi-material, semi-espiritual, à matéria densa corporal necessária à ligação com o espírito, deu-se a harmonização específica dos sexos em termos de hominalidade, do yin e do yang, do elemento negativo e do positivo.
 
Assim, naturalmente, tornou-se num corpo causal - a que chama-mos a alma humana - que mais não é que a individualidade do homem em evolução, servindo de corpo do espírito e com o qual se unirá quando atingir a sua sublimação.

É esta substância semi-material, semi-espiritual, que aparece junto ao princípio material, envolvendo-o desde o início da creação, tendo percorrido, experienciando, os planos mineral, vegetal e animal, como alma-grupo em termos de mônada, em cada um deles.

Não podemos deixar de levar em atenção toda a vida microscópica, que é a base inicial em seus entrosamentos de adaptação ajustáveis no  sentido evolutivo de aperfeiçoamento, que se estende até à vida macroscópica.

Estes elementos são os chamados “infinitamente pequenos “(o quantum, os átomos, as moléculas, as células, as bactérias, as amebas, etc.)”, simples e compostos.

O laboratório cósmico, através dos elementos constituintes, tinha produzido, em muitas experiências corporais, o corpo necessário à manifestação da vida de consciência individualizada secundado pela excelsitude da inteligência criativa e dedutiva que lhe confere o espírito - imanação divina na forma, na sua própria creação.

Conforme nos declara Lavoisier: nada se perde, nada se cria, tudo se transforma. A análise que fazemos confirma esta assertiva porquanto pensamos que nada se cria porque tudo já está creado, assim como nada se perde porque tudo está dentro, visto o fora não existir e tudo se transforma porque é esse o desígnio objetivo do creador - o aparecimento de creaturas altamente evoluídas e espiritualizadas.

A fonte da vida, a divindade, é absoluta; não tem o fora. Tudo se encontra dentro. No universo tudo age, reage e interage, porque tudo está em tudo e tudo influencia tudo. Segundo Paulo de Tarso: Deus é aquela realidade, na qual vivemos e temos o nosso ser.

O fora só tem sentido nos mundos da forma onde existe a sensação ilusória de separação. O dentro de, o fora de..., fazem parte de um todo absoluto de unidade divina.

Sabe-se hoje, devido à ação pesquisadora de arqueólogos geologos e biólogos em conjunto com cientistas de outras áreas do conhecimento, que para além do aparecimento, no sul do continente africano - Namíbia -, do homo sapiens, que existiu mais ou menos há um milhão de anos, foram encontrados em diversas partes do globo, fósseis com diferenciações físicas, que demonstram a ação transformadora e reguladora do ADN no infinito laboratório cósmico.


O ADN (ácido desoxirribonucleico) é o elemento intrínseco em toda a creação, que contém toda a informação genética responsável pela transformação do princípio material, em presença de todo o meio ambiente cósmico, adaptando os seres às condições de vida nos di-
versos planos de frequência vibratória onde a vida se manifesta. “E tudo é vida”.

Mencionamos alguns a título de exemplo: os Australopitecos Alferensis, pré-humanos, estimando-se a sua existência entre 4 a 3 milhões de anos; os Homo Habilis, pertencentes ao ramo que entroncou no ramo evolutivo que deu lugar, no seu desenvolvi- mento, ao Homo Sapiens; os Homo Eretos; o Neandertal e o Homo Sapiens, do qual nós, seres humanos, somos possuidores da estrutura física evoluída atualizada.

Muitos outros fósseis se encontram catalogados e datados que apresentam alterações significativas como, por exemplo, ter-se encontrado um homo sapiens mais evoluído que teria existido entre os 300 e 50 mil anos, o que vem comprovar a natural evolução da matéria na procura de corpos cada vez mais perfeitos e permeáveis, em adaptação de sensibilidade à evolução da alma.
 
Nesta altura o homem acabava de expulsar-se do paraíso terreno e integrava-se nos mundos da forma em condições de semiconsciência.

Os dados científicos acima descritos, tornam-se necessários para comprovar que tudo evolui na creação de uma forma natural e inteligentemente dirigida. É neste sentido que devemos perceber a importância da ciência no estudo aprofundado do exterior.

Também aqui se comprova que o homem obtém este conhecimento de uma forma gradual e de trajeto evolutivo.

Tudo evolui harmoniosamente, em equilíbrio e em forma proporcional com o todo cósmico, embora, pela análise superficial, nos pareça que assim não sucede.

Deixemos a ciência, no seu trajeto evolutivo, para aqueles que enveredaram pela missão de explicar com dados científicos o funcionamento do exterior e adquiramos, através dos místicos, dos psíquicos e dos intuitivos, o entendimento do interior que constitui a nossa real natureza, a ciência do espírito.

Tudo tende para a união. O estudo do exterior e o estudo do interior são complementares, pois a evolução do homem acontece em dois sentidos: de fora para dentro, pelo estudo da creação exposta aos órgãos sensoriais (ciência do exterior), e de dentro para fora, pela acção do espírito sobre a matéria (ciência do espírito).

No prosseguimento desses estudos espirituais, descobriremos que, no mais íntimo da nossa alma, existe a fonte de onde todo o conhecimento provém.

Para o receber torna-se necessário que nos entreguemos ao estudo profundo da nossa natureza espiritual, criando as condições espirituais na  observância das leis  divinas para  que  o  espírito se mani- feste através da nossa alma.

Tal como acontece com a substância primordial nas suas fases a que chamamos de matéria, a nossa individualidade espiritual, a nossa alma, paralelamente vai evoluindo rumo ao centro de onde veio em estado primário, simples e ignorante, e ao qual regressará em estado realizado.

Partimos do princípio de que o homem vai naturalmente operar física, mental, emocional e espiritualmente, nas dimensões da forma, servindo-se do seu corpo físico, do pensamento, do intelecto e da vontade, a partir do seu livre arbítrio e da inteligência -ferramentas e atributos do espírito consignados à alma (a individualidade humana em crescimento) - para formar a consciência durante a aprendizagem em suas vidas cíclicas nos mundos materiais.

Ao dar-se assim o contacto com o meio ambiente que o rodeia, os atributos divinos de que é dotado e a componente material de que é revestido com suas solicitações próprias, entram em funcionamento no seu conjunto, provendo a sua subsistência e propagação da  espécie, ainda por instinto advindo do plano animal.


Por outro lado, a ação do espírito sobre a alma em aperfeiçoamento desenvolve-lhe o psiquismo e dá-lhe a sensação de que mais existe para além do mundo que se encontra perante os seus órgãos sensoriais.

 Tertuliano diz-nos: que o homem é religioso por natureza. E nós acrescentamos: ”mesmo ignorando tal condição”.

Deste modo a transformação conjunta, material e espiritual, continua. É um facto. Agora em aspeto mais elevado pois tinha transitado da inconsciência para a semiconsciência, aprontando-se para obter a consciência, rumo à super-consciência e, mais tarde, à supra-consciência.

O homem assistiu à morte e ao nascimento dos seus semelhantes, sentiu dentro de si a vida palpitante e tomou consciência dessa força interior que não via mas que existia.

Perante a imponência dos mundos da forma, da matéria em movimento e dos fenómenos naturais que por vezes se expressam de forma violenta no seu desenvolvimento evolutivo, o homem criou crenças de ordem espiritual através de  superstições e sentimentos   naturais de que não se encontrava só no mundo.
 
Precisava de proteção.

Foi o momento da criação de deuses para todas as suas necessidades prementes e dificultosas. Nessa altura também se manifestaram os psíquicos, que conviviam através da mediunidade com os chamados espíritos, dando assim a consciência da vida para além da morte. Chamaram-lhes feiticeiros, xamãs, etc.

Os celtas são um bom exemplo de tais conceitos espirituais pois através dos druidas, que eram os seus sacerdotes, tinham o culto dos mortos com cujas almas conviviam, bem como os antigos egípcios e os tibetanos, conforme nos informa os Livros dos Mortos.

No médio oriente apareceram os profetas e com o aparecimento de avatares, que traziam doutrinas espirituais, o homem criou religiões, dando-lhes diversas interpretações.

Se fosse possível perguntar a Deus se não se sentia ofendido pelo facto dos homens terem criado deuses, certamente nos responderia que não, porquanto é nessa criação que o procuram a ele.

A tomada da consciência é feita naturalmente com a vivência quotidiana. Pensamos que, principalmente, com a faculdade de sentir.

Se sentimos fome, logo que sempre isto acontece tomamos consciência de que temos que alimentar o nosso veículo físico. Ao ingerirmos os alimentos, se sentimos agrado, tomamos consciência desse prazer, e assim o homem não mais deixou de procurar os prazeres. Prazeres de toda a ordem.

Para que pudéssemos ter sempre o necessário, a criatividade humana entrou em funcionamento, e com isto nasceu o sentimento de posse.

Com o sentimento de posse floresceu o egoísmo e o homem tornou-se avaro.

Mas o sentimento de posse, que tem como consequência o egoísmo, gera o do poder. Então ele não teve dúvidas e enveredou por todos os meios para possuir poder, sobre tudo e todos, dentro dos diversos estados de poder e dos estatutos sociais que ocupava no contexto social da humanidade.

Claro que uns conseguiam atingir esses desideratos, outros não, e assim apareceu uma humanidade de poderosos e ricos e de subalternos e pobres, que ainda hoje se mantém.

Para o efeito criou tribos que chefiou, reinados em que foi rei, impérios em que se tornou imperador, havendo também todos aqueles lugares subalternos que eram a cobiça dos menos afortunados.

E deste modo se foi o homem afastando da sua verdadeira natu-reza e afundando-se nas solicitações do mundo material.

E foi deste modo que apareceram os ditadores, que se construíram organizações mafiosas, que o homem aprendeu a ser dissimulado, falso, traidor e corrupto para obter tudo aquilo que desejava; que a escravatura se instalou no mundo sem dó nem piedade e que a maldade passou a ter cidadania. É a lei do mais forte e do mais   esperto.

E assim foi construindo a sua personalidade ligada a todos estes sentimentos que a sustentam, o nosso eu inferior: “o ego físico, mental e emocional“.

Como o homem arranja sempre uma desculpa, alijou para a manifestação nefasta desse ego a criação de um ser, a que chamou Satã.

Mas… “ai”! Para que ele pudesse manter esta personalidade, necessitava de segurança. E este sentimento tornou-se imperativo.

Então criou leis e tribunais e organizou forças policiais para as fazer cumprir, tendo em conta que no princípio ele era o tribunal e o juiz – tudo era decidido por ele.

Também no contacto com os seus semelhantes e no uso natural da procriação foi desenvolvendo sentimentos diversos: de amor, de maternidade, de paternidade, de filiação, de família, de amizade, de tribo, de país, que envolviam outros sentimentos, como os de grati-dão, admiração, orgulho, vaidade, ódio, etc.

E assim se foi o homem afastando da ingenuidade e da simplicidade, obtendo uma personalidade fictícia complexa e interesseira, de acordo com as suas infindáveis ambições.

Mas no meio de tudo isto apareceram as exceções, os que com maior clareza intuíram a razão de ser da vida e passaram a lutar por um mundo melhor, uma humanidade mais justa.

Vieram ao mundo e tentaram ajudar a humanidade a evoluir dando-lhe códigos de relacionamento e princípios espirituais de acordo com as leis divinas a que, pelo seu esforço, já tinham ascendido, mostrando um caminho baseado na compreensão, na fraternidade e no amor.

Há cinco mil anos, no oriente, foi dada à humanidade, por Lao Tsé, uma preciosidade de sabedoria chamada “o Tao” (que quer dizer: caminho ou via) onde se inspirou Confúcio e outras linhas espiritualistas orientais.

Com a invasão ariana à Índia, nasce, da fusão da filosofia do invasor com os autóctones jainas, a ciência védica, que é um trata-do científico e filosófico de espiritualidade de elevada grandeza.

Os arianos tinham um conceito de carma ativo e os jainas um conceito passivo. Como a atividade cria carma e a passividade se torna neutra – impasse para o progresso evolutivo –, fundiram-se os conceitos e assim nasceu a lei do carma védico atual.

Seiscentos anos antes da nossa era aparece esse grande luminar que se chamava Siddhartha Gautama - o primeiro Buda - e ensina aos homens o caminho que os realiza, a via óctupla, o caminho do meio, ou seja, a forma de alcançar o estado búdico. O nirvana, a autenticidade do ser.

Houve sempre seres humanos que se destacaram na ajuda da evolução tecnológica e espiritual. Basta lembrarmos: “Pitágoras, Krishna, Zaratrusta, Hermes Trimegisto, Sócrates, Platão, Orígenes, Plotínio, Spinosa e tantos outros filósofos, cientistas e religiosos até à atualidade.

E há dois mil anos apareceu o último avatar, Jesus, que deu ao mundo o maior exemplo de sabedoria e espiritualidade, baseado no amor a Deus e ao próximo.

Veio a este mundo em missão de esclarecimento e salvação e  pagou o preço com a sua própria vida terrena, como aconteceu aos seus antecessores. Os poderosos não o podiam suportar; era demais.

Tais doutrinas ameaçavam os poderes instituídos. Eram anunciadores de alterações da ordem pública pois eram uma ameaça aos poderosos, quer do poder político, quer do económico, quer do religioso.

Os séculos XVII, XVIII,XIX e XX foram pródigos no aparecimento de seres para além do vulgar, dentro de todas as áreas do conhecimento, que levaram a humanidade a um estado evolutivo considerável.

Desde sempre, o homem obedeceu mais ao intelecto do que ao espírito. Possuidor de atributos divinos por filiação, criou regras  comportamentais de relação com os seus semelhantes, construiu máquinas fabulosas, edifícios monumentais, iniciou as viagens no espaço exterior, descobriu meios de tratamento de doenças e atingiu  técnicas  de  variada  ordem, que  o  levou a um progresso tecnológico inimaginável. Tudo em nome da ordem, do progresso, da segurança e da religiosidade.

Todas estas conquistas do génio humano serviram as duas partes. No entanto temos que admitir que as grandes descobertas científicas foram, na sua maior parte, aplicadas em armas e horrores de guerra que matam outros seres humanos e espalham a desgraça, o infortúnio, a dor e a miséria.

Deus tinha creado o “bem” e o homem criou aquilo a que chama-mos o “mal”, o que desde o início da creação estava previsto, visto   Deus ter consignado, às suas creaturas, a inteligência e o Livre-arbítrio através do espírito.

Era previsível. Por isso é o homem infeliz e sofredor por sua exclusiva culpa. Talvez por desconhecer que existia a lei de causa e efeito e que, portanto, só se evolui vivendo.

São as duas faces da mesma moeda, na aparente dualidade da creação, pois nada está errado porque Deus é a suprema perfeição. Os opostos não são opostos, são complementos para um desígnio de unidade espiritual objetiva.

Toda esta estrutura social foi sendo gravada e acumulada na mente humana e tornando o homem escravo dela; transmitida às gerações seguintes através da educação de avós para pais e de pais para filhos;  de  ensino  obrigatório  nas  escolas primárias, secundárias e
superiores, pelo que faz parte do modo de estar do homem em sociedade.

Assim foi o homem apanhado na sua própria armadilha, apenas suavizada pela exigência das gerações futuras, mas de tal maneira ainda superficial que ele se sente aprisionado, insatisfeito e infeliz, acorrentado a tanto preceito e preconceito, quer social, quer religioso, que o mantém cego para a realidade, vivendo na incerteza e na ilusão do mundo material com todas as suas nuances de opulência e de precariedade.

Para que a alma humana possa dar o salto quântico, torna-se necessário que o homem pare para se interiorizar. Que deixe de analisar com os dados distorcidos, inquinados e preconceituosos da mente inferior, que ainda é a sede de informação do ego físico, mental e emocional: “ a personalidade “.

Que, observando-se, possa analisar todos os sentimentos negativos que possui, um a um, tomando consciência dos resultados que a sua ação nefasta produz em si principalmente e nos outros, dissecando esses sentimentos até ao extremo, não deixando nada por entender.

Este trajeto deverá ser feito sem pressas, porque a evolução acontece, natural e gradualmente, nos momentos certos para o efeito, visto que o tempo não passa, é pura ilusão nos mundos da forma.

Aquilo a que chamamos tempo, está lá, impávido e sereno. O que passa são as coisas e os seres no seu caminho evolutivo. Por isso, nas dimensões reais, não há tempo nem espaço.

Quando qualquer destes sentimentos negativos adquiridos do passado deixar de ter qualquer segredo para o Homem, este abandona-os naturalmente, porque neles nada há mais para desvendar e uma nova consciencialização o inunda de tal forma, que ele se vai apercebendo do ilusório e do real, como se uma nova vida tivesse desabrochando. É o momento do aparecimento da super-consciência.

Com este processo de coragem espiritual, o homem expulsou-se da mente inferior e integrou-se na mente superior. Agora o seu ego físico, mental, emocional, habita outro plano de consciência.

Se tivermos a capacidade de, através de uma visão de síntese, ver passar toda esta transformação da creação em amplitude cósmica, em termos materiais de uma minúscula ameba ao corpo físico mais complexo e perfeito que conhecemos e, em termos espirituais, de uma simples substância semi-material, semi-espiritual, à sua completa espiritualização e perfeição repleta de beleza, de inteligência e de sabedoria, adornada pelo amor divino que lhe confere o espírito com o qual se unificou, sendo um, sem o ser deixar de ser quem é, ficaremos de certeza extasiados perante as maravilhas da creação, nos seus aspetos de perfeição, de cor, de som, de harmonia e de felicidade irradiante.
 
E é aqui, nesse preciso momento, que o sonho alquímico se torna realidade ao ser transformado o chumbo em ouro de incomparável magnitude.

É a odisseia da aventura cósmica do homem e é por isso que tem que pugnar, continuando a esforçar-se por atingir o conhecimento adequado, para deixar de valorizar o ter e passar unicamente a “Ser”.

Desde a noite dos tempos que ele tem sido transmitido, através daqueles que o legaram, quer oralmente, quer por escrito, à humanidade e que faz parte intrínseca do saber da nossa natureza real: “ o Divino no homem.”

Deste modo o homem, de transformação em transformação, continuará a evoluir em perfeição e sabedoria, rumo à supra consciência.

À medida que penetramos nas profundezas do saber espiritual, enche-nos um sentimento de que sempre o sentimos e de que sempre esteve presente. É como que recordar.

 Abrame
Com um abraço espiritual

Offline Abrame

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« Responder #145 em: Janeiro 11, 2018, 16:23:06 pm »
Companheiros do Caminho
Mais um texto do Abrame retirado da sua biblioteca, sem data, para vossa apreciação.

         A TRANSFORMAÇÃO DO HOMEM

Embora a realidade do homem seja essência espiritual à imagem e semelhança do Creador, ou seja, da fonte da vida, de onde a creação que se encontrava em potência proveio, necessitou a componente espiritual, no seu trajeto evolutivo para que pudesse experienciar essa creação, de servir-se dos diversos graus energéticos e dos estados de matéria.

Assim, quando se fala da transformação evolutiva do Homem, ter-se-á que considerá-lo no seu todo constitutivo nos mundos da forma, pelo que partimos do princípio de que o homem é composto por veículo físico, alma e espírito, sendo que a estrutura mental constituída pelos pensamentos, o intelecto e a consciência produzida pela sua evolução têm a sua sede na alma.

Quando a substância semi-material, semi-espiritual, atingiu as condições necessárias para receber o espírito – “o sopro divino” de que nos fala o Génesis – acontecia que, simultaneamente, o corpo material adquiria a performance rudimentar para dar lugar ao evento do surgimento do plano hominal.

No entanto faltava ainda, para se concretizar, que aquela substância passível de espiritualização e perfeição desenvolvesse  a sua função de elo de ligação entre a matéria corporal e o espírito.

Alguns milhares de séculos se passaram em que a condução do corpo foi dirigida pelo espírito do exterior.

Após a adaptação da substância semi-material, semi-espiritual, à matéria densa corporal necessária à ligação com o espírito, deu-se a harmonização específica dos sexos em termos de hominalidade, do yin e do yang, do elemento negativo e do positivo.
 
Assim, naturalmente, tornou-se num corpo causal - a que chama-mos a alma humana - que mais não é que a individualidade do homem em evolução, servindo de corpo do espírito e com o qual se unirá quando atingir a sua sublimação.

É esta substância semi-material, semi-espiritual, que aparece junto ao princípio material, envolvendo-o desde o início da creação, tendo percorrido, experienciando, os planos mineral, vegetal e animal, como alma-grupo em termos de mônada, em cada um deles.

Não podemos deixar de levar em atenção toda a vida microscópica, que é a base inicial em seus entrosamentos de adaptação ajustáveis no  sentido evolutivo de aperfeiçoamento, que se estende até à vida macroscópica.

Estes elementos são os chamados “infinitamente pequenos “(o quantum, os átomos, as moléculas, as células, as bactérias, as amebas, etc.)”, simples e compostos.

O laboratório cósmico, através dos elementos constituintes, tinha produzido, em muitas experiências corporais, o corpo necessário à manifestação da vida de consciência individualizada secundado pela excelsitude da inteligência criativa e dedutiva que lhe confere o espírito - imanação divina na forma, na sua própria creação.

Conforme nos declara Lavoisier: nada se perde, nada se cria, tudo se transforma. A análise que fazemos confirma esta assertiva porquanto pensamos que nada se cria porque tudo já está creado, assim como nada se perde porque tudo está dentro, visto o fora não existir e tudo se transforma porque é esse o desígnio objetivo do Creador - o aparecimento de creaturas altamente evoluídas e espiritualizadas.

A fonte da vida, a divindade, é absoluta; não tem o fora. Tudo se encontra dentro. No universo tudo age, reage e interage, porque tudo está em tudo e tudo influencia tudo. Segundo Paulo de Tarso: Deus é aquela realidade, na qual vivemos e temos o nosso ser.

O fora só tem sentido nos mundos da forma onde existe a sensação ilusória de separação. O dentro de, o fora de..., fazem parte de um todo absoluto de unidade divina.

Sabe-se hoje, devido à ação pesquisadora de arqueólogos geólogos e biólogos em conjunto com cientistas de outras áreas do conhecimento, que para além do aparecimento, no sul do continente africano - Namíbia -, do homo sapiens, que existiu mais ou menos há um milhão de anos, foram encontrados em diversas partes do globo, fósseis com diferenciações físicas, que demonstram a ação transformadora e reguladora do ADN no infinito laboratório cósmico.


O ADN (ácido desoxirribonucleico) é o elemento intrínseco em toda a creação, que contém toda a informação genética responsável pela transformação do princípio material, em presença de todo o meio ambiente cósmico, adaptando os seres às condições de vida nos diversos planos de frequência vibratória onde a vida se manifesta. “E tudo é vida”.

Mencionamos alguns a título de exemplo: os Australopitecos Alferensis, pré-humanos, estimando-se a sua existência entre 4 a 3 milhões de anos; os Homo Habilis, pertencentes ao ramo que entroncou no ramo evolutivo que deu lugar, no seu desenvolvi- mento, ao Homo Sapiens; os Homo Eretos; o Neandertal e o Homo Sapiens, do qual nós, seres humanos, somos possuidores da estrutura física evoluída atualizada.

Muitos outros fósseis se encontram catalogados e datados que apresentam alterações significativas como, por exemplo, ter-se encontrado um homo sapiens mais evoluído que teria existido entre os 300 e 50 mil anos, o que vem comprovar a natural evolução da matéria na procura de corpos cada vez mais perfeitos e permeáveis, em adaptação de sensibilidade à evolução da alma.
 
Nesta altura o homem acabava de expulsar-se do paraíso terreno e integrava-se nos mundos da forma em condições de semiconsciência.

Os dados científicos acima descritos, tornam-se necessários para comprovar que tudo evolui na creação de uma forma natural e inteligentemente dirigida. É neste sentido que devemos perceber a importância da ciência no estudo aprofundado do exterior.

Também aqui se comprova que o homem obtém este conhecimento de uma forma gradual e de trajeto evolutivo.

Tudo evolui harmoniosamente, em equilíbrio e em forma proporcional com o todo cósmico, embora, pela análise superficial, nos pareça que assim não sucede.

Deixemos a ciência, no seu trajeto evolutivo, para aqueles que enveredaram pela missão de explicar com dados científicos o funcionamento do exterior e adquiramos, através dos místicos, dos psíquicos e dos intuitivos, o entendimento do interior que constitui a nossa real natureza, a ciência do espírito.

Tudo tende para a união. O estudo do exterior e o estudo do interior são complementares, pois a evolução do homem acontece em dois sentidos: de fora para dentro, pelo estudo da creação exposta aos órgãos sensoriais (ciência do exterior), e de dentro para fora, pela ação do espírito sobre a matéria (ciência do espírito).

No prosseguimento desses estudos espirituais, descobriremos que, no mais íntimo da nossa alma, existe a fonte de onde todo o conhecimento provém.

Para o receber torna-se necessário que nos entreguemos ao estudo profundo da nossa natureza espiritual, criando as condições espirituais na  observância das leis  divinas para  que  o  espírito se mani- feste através da nossa alma.

Tal como acontece com a substância primordial nas suas fases a que chamamos de matéria, a nossa individualidade espiritual, a nossa alma, paralelamente vai evoluindo rumo ao centro de onde veio em estado primário, simples e ignorante, e ao qual regressará em estado realizado.

Partimos do princípio de que o homem vai naturalmente operar física, mental, emocional e espiritualmente, nas dimensões da forma, servindo-se do seu corpo físico, do pensamento, do intelecto e da vontade, a partir do seu livre arbítrio e da inteligência -ferramentas e atributos do espírito consignados à alma (a individualidade humana em crescimento) - para formar a consciência durante a aprendizagem em suas vidas cíclicas nos mundos materiais.

Ao dar-se assim o contacto com o meio ambiente que o rodeia, os atributos divinos de que é dotado e a componente material de que é revestido com suas solicitações próprias, entram em funcionamento no seu conjunto, provendo a sua subsistência e propagação da  espécie, ainda por instinto advindo do plano animal.


Por outro lado, a ação do espírito sobre a alma em aperfeiçoamento desenvolve-lhe o psiquismo e dá-lhe a sensação de que mais existe para além do mundo que se encontra perante os seus órgãos sensoriais.

 Tertuliano diz-nos: que o homem é religioso por natureza. E nós acrescentamos: ”mesmo ignorando tal condição”.

Deste modo a transformação conjunta, material e espiritual, continua. É um facto. Agora em aspeto mais elevado pois tinha transitado da inconsciência para a semiconsciência, aprontando-se para obter a consciência, rumo à superconsciência e, mais tarde, à supraconsciência.

O homem assistiu à morte e ao nascimento dos seus semelhantes, sentiu dentro de si a vida palpitante e tomou consciência dessa força interior que não via mas que existia.

Perante a imponência dos mundos da forma, da matéria em movimento e dos fenómenos naturais que por vezes se expressam de forma violenta no seu desenvolvimento evolutivo, o homem criou crenças de ordem espiritual através de  superstições e sentimentos   naturais de que não se encontrava só no mundo.
 
Precisava de proteção.

Foi o momento da criação de deuses para todas as suas necessidades prementes e dificultosas. Nessa altura também se manifestaram os psíquicos, que conviviam através da mediunidade com os chamados espíritos, dando assim a consciência da vida para além da morte. Chamaram-lhes feiticeiros, xamãs, etc.

Os celtas são um bom exemplo de tais conceitos espirituais pois através dos druidas, que eram os seus sacerdotes, tinham o culto dos mortos com cujas almas conviviam, bem como os antigos egípcios e os tibetanos, conforme nos informa os Livros dos Mortos.

No médio oriente apareceram os profetas e com o aparecimento de avatares, que traziam doutrinas espirituais, o homem criou religiões, dando-lhes diversas interpretações.

Se fosse possível perguntar a Deus se não se sentia ofendido pelo facto dos homens terem criado deuses, certamente nos responderia que não, porquanto é nessa criação que o procuram a ele.

A tomada da consciência é feita naturalmente com a vivência quotidiana. Pensamos que, principalmente, com a faculdade de sentir.

Se sentimos fome, logo que sempre isto acontece tomamos consciência de que temos que alimentar o nosso veículo físico. Ao ingerirmos os alimentos, se sentimos agrado, tomamos consciência desse prazer, e assim o homem não mais deixou de procurar os prazeres. Prazeres de toda a ordem.

Para que pudéssemos ter sempre o necessário, a criatividade humana entrou em funcionamento, e com isto nasceu o sentimento de posse.

Com o sentimento de posse floresceu o egoísmo e o homem tornou-se avaro.

Mas o sentimento de posse, que tem como consequência o egoísmo, gera o do poder. Então ele não teve dúvidas e enveredou por todos os meios para possuir poder, sobre tudo e todos, dentro dos diversos estados de poder e dos estatutos sociais que ocupava no contexto social da humanidade.

Claro que uns conseguiam atingir esses desideratos, outros não, e assim apareceu uma humanidade de poderosos e ricos e de subalternos e pobres, que ainda hoje se mantém.

Para o efeito criou tribos que chefiou, reinados em que foi rei, impérios em que se tornou imperador, havendo também todos aqueles lugares subalternos que eram a cobiça dos menos afortunados.

E deste modo se foi o homem afastando da sua verdadeira natureza e afundando-se nas solicitações do mundo material.

E foi deste modo que apareceram os ditadores, que se construíram organizações mafiosas, que o homem aprendeu a ser dissimulado, falso, traidor e corrupto para obter tudo aquilo que desejava; que a escravatura se instalou no mundo sem dó nem piedade e que a maldade passou a ter cidadania. É a lei do mais forte e do mais   esperto.

E assim foi construindo a sua personalidade ligada a todos estes sentimentos que a sustentam, o nosso eu inferior: “o ego físico, mental e emocional“.

Como o homem arranja sempre uma desculpa, alijou para a manifestação nefasta desse ego a criação de um ser, a que chamou Satã.

Mas… “ai”! Para que ele pudesse manter esta personalidade, necessitava de segurança. E este sentimento tornou-se imperativo.

Então criou leis e tribunais e organizou forças policiais para as fazer cumprir, tendo em conta que no princípio ele era o tribunal e o juiz – tudo era decidido por ele.

Também no contacto com os seus semelhantes e no uso natural da procriação foi desenvolvendo sentimentos diversos: de amor, de maternidade, de paternidade, de filiação, de família, de amizade, de tribo, de país, que envolviam outros sentimentos, como os de gratidão, admiração, orgulho, vaidade, ódio, etc.

E assim se foi o homem afastando da ingenuidade e da simplicidade, obtendo uma personalidade fictícia complexa e interesseira, de acordo com as suas infindáveis ambições.

Mas no meio de tudo isto apareceram as exceções, os que com maior clareza intuíram a razão de ser da vida e passaram a lutar por um mundo melhor, uma humanidade mais justa.

Vieram ao mundo e tentaram ajudar a humanidade a evoluir dando-lhe códigos de relacionamento e princípios espirituais de acordo com as leis divinas a que, pelo seu esforço, já tinham ascendido, mostrando um caminho baseado na compreensão, na fraternidade e no amor.

Há cinco mil anos, no oriente, foi dada à humanidade, por Lao Tsé, uma preciosidade de sabedoria chamada “o Tao” (que quer dizer: caminho ou via) onde se inspirou Confúcio e outras linhas espiritualistas orientais.

Com a invasão ariana à Índia, nasce, da fusão da filosofia do invasor com os autóctones jainas, a ciência védica, que é um tratado científico e filosófico de espiritualidade de elevada grandeza.

Os arianos tinham um conceito de carma ativo e os jainas um conceito passivo. Como a atividade cria carma e a passividade se torna neutra – impasse para o progresso evolutivo –, fundiram-se os conceitos e assim nasceu a lei do carma védico atual.

Seiscentos anos antes da nossa era aparece esse grande luminar que se chamava Siddhartha Gautama - o primeiro Buda - e ensina aos homens o caminho que os realiza, a via óctupla, o caminho do meio, ou seja, a forma de alcançar o estado búdico. O nirvana, a autenticidade do ser.

Houve sempre seres humanos que se destacaram na ajuda da evolução tecnológica e espiritual. Basta lembrarmos: “Pitágoras, Krishna, Zaratrusta, Hermes Trimegisto, Sócrates, Platão, Orígenes, Plotínio, Spinosa e tantos outros filósofos, cientistas e religiosos até à atualidade.

E há dois mil anos apareceu o último avatar, Jesus, que deu ao mundo o maior exemplo de sabedoria e espiritualidade, baseado no amor a Deus e ao próximo.

Veio a este mundo em missão de esclarecimento e salvação e  pagou o preço com a sua própria vida terrena, como aconteceu aos seus antecessores. Os poderosos não o podiam suportar; era demais.

Tais doutrinas ameaçavam os poderes instituídos. Eram anunciadores de alterações da ordem pública pois eram uma ameaça aos poderosos, quer do poder político, quer do económico, quer do religioso.

Os séculos XVII, XVIII,XIX e XX foram pródigos no aparecimento de seres para além do vulgar, dentro de todas as áreas do conhecimento, que levaram a humanidade a um estado evolutivo considerável.

Desde sempre, o homem obedeceu mais ao intelecto do que ao espírito. Possuidor de atributos divinos por filiação, criou regras  comportamentais de relação com os seus semelhantes, construiu máquinas fabulosas, edifícios monumentais, iniciou as viagens no espaço exterior, descobriu meios de tratamento de doenças e atingiu  técnicas  de  variada  ordem, que  o  levou a um progresso tecnológico inimaginável. Tudo em nome da ordem, do progresso, da segurança e da religiosidade.

Todas estas conquistas do génio humano serviram as duas partes. No entanto temos que admitir que as grandes descobertas científicas foram, na sua maior parte, aplicadas em armas e horrores de guerra que matam outros seres humanos e espalham a desgraça, o infortúnio, a dor e a miséria.

Deus tinha creado o “bem” e o homem criou aquilo a que chama-mos o “mal”, o que desde o início da creação estava previsto, visto   Deus ter consignado, às suas creaturas, a inteligência e o Livre-arbítrio através do espírito.

Era previsível. Por isso é o homem infeliz e sofredor por sua exclusiva culpa. Talvez por desconhecer que existia a lei de causa e efeito e que, portanto, só se evolui vivendo.

São as duas faces da mesma moeda, na aparente dualidade da creação, pois nada está errado porque Deus é a suprema perfeição. Os opostos não são opostos, são complementos para um desígnio de unidade espiritual objetiva.

Toda esta estrutura social foi sendo gravada e acumulada na mente humana e tornando o homem escravo dela; transmitida às gerações seguintes através da educação de avós para pais e de pais para filhos;  de  ensino  obrigatório  nas  escolas primárias, secundárias e superiores, pelo que faz parte do modo de estar do homem em sociedade.

Assim foi o homem apanhado na sua própria armadilha, apenas suavizada pela exigência das gerações futuras, mas de tal maneira ainda superficial que ele se sente aprisionado, insatisfeito e infeliz, acorrentado a tanto preceito e preconceito, quer social, quer religioso, que o mantém cego para a realidade, vivendo na incerteza e na ilusão do mundo material com todas as suas nuances de opulência e de precariedade.

Para que a alma humana possa dar o salto quântico, torna-se necessário que o homem pare para se interiorizar. Que deixe de analisar com os dados distorcidos, inquinados e preconceituosos da mente inferior, que ainda é a sede de informação do ego físico, mental e emocional: “ a personalidade “.

Que, observando-se, possa analisar todos os sentimentos negativos que possui, um a um, tomando consciência dos resultados que a sua ação nefasta produz em si principalmente e nos outros, dissecando esses sentimentos até ao extremo, não deixando nada por entender.

Este trajeto deverá ser feito sem pressas, porque a evolução acontece, natural e gradualmente, nos momentos certos para o efeito, visto que o tempo não passa, é pura ilusão nos mundos da forma.

Aquilo a que chamamos tempo, está lá, impávido e sereno. O que passa são as coisas e os seres no seu caminho evolutivo. Por isso, nas dimensões reais, não há tempo nem espaço.

Quando qualquer destes sentimentos negativos adquiridos do passado deixar de ter qualquer segredo para o Homem, este abandona-os naturalmente, porque neles nada há mais para desvendar e uma nova consciencialização o inunda de tal forma, que ele se vai apercebendo do ilusório e do real, como se uma nova vida tivesse desabrochando. É o momento do aparecimento da supraconsciência.

Com este processo de coragem espiritual, o homem expulsou-se da mente inferior e integrou-se na mente superior. Agora o seu ego físico, mental, emocional, habita outro plano de consciência.

Se tivermos a capacidade de, através de uma visão de síntese, ver passar toda esta transformação da creação em amplitude cósmica, em termos materiais de uma minúscula ameba ao corpo físico mais complexo e perfeito que conhecemos e, em termos espirituais, de uma simples substância semi-material, semi-espiritual, à sua completa espiritualização e perfeição repleta de beleza, de inteligência e de sabedoria, adornada pelo amor divino que lhe confere o espírito com o qual se unificou, sendo um, sem o ser deixar de ser quem é, ficaremos de certeza extasiados perante as maravilhas da creação, nos seus aspetos de perfeição, de cor, de som, de harmonia e de felicidade irradiante.
 
E é aqui, nesse preciso momento, que o sonho alquímico se torna realidade ao ser transformado o chumbo em ouro de incomparável magnitude.

É a odisseia da aventura cósmica do homem e é por isso que tem que pugnar, continuando a esforçar-se por atingir o conhecimento adequado, para deixar de valorizar o ter e passar unicamente a “Ser”.

Desde a noite dos tempos que ele tem sido transmitido, através daqueles que o legaram, quer oralmente, quer por escrito, à humanidade e que faz parte intrínseca do saber da nossa natureza real: “ o Divino no homem.”

Deste modo o homem, de transformação em transformação, continuará a evoluir em perfeição e sabedoria, rumo à supra consciência.

À medida que penetramos nas profundezas do saber espiritual, enche-nos um sentimento de que sempre o sentimos e de que sempre esteve presente. É como que recordar.

 ABRAME
Com um grande abraço espiritual.

Offline Abrame

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Re: Pensamentos
« Responder #146 em: Fevereiro 08, 2018, 16:27:14 pm »
Companheiros do Caminho
Um amigo nosso que tem tido ligações espirituais connosco nos entregou um texto de Baruch Spinoza devido ao muito que temos conversado e por que achámos muito interessante e por isso o colocamos aqui para vossa apreciação. Spinoza viveu no nossa planeta nos anos de 1632 a 1677.
 
 TEXTO DE BARUCH SPINOZA
Pára de ficar rezando e batendo o peito! O que eu quero que faças é que saias pelo mundo e desfrutes de tua vida. Eu quero que gozes, cantes, te divirtas e que desfrutes de tudo o que Eu fiz para ti.
Pára de ir a esses templos lúgubres, obscuros e frios que tu mesmo construíste e que acreditas ser a minha casa.
Minha casa está nas montanhas, nos bosques, nos rios, nos lagos, nas praias. Aí é onde Eu vivo e aí expresso meu amor por ti.
Pára de me culpar de tua vida miserável. Eu nunca te disse que há algo de mau em ti ou que eras um pecador, ou que tua sexualidade fosse algo mau.
O sexo é um presente que Eu te dei e com o qual podes expressar teu amor, teu êxtase tua alegria. Assim, não me culpes por tudo o que te fizeram crer.
Pára de ficar lendo supostas escrituras que nada têm a ver comigo. Se não podes-me ler num amanhecer, numa paisagem, no olhar de teus amigos, nos olhos de teu filhinho… Não me encontrarás em nenhum livro!
Confia em mim e deixa de me pedir. Tu vais-me dizer como fazer meu trabalho?
Pára de ter tanto medo de mim. Eu não te julgo, nem te critico, nem me irrito, nem te incomodo, nem te castigo. Eu sou puro amor.
Pára de me pedir perdão. Não há nada a perdoar. Se Eu te fiz… Eu te enchi de paixões, de limitações, de prazeres, de sentimentos, de necessidades, de incoerências, de livre-arbítrio. Como posso te castigar por seres como és, se Eu sou quem te fez? Crês que eu poderia criar um lugar para queimar a todos meus filhos que não se comportem bem, pelo resto da eternidade? Que tipo de Deus pode fazer isso?
Esquece qualquer tipo de mandamento, qualquer tipo de lei; essas são artimanhas para te manipular, para te controlar, que só geram culpa em ti. Respeita teu próximo e não faças o que não queiras para ti. A única coisa que te peço é que prestes atenção a tua vida, que teu estado de alerta seja teu guia.
Esta vida não é uma prova nem um degrau, nem um passo no caminho, nem um ensaio, nem um prelúdio para o paraíso. Esta vida é o único que há aqui e agora, e o único que precisas.
Eu te fiz absolutamente livre. Não há prémios nem castigos. Não há pecados nem virtudes. Ninguém leva um placar. Ninguém leva um registro.
Tu és absolutamente livre para fazer da tua vida um céu ou um inferno.
Não te poderia dizer se há algo depois desta vida, mas posso-te dar um conselho. Vive como senão o houvesse. Como se esta fosse tua única oportunidade de aproveitar, de amar, de existir. Assim, se não há nada, terás aproveitado da oportunidade que te dei.
E se houver, tem certeza que eu não vou te perguntar se foste comportado ou não. Eu vou te perguntar se tu gostaste, se te divertistes… Do que mais gostaste? O que aprendeste?
Pára de crer em mim – crer é supor, adivinhar, imaginar. Eu não quero que acredites em mim. Quero que me sintas em ti. Quero que me sintas em quando beijas tua amada, quando agasalhas tua filhinha, quando acarinhas teu cachorro, quando tomas banho no mar.
Pára de louvar-me! Que tipo de Deus ególatra tu acreditas que Eu seja?
Me aborrece que me louvem. Me cansa que agradeçam. Tu te sentes grato? Demonstra-o cuidando de ti, de tua saúde, de tuas relações, do mundo. Tu sentes olhado surpreendido? Expressa tua alegria! Esse é o jeito de me louvar.
Pára de complicar as coisas e de repetir como papagaio o que te ensinaram sobre mim. A única certeza é que tu estás aqui, que estás vivo, e que este mundo está cheio de maravilhas. Para que precisas de mais milagres? Para que tantas explicações?
Não me procures fora! Não me acharás. Procura-me dentro… aí é que estou, batendo em ti.
BARUCH SPINOZA

Um abraço fraterno de Abrame.

Offline Abrame

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Re: Pensamentos
« Responder #147 em: Março 11, 2018, 12:22:41 pm »
Companheiros do Caminho
Uma pequena história para vossa apreciação.

               A  LENDA
            A  HISTÓRIA DE UM HOMEM
Era uma vez um homem que nasceu num povoado de pessoas muito simples e pobres, junto ao qual existia uma montanha muito alta, tão alta que se não via o seu cume.
Desde pequenino ouvia contar à lareira uma lenda que dizia: Quando alguém conseguisse chegar, a pé, ao cume daquela montanha, todo nu, e tivesse bastante coragem, força de vontade e conseguisse não duvidar da veracidade do conto, encontraria a maior riqueza que não se pode sequer imaginar e, com ela, uma felicidade sem limites.
Como dolorosa era a sua vida recheada de trabalho e cansaço, perguntava-se: Será que a lenda é verdadeira ou não? Serei eu capaz de subir tão alto? A dúvida era imensa.
E um dia, já entrado nos anos, pensou: Sinto-me atraído para saber a verdade, já não tenho o vigor que tinha mas devagar, passo a passo, gradualmente, vou tentar, antes que morra, tentar saber e dizer aos meus pobres conterrâneos se a sua lenda, que atravessara tantas vidas, seria verdadeira ou apenas mais uma história.
E assim aconteceu. Preparou-se para a escalada e pôs-se a caminho. E, subindo a montanha, ia-se despojando da roupa que levava. Primeiro tirou o chapéu, depois o cachecol e ia andando e, mais além, a camisa, a meio, as calças, mais ao longe, as roupas interiores. Olhou para cima e viu que ainda lhe faltava bastante mas não esmoreceu e continuou.
E, quase perto do cimo, parou e deitou fora as botas completamente destroçadas pela caminha e, descalço, alcançou o cume da montanha.
Estava deserto. Apenas se encontrava uma grande pedra no meio daquele pequeno terraço e, completamente exausto, sentou-se nela e ainda lhe surgiu a dúvida; mas ele tinha acalentado tantos anos a veracidade daquela lenda que, de súbito, disse para si mesmo; "retire-se de mim a ilusória dúvida para que não tenha este esforço final sido em vão".
De imediato a montanha se iluminou e o envolvimento amoroso que sentiu foi algo impossível de descrever e olhando lá do alto a extensão do mundo, tomou conhecimento de tudo e no maio de grande alegria e felicidade uma enorme compaixão envolveu todo o seu ser translúcido que, abarcando dimensões infinitas, varreu de si todas as dúvidas e o fez sentir-se uno com o infinito.
Logo se sentiu desejoso de comunicar aos seus conterrâneos que a lenda era verdadeira mas logo sentiu dentro de si um grande silêncio e, de seguida, no meio daquele silêncio, foi tomando consciência do aviso que ia compreendendo.

Não podes! Porque aquilo que agora sabes, a humanidade não tem palavras que o possam descrever e, por isso, não compreenderiam o que dissesses e achariam que tinhas enlouquecido e, como sempre, não acreditariam em ti.
 
Abrame   
Com um abraço fraternal.

Offline Abrame

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Re: Pensamentos
« Responder #148 em: Maio 09, 2018, 16:49:02 pm »
Companheiros do Caminho
Para vossa apreciação mais um texto do Abrame que retirei do conjunto de textos guardados por ele.

      Estágios do homem cósmico
      e desiderato da humanidade

Atingir a vida eterna não é como quem chega a um qualquer lugar, mas sim uma longa epopeia de vivência cósmica, que se transforma numa jornada épica e inebriante de realização.

Todo e qualquer ser, em demanda do infinito, está sempre a uma distância infinita, disse alguém.

Nesta jornada da evolução do ser não há paragens. Há sempre caminhos abertos, rumo a estágios superiores.

Iremos de conhecimento em conhecimento, de glória em glória, de beatitude em beatitude, como afirma Paulo de Tarso.

Tudo nos foi transmitido como ensinamentos ao longo dos milénios, através de simbolismos esotéricos, para levar os seres a procurar a sua natureza real, desenvolvendo assim a vontade e a inteligência, em vivência contínua com a creação.

O objetivo a alcançar é a realização total de individualidades, de alta expressão espiritual.

O Génesis é disso um enorme exemplo que, na medida do possível, procuraremos descodificar de uma forma sintética, como não poderá deixar de ser.

Cinco são os estágios básicos da evolução humana, com seus sete sub-estágios cada, até atingir a realização espiritual real.


1° - pré-animal/hominal
2° - animal/hominal
3° - hominal
4° - hominal/espiritual
5° - espiritual

Haverá ainda o 6º e o 7º estágio que serão o trajeto final para a conclusão evolutiva, sendo que o sexto lhe permitirá pela consciência adquirida nos estágios anteriores a harmonia ditada pela evolução espiritual de que o homem ainda está para além do que pensava ser e ao percorrer o 7º estágio, obterá em qualquer altura aquilo a que se chamou a iluminação, ou seja, Aquilo que é, A Essência por imanação do Espírito Divino, onde se conjuga a Consciência Universal com a imortalidade.

Quando a vida atingiu, no organismo animal, a expressão máxima, cedeu lugar ao plano hominal pelo advento da eclosão da inteligência e depois, mais adiante, da razão.

No homem, a sua natureza específica consiste na inteligência do intelecto e na razão da logosfera, ou seja, segundo o Génesis, no sibilo da serpente e no sopro divino.

A inteligência do ego e a razão do eu coincidem com a origem do homem porque, anteriormente a esta consciência dual, existia como ordem dominante somente a vida orgânica.

A primeira aparece consciente de si, através dos órgãos sensoriais. A segunda existe em estado potencial de consciência.

Deste modo, foi inevitável a supremacia do ego secundado pela inteligência, ou seja, pela simbólica serpente.

É interessante verificar que nas revelações de todos os povos, a serpente é apresentada como símbolo da inteligência.

Jesus também se serve da serpente, como símbolo de inteligência, quando diz: sede prudentes como a serpente
.
Cosmicamente, manifesta-se a serpente da vitalidade no ser humano, em três aspetos:

1º - como vitalidade sexual
2° - como vitalidade mental
3° - como vitalidade espiritual

Quando a Kundalini, como lhe chamam os hindus, está enroscada, adormecida, é inconsciente e instintiva.

Quando se desenrosca e rasteja horizontalmente, representa a ego-consciência e a intelectualidade.

Quando erguida verticalmente, representa o eu superior, ou seja, é o cosmo consciente e espiritual.

Não se trata dum animal réptil ou o diabo. É a representação simbólica da natureza humana, no seu aspeto tríplice, desde o primeiro ao último estágio.

No primeiro, segundo e terceiro estágios evolutivos do homem, ainda se processa a quantificação pela ação grosseira da matéria, passando, gradualmente, a haver qualificação da individualidade humana pelo aperfeiçoamento e elevação da sensibilidade do ser, no quarto e quinto estágios.

Assim, no quarto e quinto estágios evolutivos, não há mais tendência de quantificação extensiva mas qualificação intensiva do homem cósmico, cuja evolução consciencial regista maior abrangência e perfeição rumo à realização do plano hominal.

A erótica horizontal será convertida pela mística vertical. Por fim, o hominal dará lugar ao anjo do amor.

Segundo os livros sacros, o planeta Terra será um dia lar de uma nova humanidade, livre do joio que tanto sofrimento e dor causam ao homem.

A nova humanidade cósmica terá dificuldade em admitir que tivesse sido protagonista das tragédias da humanidade do nosso tempo, exercendo possessividade, agressividade, sexualidade adulterada e sendo vítima de enfermidades de toda a espécie.

Estando revelado que, na Terra, pela manifestação do espírito, haverá um novo céu, haverá também uma nova Terra pela ação da matéria em evolução.

Os Eloim, que não deixavam ascender o homem aos planos espirituais superiores por ainda não estarem reunidas as condições necessárias, permitirão ao homem anjo o acesso à árvore da vida eterna, do quarto e quinto estágios.

No Génesis, aparentemente, a serpente rastejante é inimiga dos Eloim e parece trabalhar para que o homem não atinja o objetivo proposto: construir a sua individualidade, à imagem e semelhança de Deus.

Mas o que acontece é que ela se verticaliza, e todos os que foram dominados pela serpente do ego serão redimidos pela serpente vivificante do eu superior, ou seja, pela nova creatura em Cristo, como nos diz Paulo de Tarso.

O Génesis, tal como narra, em jeito de uma história, os acontecimentos da creação, está ainda nos primeiros estágios, tendo que percorrer os estágios seguintes, bastante dolorosos, até se atingir as culminâncias estabelecidas pelas potências creadoras.

Após a reunião de todos os elementos do primeiro estágio e quando o homem, ainda infra-humano, vivia no plano pré-racional do éden terreno, em que a sua ascensão se baseava na transição do seu estado subconsciente para o nível consciente, é a serpente que lhe sugere essa transição, manifestando-se assim como símbolo da inteligência individual, ao dizer para comerem da árvore do conhecimento.

Assim, quando o homem primitivo emergiu do elemento obscuro da inconsciência, ou seja, da subconsciência animal ao fim de milhões de séculos, despontou na aurora da autoconsciência.

A história que nos foi contada, da expulsão do homem do paraíso ao bom jeito da transmissão esotérica que se perde na noite dos tempos, é apenas e só uma alegoria.

O infra-homem, quando em vias de se tornar homem, expulsou-se do paraíso da sua inocência subconsciente, ascendendo do nível da impecabilidade animal para o da pecabilidade humana, senhor, que já passara a ser, do seu livre-arbítrio, dotado de inteligência.

Tinha chegado ao ponto de perceber o bem e o mal.

Aliás, este é o processo padrão cósmico que preside a todos os planos ascensionais, desde a matéria mais densa, periférica, ao plano do espírito puro, seguindo as alterações cíclicas das frequências vibratórias.

Jesus também se expulsou do estágio espiritual terreno ao emergir no plano crístico.

Tudo isto é evolução, contida no potencial creativo divino onde tudo é, desde o princípio.

As incompreensíveis antíteses do passado e do presente, serão solucionadas pela surpreendente síntese do futuro, onde a lei de causa e efeito se desdobra ao longo de milénios, ajustando e reajustando a expansão da consciência humana.

A consciência do ser desenvolve-se no compreender e aprender em milhões de vidas, em espiral, tornando-se cada vez mais abrangente em compreensão e sabedoria, motivo pelo qual consciencialização é sinónimo de evolução.

Os sofrimentos, as dificuldades, os paradoxos da vida, na forma que o ser defronta, nada mais são que resistências que é necessário ultrapassar porque, sem essas resistências, não há evolução.

É a parábola do filho pródigo, de Jesus, e do épico Bhagavad Gita védico.

O conjunto das nossas negatividades, que agora com maior consciência nos atormentam, são passagens da nossa ascensão, necessárias porque Deus escreve direito pelas linhas tortas dos homens.

Tudo aquilo que se nos apresenta como derrotas de Deus, são vitórias divinas na prossecução dos objetivos da creação.

Pelo contrário, todas as ilusórias vitórias, de que o homem com tanto orgulho e vaidade se reveste, são derrotadas pelas leis universais.

Onde abundou o pecado, superabundou a graça.

Pensa o homem, com orgulho, que por ter livre-arbítrio, secundado pela inteligência, que é senhor do seu destino porque desconhece que por detrás da sua evolução visível, existem poderes invisíveis que orientam e controlam a evolução total do cosmos.

A liberdade do homem é um facto e ela existe sim, e torna-o responsável pelos seus atos. Mas essa liberdade humana está inserida na liberdade da consciência do universo. A ego-consciência do homem é controlada pela cosmo-consciência do infinito.

Segundo os livros sacros, na Terra era o Cristo que possuía todos os poderes, no céu das forças invisíveis e na terra das coisas visíveis. O único, porque ele é a divindade imanente em espírito.

Por isso, harmonizar a natureza humana com o espírito do Cristo, é estar em harmonia com Deus, é a razão de ser da nossa encarnação terrestre.

Através de milhares de anos, enviou a divindade, para todos os quadrantes do nosso planeta, os seus mensageiros sendo que o último dos grandes avatares surgiu no Médio Oriente e sintetizou, em temas relevantes e profundos, a eterna sabedoria dos séculos e milénios.

Agora chegados ao terceiro milénio, em plena era de Aquário, está a realizar-se a grande triagem, a separação entre os filhos das trevas e os da luz.

Muitos eram os chamados e poucos os escolhidos, segundo o que se encontra profeticamente escrito.

Todos os homens eram requeridos para a etapa evolutiva deste ciclo e poucos atingiram a meta proposta, visto que poucos responderam à sua vocação pela evocação.

A presente humanidade está entre o fim de um ciclo evolutivo e o princípio de outro. Os evolvidos serão a semente de continuidade para uma nova humanidade, pela sua elevação regenerativa. Os não evolvidos ficarão aguardando a repetição do ciclo transacto, com a humanidade que a precede.

Chegados são pois os tempos, mencionados por Jesus, para a separação do trigo do joio, que se fará com a naturalidade que a perfeição da creação contempla. É a colheita da sementeira espiritual.

Percorridos que foram os primeiro, segundo, terceiro e quarto períodos da creação, diz-se no Génesis que os Eloim viram que era bom.

Ultrapassados o sexto e sétimo períodos da creação, diz ainda o Génesis que eles viram que era muito bom.

O que era bom foi o aparecimento das outras creaturas, e o que era muito bom foi o aparecimento da creatura que, com seu livre-arbítrio, é responsável por seu destino: o homem.

Em presença dessa diferença entre o bom e o que era muito bom, seria de esperar que essa diferença se efetivasse também no agir do homem, porquanto, dotado de livre-arbítrio e inteligência, ele pode e deve. E quem pode e deve e não faz, cria débito, e todo o débito gera sofrimento.

A ascensão de todas as outras creaturas faz-se automaticamente, num processo determinístico, intrinsecamente inserido na própria creação, pela ação dos respetivos elementos constituintes, dependentes das leis do creador.

A ascensão do homem depende dele mesmo, da sua vontade, porque é livre no seu agir. O sopro divino eclodiu nele. Essa eclosão do espírito não se efetuou instantaneamente. Percorreu todos os trâmites de conjugação estrutural do primeiro estágio, e parte do segundo, até adquirir as condições necessárias para o efeito.

A transição do estado vital para a consciência espiritual é trabalhada através de período de absorção intelectual, no segundo estágio, e plena efetivação intelectual no terceiro.

É sabido que, pela inteligência, o homem não se torna bom, mas adquire erudição. O grosso da humanidade, até hoje, é apenas intelectual, mas não verdadeiramente espiritual.

A serpente venceu, aparentemente, o espírito. O homem acha-se, ainda, no segundo e terceiro estágios da sua evolução cíclica, no plano hominal.

O homem obedeceu, desde sempre, mais à inteligência do que ao espírito. Comeu do fruto proibido, da árvore do bem e do mal, estagnou na animalidade Intelectualizada e, por vezes, ainda hoje desce abaixo dela, contrariando desse modo, a ordem evolutiva das potências creadoras. É na permanência desta atitude que se atribui a culpa universal da humanidade.

O homem, dominado pelo desejo e pelo egoísmo, viola constantemente as leis da creação, criando culpas que se traduzem em débito e que terão de ser solvidas, pela experiência vivida dessas violações pelo culpado, como meio de aprendizagem e consciencialização.

A colmatar esta situação, existe a lei de causa e efeito que tem, como complemento lógico, a lei da reencarnação.

As culpas do ego intelectual só terminam quando o eu espiritual despertar e o homem mergulhar no fogo divino, redimindo assim o ego personal. Nesta altura, a simbólica serpente ficará verticalizada.

A primeira cedência do eu espiritual ao ego intelectual, segundo o Génesis, aconteceu no âmbito da luxúria sexual, no uso do sexo, provindo da libido e não do amor.

Através de toda a história do Antigo Testamento, continuou a humanidade nessa subversão contra as leis cósmicas que, como está escrito, provocou o dilúvio, em virtude de todo o espírito se haver tornado carne, bem como a destruição de Sodoma e Gomorra e ainda outras cidades, porque toda a carne se tinha desviado do seu caminho.

A juntar a isto, temos a ganância do ter, do possuir a qualquer preço e a lixeira social da humanidade que se diz civilizada.

Ai de vós que sois ricos! Mais fácil é passar um camelo pelo fundo de uma agulha, do que um rico entrar no reino dos céus. Não podeis servir a dois senhores, a Deus e às riquezas, advertiu Jesus.

Giovanni Papini, na “História de Cristo” chama ao dinheiro o excremento do diabo. O que quer dizer, segundo a significação de diabo, que a avareza e o egoísmo são os sentimentos inferiores que prendem os seres ao sofrimento pela maldade, filha da ignorância da origem divina do homem.

Todas as grandes descobertas da humanidade, no progresso tecnológico, no nível do conforto, da rádio e da televisão, todas essas grandes invenções da inteligência humana estão seguramente, em 95 %, ao serviço da imundice moral e intelectual, em vez de promoverem a ética e a consciência humana da verdadeira natureza do homem.

O homem ainda não sabe pôr o sibilo da serpente ao serviço do sopro divino e, por isso, ainda se encontra atualizada a maldição das potências cósmicas: “Maldita seja a terra por tua causa”.

Basta prestarmos alguma atenção aos noticiários para sabermos o que vai pelo nosso planeta, para verificarmos que a reação cósmica é evidente contra a ação subversiva. A reposição do equilíbrio e da harmonia cósmica será inevitável.

O chamado fim do mundo, é uma forma de expressar aquilo que, na realidade, acontece no processo de transformação a que toda a creação está sujeita em termos de evolução.

Mas para que algo de trágico suceda não é necessária uma bomba nuclear. Basta que o homem continue subvertendo as leis divinas, para que os elementos cósmicos prossigam o seu desiderato de compensação estabilizadora, conclusão a que chegou um grande filósofo espiritualista.

Infalivelmente, os Eloim farão cumprir o projeto da creação. Como será!? Está ligado ao que o homem fizer com o seu livre arbítrio.

Portanto, muitos serão os vocacionados, poucos os evocados.

Quando confrontado com a denúncia de revogar a lei, Jesus disse: “Até que passem o céu e a terra, não passará um só i ou um só til, sem que tudo se cumpra”.

E um dia, num dado momento, também o homem se encontrará a sós consigo mesmo, em plena consciência de si próprio e brotará da sua alma um grito de plena noção de liberdade, misto de dor final e de alegria perene: está consumado. Em tuas mãos, Senhor, entrego a minha alma realizada.

O homem, tal como o conhecemos, é uma expressão complexa que, no seu desenvolvimento ascensional, se torna cada vez mais simples, culminando, como resultado, igual a espírito.

Todos os homens, sem exceções, tiveram e têm a possibilidade de fazer parte da nova humanidade, alcançando a dimensão do homem novo, como diz Paulo de Tarso.

Enquanto o homem for culpado, continuará sendo um sofredor.

E o homem será culpado enquanto continuar no segundo e terceiro estágios.

Esta luta do ego contra o eu superior, tem prosseguido até aos nossos dias.

Já Sócrates nos dizia que só vivendo se sabe. Ele sabia que Deus, sendo a suprema inteligência, era também a suprema perfeição, é o ser absoluto em toda a sua transcendência e manifestação.

Nada está errado, tudo é perfeito. “Sede perfeitos como vosso Pai é perfeito”, disse-nos o nosso irmão maior.

Só em plena liberdade de opção o homem pode experienciar e conhecer o que é bom e o que é mau, o que é real e o que é ilusório, para que, um dia, em completa e integral consciência de causa, se precipite no inefável abismo cósmico do amor divino.

Assim está escrito em termos simbólicos, que identificam as leis imutáveis das potências creadoras, os Eloim, que mais não são que os poderes criativos do próprio senhor do cosmos, Deus.

Atingindo a finalidade do quinto estágio, o filho do Homem poderá afirmar que também comeu da árvore da vida que, no jardim do Éden, se encontrava do outro lado do rio.

 Abrame
Um abraço espiritual

Offline Abrame

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Re: Pensamentos
« Responder #149 em: Agosto 03, 2018, 20:15:20 pm »
Companheiros do Caminho
Mais um texto do Abrame retirado dos guardados, para vossa apreciação.


O SACRIFÍCIO

Certas assertivas foram registadas ao longo dos séculos que se iam transformando em histórias e em lendas, contadas nos momentos de laser às pessoas que se reuniam e, por isso eram alteradas conforme o entendimento dos que as contavam. Por isso, neste caso talvez o assunto tivesse sido outro que decerto visa o esotérico na sua profundidade. Também sabemos que quem conta um conto acrescenta sempre um ponto.

Em Gn 22,1-2 Deus manda Abraão matar seu filho Isaac conforme se descreve sucintamente porque, como pensamos, é o ponto fulcral do assunto:

«Disse Jesus: O reino de Deus é assim como se um homem lançasse semente á terra. E, dormisse e se levantasse de noite ou de dia, e a semente brotasse e crescesse, não sabendo ele saber como. Porque a terra por si mesma frutifica, primeiro a erva, depois a espiga, e por último o grão cheio na espiga. E, quando já o fruto se mostra, mete-lhe logo a foice, porque está chegada a ceifa». (Mc 4, 26-29).

«E aconteceu depois destas coisas, que tentou Deus a Abraão, e disse-lhe: Abraão! E ele disse: Eis-me aqui. E disse: Toma agora o teu filho, o teu único filho, Isaac, a quem amas, e vai-te à terra de Moriá e oferece-o ali em holocausto sobre uma das montanhas, que eu te direi».

E em Gn 22,10-12 «E estendeu Abraão a sua mão, e tomou o cutelo para imolar o seu filho; Mas o anjo do Senhor Lhe bradou desde os céus, e disse: Abraão, Abraão! E ele disse: Eis-me aqui. Então disse: Não estendas a tua mão sobre o moço, e não lhe faças nada; porquanto agora sei que temes a Deus e não me negaste o teu filho, o teu único».

Através da Bíblia e, neste caso, do Antigo Testamento, verificamos que o histórico se encontra constantemente aureolado por uma neblina esotérica de ordem “espiritual-milagrosa-religiosa”, seja tanto no caso de vitória israelita como no de penalização.

Isto acontece por ter sido estabelecido com extremo rigor pelas iniciações ocultas ao longo dos tempos evolutivos, o revelar sempre em termos esotéricos o conhecimento espiritual para que não caísse eventualmente em mãos profanas que dele fizesse uso com intuitos maléficos.

O bem e o mal são instrumentos de consciencialização dos quais se serve a Lei de Causa e Efeito, onde atua a ação, a reação e a interação por afinidades de expansão de energias emitidas, que tanto podem produzir efeito no bem como o podem fazer no mal, enquanto enquadrados nos mundos de evolução de base dualística.     

Perante a imponência dos mundos da forma, da matéria em movimento e dos fenómenos naturais que por vezes se expressam de forma violenta no seu desenvolvimento evolutivo, o homem criou crenças de ordens supersticiosas e de envolvimentos sentimentais naturais de que não se encontrava só no mundo. Precisava de proteção.

Por isso, as várias gerações de seres humanos ao longo de milénios, perante a incomensurável ostensividade cósmica e as evidentes necessidades de que careciam para subsistirem no mundo em que se encontravam, adquiriram o sentimento interiorizado que tinham que existir um ou mais seres poderosos, que tudo tivessem criado, e os designaram por Deuses porque, através do homem, era evidente que não teria sido possível.

O sentimento de se protegerem foi a origem do momento da criação de deuses para todas as suas necessidades prementes e dificultosas.

Nessa altura também se manifestaram os psíquicos, que conviviam através da mediunidade com os chamados espíritos, fortalecendo assim a convicção da vida para além da morte. Chamaram-lhes feiticeiros, xamãs, etc.

Para obterem o favor dos Deuses faziam-lhes rogos e dispensavam-lhes orações precedidas dos seus pedidos de tudo quanto necessitavam e de toda a série de teres e poderes que deu lugar à construção do seu Ego Físico, Emocional e Mental, que é o mensageiro da sua personalidade, para se sentirem superiores e dominadores das suas áreas de atuação.

A superstição e o medo atingiram tais proporções que, para além de orações aos Deuses e certas cerimónias estabelecidas em seu louvor, se chegou ao exagero de sacrificar vidas de animais bem como ao extremo de sacrificar a vida de seres humanos para garantir a benevolência dos deuses.

Mais tarde se concluiu e se estabeleceu a existência de um só Deus Creador, de poderes absolutos, demonstrado por mensageiros que vieram aos mundos de evolução ajudar a humanidade a crescer em compreensão e consciencialização da existência da essência espiritual Divina no mais íntimo da alma humana da qual emanaram.   

No nosso entendimento, o que se passou foi a apresentação de um líder, chamado Abraão, que era muito bem aceite pela sua ponderação e verdadeiramente crente num Deus absoluto, com o qual ele tinha entendimento, que protegeria aquele povo, o que facilmente juntou à sua volta uma multidão de seres humanos cuja profissão generalizada era a de guardadores de ovelhas que o aceitaram como seu guia e orientador na procura de regiões terrestres de campinas ricas em pastagens que levasse o pastoreio a ter sucesso.

A reunião deste movimento veio a criar todo um sentimento de unidade que naturalmente se converteu num povo: “O Povo Judaico”.

Como é sabido Abraão e Sara eram já de uma certa idade e, por isso, pensava-se que ela já não tinha idade para ter filhos, o que era de importância capital para a sucessão de Abraão.

Entre aquele povo quando esta situação acontecia era permitido o chefe ou o rei, ter relações íntimas com uma escrava. Neste caso, de conluio com a própria Sara, esposa de Abraão, foi escolhida uma escrava chamada Agar e da qual nasceu Ismael.

Mais tarde aconteceu que Sara, embora avançada na idade, deu à luz um filho a quem atribuiu o nome de Isaac, o qual se sobrepôs a Ismael na situação de filho legítimo.

Jamais podemos acreditar que o Deus de Amor em que depositamos toda a nossa esperança e reverência, tivesse proposto a Abraão sacrificar o seu filho Isaac para atestar a sua fidelidade a Deus usando com artimanha e sofisma, sub-reptícia, enganosa e sofisticadamente a obscura descrição argumentada absurdamente, para poder avaliar da fidelidade ou de outro sentimento qualquer, tal como o homem faz no uso da sua mente profana através do intelecto, para obter os seus desígnios.

O Deus de que estamos a falar é um Deus Absoluto, Creador de tudo o que existe e que, segundo nos diz Jesus, se encontra dentro da nossa alma e, por isso, conhece tudo que se passa com o homem.

Ele é a inteligência e a consciência do Todo, o que naturalmente o leva a ser a “Sublime Realidade da Verdade”.

Em Mt 6,6 diz Jesus: “Mas tu quando orares, entra no teu aposento, e, fechando a tua porta, ora a teu Pai “que está em oculto”; e teu Pai, que vê secretamente, te recompensará”.

Também aconselha aos apóstolos que não tenham receio do que tiverem que dizer, quando a isso forem interpelados, porque o Pai porá nas suas bocas as palavras corretas que deverão dizer.

E ainda resumidamente com respeito a si próprio declara que as palavras e as obras que faz, não é Ele que as faz, mas o Pai que está nele é que diz e faz as obras, porque dele mesmo nada pode fazer, visto o Pai ser maior do que Ele.

Na primeira epístola aos Coríntios em 3,16 diz Paulo de Tarso: “Não sabeis vós que sois o Templo de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós?”.

E é sempre Jesus que nos ensina ao dar-nos para nossa interpretação a profunda “Parábola da Semente”.

«Disse Jesus: O reino de Deus é assim como se um homem lançasse semente á terra. E, dormisse e se levantasse de noite ou de dia, e a semente brotasse e crescesse, não sabendo ele saber como. Porque a terra por si mesma frutifica, primeiro a erva, depois a espiga, e por último o grão cheio na espiga. E, quando já o fruto se mostra, mete-lhe logo a foice, porque está chegada a ceifa». (Mc 4, 26-29).

Quanto a nós mais uma vez nos encontramos perante uma história esotérica com a presença de dois filhos. Assim ao primeiro, por necessidade de circunstância, foi-lhe atribuída a situação de ilegitimidade, e ao segundo, de filho legítimo.

Pensamos que Abraão foi o primeiro homem da antiguidade, do qual temos conhecimento, que alcançou a culminância da realização espiritual.

Posto que, segundo o nosso entendimento, o primeiro filho que o homem criou foi o filho da involução, ou seja, o estado do envolvimento da alma vivente humana com toda a negatividade daquilo que ela não é e, por isso, denominado ilegítimo por ser finito e constituir a materialidade organizada, por criação do próprio homem, em preceitos e preconceitos que deram lugar ao aparecimento do Ego Físico, Emocional e Mental que envolveu o homem dotando-o de uma personalidade negativa, não deixando de lhe dar um conhecimento vivido dessa complementaridade em termos de processo evolutivo, “porque só vivendo se sabe”.

Findo o processo involutivo, considerado necessário para o entrosamento com o positivo para dar lugar à evolução da alma imanada da Essência Creadora, complementariza-se a situação dualística dos mundos da forma, da qual faz parte básica do processo evolutivo até a alma vivente atingir a culminância do “Espírito Puro” repleto de perfeição e sabedoria.

É esse “Espírito Puro” que lhe permitirá a união com a consciência do Todo em plena glorificação de Filho Legítimo, a que esotericamente se chamou o “Filho do Homem” por ter transformado em sacrifício o Ego negativo que criou, na Pira Sacrificial, impulsionado pelo fogo do desejo ardente e intenso do verdadeiro amor a Deus e a toda a Creação, onde muito naturalmente lhe foram perdoados todos os seus chamados pecados.   

Segundo pensamos, foi assim que Abraão venceu a dificultosa, íngreme e a mais alta montanha, recheada de perigos negativos, em terras de Moriá, no preciso momento em que se deixam os vários caminhos evolutivos, escolhidos pelo nosso livre-arbítrio, e caminhamos abertamente pelo caminho único que se nos depara, envolvido com todas as condições que permitem a volta à Casa do Pai, como o nosso Mestre Jesus nos ensina demonstrativamente na sua esplendorosa parábola “O Filho Pródigo”. E seremos “Um com Deus”.
ABRAME

Um abraço espiritual vos envio.