Autor Tópico: Ilusão e Pensamento  (Lida 6643 vezes)

Offline ajce1962

  • Sr. Member
  • ****
  • Mensagens: 284
  • Karma: +4/-0
Ilusão e Pensamento
« em: Junho 29, 2011, 18:50:34 pm »
Pergunta: Você continua dizendo que eu nunca nasci e que nunca morrerei. Se é assim, como é que vejo o mundo como alguém que nasceu e que, certamente, morrerá.

Maharaj: Você acredita desse modo porque você nunca questionou sua crença de que você é o corpo, o qual, obviamente, nasce e morre. Enquanto vivo, atrai a atenção e o fascina tão completamente que raramente alguém percebe sua verdadeira natureza. É como ver a superfície do oceano e esquecer completamente a imensidade mais abaixo. O mundo é só a superfície da mente e a mente é infinita. O que chamamos pensamento são apenas ondulações da mente. Quando a mente está serena, reflete a realidade. Quando ela está imóvel em toda sua extensão, ela se dissolve e apenas a realidade permanece. Esta realidade é tão concreta, tão real, tão mais tangível que a mente e a matéria que, comparado com ela, mesmo o diamante é suave como manteiga. Esta impressionante realidade torna o mundo irreal, nebuloso, irrelevante.

Nisargadatta
***

Questionador: “ Porque o Ser não pode ser percebido diretamente?"

Bhagavan (Maharshi): “Somente o Ser pode ser percebido diretamente. Embora sejamos o Ser, o pensamento 'Eu sou esse corpo' está ocultando-o. Se abandonamos esse pensamento, o Ser, que está sempre presente com a experiência de todos, irá brilhar." Um verso do Kaivalya Navanitam explica a gênesis desse pensamento. "Por que sua natureza não é determinável, maia (ilusão) é inexprimível. Estão em suas garras os que pensam: 'Isto é meu, eu sou o corpo, o mundo é real.' Oh, filho, ninguém pode determinar como essa ilusão acontece. E ela surge porque falta na pessoa o discernimento para inquirir. "

Se vemos o Ser, o objeto que está sendo visto, não irá aparecer como separado de nós. Tendo visto todas as letras no papel, falhamos em ver esse papel como a base. Da mesma maneira, o sofrimento somente surge porque vemos o que está superposto à base, sem olharmos para a própria base. O que está superposto não deveria ser visto, sem que o substrato fosse visto, também. Como ficamos quando estamos dormindo? Quando estamos dormindo, os vários pensamentos como: "este corpo", "este mundo" não estão aí. Deve ser difícil se identificar com esses estados que aparecem e desaparecem. Todos têm a experiência ,"eu sou sempre ".  Ao invés de dizer, "eu dormi bem", "eu acordei", "eu sonhei", "quando inconsciente não sabia nada", é necessário que a pessoa exista, e que saiba que existe, em todos esses três estados. Se a pessoa procura o Ser dizendo: "Não me vejo", como poderá encontrá-lo? Para sabermos que tudo o que vemos é o Ser, é suficiente que o pensamento eu-sou-o-corpo deixe de existir.

S. Ramana Maharshi
***

"Eu adoro a Suprema Personalidade de Deus, Govinda (Krishna), que é a pessoa original, absoluta, infalível e sem início. Apesar de Se expandir em formas ilimitadas, mesmo assim permanece o mesmo original, o mais velho, e a pessoa que sempre parece um jovem viçoso. Essas formas eternas, bem-aventuradas e plenamente conscientes do Senhor são geralmente compreendidas pelos melhores eruditos Védicos, mas são sempre manifestas para os devotos puros, virtuosos".

B. Gita - Como Ele É
« Última modificação: Junho 29, 2011, 18:56:56 pm por ajce1962 »

Offline ajce1962

  • Sr. Member
  • ****
  • Mensagens: 284
  • Karma: +4/-0
Re: Ilusão e Pensamento
« Responder #1 em: Junho 30, 2011, 13:50:54 pm »
Olá a todos!!

Dê toda a sua atenção à questão: 'O que é que me faz consciente?', até que sua mente se torne a questão em si mesma, e não possa pensar em qualquer outra coisa.

Todos os desejos devem ser abandonados, porque, ao desejar, você toma a forma de seus desejos. Quando não restar nenhum desejo, você se reverte a seu estado natural.

Na busca pelo Supremo não tente reformar a si mesmo, apenas veja a inutilidade de toda mudança. O mutável mantém-se mudando, enquanto o imutável espera. Não espere que o mutável leve você ao imutável - isso não pode acontecer nunca. Apenas quando a própria idéia da mudança é vista como falsa e abandonada, o imutável pode vir à tona.

Se você está com raiva ou sofrendo, separe a si mesmo da raiva e da dor, e observe-as. A externalização é o primeiro passo para a libertação. Afaste-se e olhe. Os eventos físicos continuarão acontecendo, mas, por si mesmos, eles não têm importância. É só a mente que importa. Se você apenas pudesse ficar em silêncio mental, livre de memórias e expectativas, você seria capaz de discernir a beleza dos padrões de eventos. É sua agitação mental que causa o caos.

A causa do sofrimento é a auto-identificação com o limitado. As sensações em si mesmas, não importa o quão fortes, não causam sofrimento. É a mente, confundida por idéias erradas, viciada em pensar 'Eu sou isso, eu sou aquilo', que teme a perda, deseja o ganho e sofre quando frustrada.

O corpo é feito de alimentos, assim como a mente é feita de pensamentos. Veja-os como são. A não-identificação, quando natural e espontânea, é libertação.

Nisargadatta

Namasté

Offline ajce1962

  • Sr. Member
  • ****
  • Mensagens: 284
  • Karma: +4/-0
Re: Ilusão e Pensamento
« Responder #2 em: Julho 08, 2011, 14:07:01 pm »
Enquanto você acreditar que é um corpo, você atribuirá causas a tudo. Eu não digo que as coisas não têm causas. Cada coisa tem causas inumeráveis. Cada coisa é como é, porque o mundo é como é. Cada causa cobre todo o universo nas suas ramificações. Não há causas, mas apenas a sua ignorância do seu Ser real, o qual é perfeito e além de qualquer causa. Porque todo o universo é responsável por qualquer acontecimento, e você é a fonte do universo.

Recuse atenção às coisas, deixe as coisas irem e virem. Desejos e pensamentos também são coisas. Despreze-os. Desde tempos imemoriais, o pó dos eventos tem coberto o espelho limpo da sua mente, de tal maneira que você tem podido ver apenas memórias. Dê uma espanada na poeira, antes que ela tenha tempo de se assentar; isso irá remover as camadas antigas, até que a verdadeira natureza da sua mente seja descoberta. É muito simples, e comparativamente fácil; seja sério e paciente, isso é tudo. Desapaixonamento, desapego, liberdade dos desejos e medos, da auto-preocupação, simples atenção livre da memória e da expectativa, esse é o estado mental no qual a descoberta pode acontecer. Além do mais, liberação nada mais é que a liberdade de descobrir.

O que está acontecendo agora é uma projeção de sua mente. Uma mente fraca não pode controlar suas próprias projeções. Seja consciente, portanto, de sua mente e de suas projeções. Você não pode controlar o que você não conhece. Por outro lado, o conhecimento traz poder. Na prática é muito simples. Para controlar a si mesmo, conheça a si mesmo.

Uma vez que você compreenda que a estrada é a meta, e que você está sempre na estrada, não para alcançar a meta, mas para aproveitar sua beleza e sua sabedoria, a vida cessa de ser uma tarefa e se torna natural e simples, um êxtase em si mesmo.

Você já experimentou tantas coisas - todas deram em nada. Apenas o sentimento 'Eu sou' persistiu, imutável. Fique com o imutável entre o mutável, até que você seja capaz de ir além.

No sono profundo, você não é uma pessoa auto-consciente, mas, mesmo assim, está vivo. Quando você está vivo e consciente, mas não mais auto-consciente, você não é mais uma pessoa. Durante as horas de vigília você está, como se fosse em um palco, atuando em uma peça. Mas o que você é quando a peça termina? Você é o que você é; o que você era antes da peça começar você continua sendo quando ela acaba. Olhe para si mesmo como atuando no palco da vida. A performance pode ser esplêndida ou sofrível, mas você não está nela, você simplesmente a observa; com interesse e simpatia, claro, mas mantendo em mente o tempo todo que você está apenas observando enquanto a peça - a vida - está acontecendo.

Compreenda primeiro que você não é a pessoa que acredita ser. O que você pensa ser é uma mera sugestão ou imaginação. Você não tem pais, não nasceu e nem vai morrer. Ou você confia em mim quando eu lhe digo isso, ou chega até isso pelo estudo e investigação. O caminho da fé total é rápido, o outro é lento, mas estável.

Nisargadatta

Namasté

http://www.sca.org.br/livros/livros.htm
http://dim-dim-universos3.blogspot.com/2011/04/teoria-m.html
« Última modificação: Julho 08, 2011, 14:26:15 pm por ajce1962 »

Offline ajce1962

  • Sr. Member
  • ****
  • Mensagens: 284
  • Karma: +4/-0
Re: Ilusão e Pensamento
« Responder #3 em: Julho 30, 2011, 10:42:54 am »
REFLEXÕES SOBRE A MORTE
(Krishnamurti, do livro ‘Reflexões sobre a Vida’).
(P = pergunta; K= resposta de Krishnamurti)

P. Muitas escrituras, culturas e crenças falam da ‘morte’. As concepções cristãs, islâmicas e outras sobre a morte são muito superficiais. As teorias e doutrinas, sobre esse assunto, mesmo as explicadas por mestres e instrutores religiosos, não são, absolutamente, satisfatórias. A questão não é apenas o medo da morte, o medo de não ser (mais nada), mas, também, o que acontece depois da morte. Isso sempre foi um problema para o homem, em todos os tempos, e ninguém parece tê-lo resolvido até agora. Que dizeis?

K. Consideremos primeiramente o nosso impulso de fugir ao fato da morte através de certas crenças, como a ressurreição (no Ocidente) e a reencarnação (no Oriente), ou através de outras cômodas racionalizações (céu, paraíso, inferno, o fim último de todas as coisas etc.). Nossa mente tem tanta ânsia de achar uma explicação satisfatória para a morte que, com muita facilidade, descamba para a ilusão, desta ou daquela espécie ou facilmente crê nas poucas (e vagas) explicações que as religiões populares nos dão. A esse respeito é necessário que sejamos muito cuidadosos.

P. Mas, é essa, exatamente, a maior dificuldade. Ansiamos por alguma espécie de certeza, principalmente da parte daqueles que julgamos sabedores ou experientes no assunto; e, quando não achamos tal certeza, produzimos ou aceitamos, em virtude de nosso desespero ou esperança, nossas próprias e confortantes teorias e crenças. Assim a crença ou a teoria, por mais irracionais, absurdas, incoerentes ou disparatadas que sejam, se tornam necessidades para nós.

K. Por mais satisfatório que seja nosso meio de fuga, ele não traz nenhuma compreensão do problema. O medo é a causa da fuga. O medo surge do nosso desconhecimento do que seja a morte, e traz o movimento da fuga ao fato, ao que é. A crença, por mais confortante que seja, contém a semente do medo (porque, não sendo fruto de nossa experiência, sempre restarão dúvidas).  Fechamo-nos (e fugimos) ao fato da morte porque não queremos olhá-lo de frente (o homem sempre teme o desconhecido, e a razão disso é porque teme o conhecido), e as crenças e teorias oferecem uma solução muito simplista do problema. Portanto, se a mente quer descobrir o extraordinário significado da morte, terá de afastar (em primeiro lugar), mas sem esforço e sem resistência, a ânsia por uma esperança ou teoria confortante. Isso é evidente.

P. Mas, isso não é exigir demais? Para compreendermos a morte, precisamos estar em desespero (já que devemos afastar de nós qualquer esperança)! ?

K. De modo nenhum. O desespero só existe quando não existe esperança? A esperança nada mais é do que ilusão. Porque pensar sempre em opostos? A esperança será o oposto do desespero? Se for, então a esperança contém a semente do desespero, a semente do medo. Se queremos ter compreensão, não é necessário estarmos livres dos opostos (pois só trazem dúvidas, incertezas, conflitos, sofrimento)?
O estado da mente é de suma importância. As atividades da mente com relação ao desespero ou esperança impedem a compreensão da morte (pois que a mente estará em confusão, em atividade, em conflito, se esforçando para compreender).
Para que nos venha a compreensão, o movimento dos opostos (o movimento da mente) deve cessar (todos nossos pensamentos, raciocínios, linguagem, são baseados nos opostos, como também o é o desejo, medo, inveja, ambição, insatisfação, vontade, decisões). A mente tem de considerar o problema da morte com um percebimento totalmente novo (já que a morte é o novo, o desconhecido), livre do processo já nosso familiar – o processo do reconhecimento.

P. Percebo a importância da mente se livrar dos opostos, embora julgue isso extremamente difícil. Mas, o que significa ‘ficar livre do processo do reconhecimento’?

K. O reconhecimento é o ‘processo do conhecido’, produto do passado (só reconhecemos aquilo que já é nosso conhecido, o que já está na memória). A mente tem medo daquilo com que não está familiarizada. Se conhecêsseis a morte não lhe teríeis medo, não necessitaríeis de artificiosas explicações. Mas, não se pode reconhecer a morte, porque ela é uma coisa totalmente nova, nunca experimentada antes. O que se experimenta se torna ‘o conhecido’, o passado, e é desse passado, desse conhecido que provém o reconhecimento. Enquanto houver esse movimento, de reconhecimento, vindo do passado, não existirá ‘o novo’.
O que estamos explanando, juntos, não é uma coisa que é para ser meditada depois, amanhã, mas que deve ser experimentada diretamente, agora, à medida que vamos prosseguindo. Essa experiência não pode ser armazenada, porque, se armazenada, seja ela o que for, ela sofrerá a interferência do ‘eu’ (com seus raciocínios, associações, comparações, crenças, opiniões, suposições), ela se tornará memória, e a memória, o principio do reconhecimento, barra o acesso ao ‘novo’, ao ‘desconhecido’.  A morte é o desconhecido. O problema não é saber o que acontece após a morte, vede bem, mas de purificar (limpar) a mente do passado, do conhecido. Poderá, então a mente ingressar, viva, na ‘mansão da morte’, conhecer a morte, o desconhecido.

P. Estais afirmando que é possível conhecer a morte mesmo quando ainda estamos vivos?

K. Um acidente, uma doença, a velhice, produzem a morte. Mas, em tais circunstancias uma pessoa não está plenamente lúcida. Há dor, esperança ou desespero, medo do isolamento, medo do nada, medo de deixar para trás tanta coisa que acumulou na vida, e a mente, o ‘ego’, está, consciente ou inconscientemente, a batalhar contra a morte; isso é inevitável. Com medrosa resistência à morte vamo-nos desta vida. Mas, é possível – sem resistência, sem morbidez, sem impulsos sádicos ou suicidas – enquanto ainda estamos cheios de vitalidade, com a mente vigorosa – é possível entrarmos na ‘mansão da morte’? Isso só é possível quando a mente morre para o conhecido, o ‘eu’. Nosso problema, portanto, não é a morte; o problema é a mente libertar-se dos séculos de experiência psicológica acumulada, libertar-se da memória, com sua carga crescente que fortalece o ‘eu’ e o torna, cada vez, mais requintado.

P. Mas como fazer isso? Como pode a mente libertar-se dos grilhões que ela mesma criou (pois foi a mente que, pela genética, cultura, costumes, crenças, opiniões, associações se fez como é hoje)? Parece, então, que, para purificar a mente do passado, se torna necessário, ou a ação de algum agente externo ou a intervenção da parte mais nobre de nossa mente. É isso?

K. Esta é uma questão complexa. O agente externo seria, ou a influência do ambiente, cultura, crenças (o condicionamento), ou algo existente além dos limites da mente. Se o agente externo for a influência do ambiente, acontece que é essa mesma influência que, com suas tradições, crenças e culturas, tem mantido a mente na escravidão em que se encontra, que fez da mente o que ela é hoje. Se o agente externo é algo que existe além da esfera da mente, é bem evidente, então, que o pensamento, ou o raciocínio, ou a imaginação (que são operações e produtos da mente, do ego, do passado) não podem, de modo nenhum, alcançá-lo (pois esse algo estará além dos limites da mente).

O pensamento é produto do tempo; está ancorado no passado, e não pode, em tempo algum, existir livre do passado. Se o pensamento se liberta do passado, deixa de ser pensamento (não há mais pensamento, pois o pensamento é totalmente baseado nas experiências do passado). Especular sobre o que existe além da esfera da mente é apenas fantasiar. Para a intervenção daquilo que se acha além do pensamento, além do ego, é necessário que o pensamento - o ‘ego’, o ‘eu’ – deixe de existir. A mente deve estar, totalmente, imóvel (sem operações), vazia, tranqüila - com a tranqüilidade da ausência de ‘motivo’ (que é toda idéia, necessidade, emoção, desejo ou estado que impele a se realizar uma determinada ação). A mente não pode atrair Aquilo a si. A mente pode dividir, e de fato divide, a sua esfera de atividades, classificando-as em nobres ou ignóbeis, desejáveis ou indesejáveis, boas ou más, superiores ou inferiores, mas todas essas divisões e subdivisões estão dentro dos limites da própria mente; e, assim, todo movimento da mente, em qualquer direção que seja, é reação do passado, do ‘eu’, do tempo. Esta verdade é o único fator de libertação, e aquele que não a percebe permanecerá na sua escravidão, sem liberdade, não importa o que faça. Suas penitências, votos, disciplinas, religiões, crenças, estudos, orações, suposições, raciocínio, sacrifícios e controles poderão ter uma significação sociológica, psicológica, confortadora, mas nenhum valor têm com relação à verdade libertadora.

Orações, promessas, emoções, imaginações, raciocínio, opiniões, tentativas de compreender, leituras e ensinamentos não levam à verdade; nem as expectativas, nem as lembranças. São apenas ‘dedos apontando para a lua’; o que leva à verdade é o esvaziamento da mente, do cérebro de qualquer vestígio do passado, de qualquer vestígio do ‘eu’. Só assim saberemos o que é a morte.

(Para que cesse qualquer vestígio do passado, do ‘eu’, faz-se necessária a meditação; só, então, podemos vir a perceber o ‘novo’, o desconhecido que é a morte porque, na meditação, o ‘eu’ cessa, deixa de existir; e, quando o ‘eu’ deixa de existir, significa que a morte chegou, não a morte fisiológica, mas a morte do ‘ego’, que é, apenas, passado)


Namasté
« Última modificação: Julho 30, 2011, 10:47:38 am por ajce1962 »

Offline ajce1962

  • Sr. Member
  • ****
  • Mensagens: 284
  • Karma: +4/-0
Re: Ilusão e Pensamento
« Responder #4 em: Agosto 04, 2011, 15:04:49 pm »
Um sábio comanda uma forma de percepção espontânea, não sensorial, a qual o faz conhecer as coisas diretamente, sem a intermediação dos sentidos, sem pensamentos raciocínios ou imaginações.  Ele está além do perceptual e do conceitual, além das categorias de tempo e espaço, nomes e formas. Ele não é nem o percebido nem o percebedor, mas o fator simples e universal que torna a percepção possível.

Nisargadatta

Namasté

Offline ajce1962

  • Sr. Member
  • ****
  • Mensagens: 284
  • Karma: +4/-0
Re: Ilusão e Pensamento
« Responder #5 em: Agosto 05, 2011, 20:53:38 pm »
O que nunca foi perdido nunca poderá ser achado. Sua própria busca por segurança e alegria o mantém afastado delas. Pare de procurar, pare de perder. A doença é tão simples quanto também o é o remédio. É apenas sua mente que o faz inseguro e infeliz. A antecipação o faz inseguro; a memória o faz infeliz. Pare de usar mal a sua mente e tudo estará bem com você. Você não precisa ajustá-la, ela se ajustará sozinha, tão logo você desista de se preocupar com o passado, com o futuro, e viva inteiramente no agora.

Nisargadatta

Namasté

Offline ajce1962

  • Sr. Member
  • ****
  • Mensagens: 284
  • Karma: +4/-0
Re: Ilusão e Pensamento
« Responder #6 em: Agosto 09, 2011, 11:30:51 am »
Uma vez que a pessoa é eliminada nada permanecerá, e tudo permanecerá. O sentimento de identidade permanecerá, mas não mais uma identificação com um corpo em particular. Existência-Consciência-Amor brilharão no mais completo esplendor. A libertação nunca é de uma pessoa, mas sempre da pessoa. Uma vaga memória da pessoa permanece, como uma memória de um sonho, ou de uma infância longínqua. Além do mais, o que há para ser lembrado? Um fluxo de eventos, a maior parte deles acidental e sem sentido. Há algo que valha a pena ser lembrado? A pessoa é uma concha lhe aprisionando. Quebre a concha.

Nisargadatta

Namasté

Offline ajce1962

  • Sr. Member
  • ****
  • Mensagens: 284
  • Karma: +4/-0
Re: Ilusão e Pensamento
« Responder #7 em: Agosto 16, 2011, 11:30:50 am »
Toda espera é fútil. Depender do tempo para resolver seus problemas é auto-ilusão. O futuro, deixado a si mesmo, simplesmente repete o passado. Mudanças só podem acontecer agora, nunca no futuro.

Tente ser, apenas ser. A palavra mais importante é: 'tente'. Permita-se tempo suficiente, todos os dias, para sentar-se em silêncio e tentar, apenas tentar, ir além da personalidade com seus vícios e obsessões. Não pergunte como, não pode ser explicado. Você apenas continua tentando, até conseguir. Se você perseverar, não há como falhar. O que mais importa é a sinceridade, a seriedade; você tem de realmente ter se saciado de ser a pessoa que você é; agora veja a urgência necessária para se livrar dessa auto-identificação desnecessária, com esse amontoado de memórias e hábitos. Essa resistência firme contra o desnecessário é o segredo do sucesso.

Mente e matéria não são separados, são aspectos da única energia. Olhe para a mente como função da matéria e você terá a ciência; olhe para a matéria como produto da mente e você terá a religião.

Seu corpo dura pouco no tempo. Tempo e espaço estão apenas na mente. Você não está preso. Apenas compreenda a si próprio - isso, em si mesmo, é a eternidade.

Se eu soubesse que você tinha morrido eu ficaria muito feliz por você ter voltado para casa. Realmente contente por ver você fora dessa tolice, de pensar que você nasceu e que morrerá, que você é um corpo que tem uma mente e toda essa bobagem. No meu mundo, ninguém nasce e ninguém morre. Algumas pessoas saem a viajar e voltam. Outras nunca saem. Que diferença faz já que elas viajam em terras de sonho, cada qual embrulhada no seu próprio sonho? Apenas acordar é importante. É suficiente conhecer o 'Eu Sou' como Realidade e Amor.

O homem a quem for dada uma pedra e assegurado que é um diamante sem preço, ficará altamente feliz, até que compreenda seu equívoco; da mesma maneira, os prazeres perdem seu forte sabor e as dores, suas farpas, quando o eu é quebrado. Ambos [prazer e dor] são [então] vistos como são - respostas condicionadas, meras reações.

Nisargadatta

Namasté

Offline ajce1962

  • Sr. Member
  • ****
  • Mensagens: 284
  • Karma: +4/-0
Re: Ilusão e Pensamento
« Responder #8 em: Agosto 18, 2011, 10:36:27 am »
O Meu Olhar

O meu olhar é nítido como um girassol.
     Tenho o costume de andar pelas estradas
     Olhando para a direita e para a esquerda,
     E de vez em quando olhando para trás...
     E o que vejo a cada momento
     É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
     E eu sei dar por isso muito bem...
     Sei ter o pasmo essencial
     Que tem uma criança se, ao nascer,
     Reparasse que nascera deveras...
     Sinto-me nascido a cada momento
     Para a eterna novidade do Mundo...
     Creio no mundo como num malmequer,
     Porque o vejo.  Mas não penso nele
     Porque pensar é não compreender ...
     O Mundo não se fez para pensarmos nele
     (Pensar é estar doente dos olhos)                   
     Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...
     Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
     Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
     Mas porque a amo, e amo-a por isso,
     Porque quem ama nunca sabe o que ama
     Nem sabe por que ama, nem o que é amar ...
     Amar é a eterna inocência,
     E a única inocência é não pensar...


Alberto Caeiro (F. Pessoa)

Namasté
« Última modificação: Agosto 18, 2011, 10:38:34 am por ajce1962 »

Offline ajce1962

  • Sr. Member
  • ****
  • Mensagens: 284
  • Karma: +4/-0
Re: Ilusão e Pensamento
« Responder #9 em: Setembro 01, 2011, 21:01:03 pm »
Olá a todos, e a todo mundo!!

O mundo não lucra por mudar. Por sua própria natureza, é doloroso e transitório. Veja o mundo como ele é, e dispa-se de todos os desejos e medos. Quando o mundo não o prender mais, ele se torna um lar de alegria e beleza. Você só pode ser feliz no mundo quando está livre dele.

O verdadeiro estado de consciência é um estado de puro testemunhar, sem a menor tentativa de fazer o que quer que seja com relação ao que se testemunha. Seus pensamentos e sentimentos, palavras e ações, também podem ser parte do evento; você observa a tudo sem preocupações, sob a plena luz da claridade e compreensão. Você compreende precisamente o que está acontecendo, porque não lhe afeta. Pode parecer uma atitude de distanciamento frio, mas não é realmente assim. Uma vez que você esteja assim, descobrirá que você Ama o que vê, qualquer que seja sua natureza. Esse Amor incondicional é a pedra de toque da consciência. Se ele não estiver ali, você está simplesmente interessado, por algum motivo pessoal.


Nisargadatta

Namasté
« Última modificação: Setembro 01, 2011, 21:05:58 pm por ajce1962 »

Offline ajce1962

  • Sr. Member
  • ****
  • Mensagens: 284
  • Karma: +4/-0
Re: Ilusão e Pensamento
« Responder #10 em: Setembro 05, 2011, 21:04:57 pm »
A ilusão da mente - S.R. Maharshi - Ensinamentos

MEDITAÇÃO E CONTROLE MENTAL

O primeiro pensamento a surgir na mente é o pensamento "eu". Todos os outros inumeráveis pensamentos surgem apenas depois do pensamento "eu" e têm nele sua origem. Em outras palavras, apenas depois do pronome de primeira pessoa “eu” surgir, é que os pronomes de segunda e terceira pessoa, “tu” e “ele”, ocorrem para a mente; estes não subsistem sem aquele.

Como todos os outros pensamentos só podem surgir depois do aparecimento do pensamento "eu", e como a mente nada mais é do que um conglomerado de pensamentos, é apenas voltando a atenção para o pensamento "eu", através da inquirição “Quem sou eu?”, que a mente será extinta. Além disso, o pensamento "eu", implícito na investigação “Quem sou eu?”, destruirá todos os outros pensamentos, como uma vareta que quando usada para avivar uma fogueira, é também consumida no final.

“A meditação (dhyana) é uma batalha, pois constitui o esforço de manter-se em um pensamento, excluindo todos os demais. Outros pensamentos surgem e tentam afundar aquele pensamento objeto da meditação; quando este ganha força os outros desaparecem. O controle da respiração (pranayama) é para aquele que não consegue controlar diretamente seus pensamentos; tem a mesma utilidade que um freio tem para um carro. Contudo, não devemos parar com o controle da respiração. Após atingir o objetivo – acalmar a mente inquieta – devemos empreender a prática da concentração. Com o tempo, será possível deixar de lado o controle da respiração; a mente então se aquietará tão logo se tente a meditação. Quando a meditação está bem sedimentada, não mais podemos desistir dela. Continuará automaticamente durante o trabalho, lazer e outras atividades. Continuará até mesmo durante o sono. O meio de se estabelecer na meditação é a própria meditação. Nem o japa (repetição mental de palavras ou frases) nem um voto de silêncio se fazem necessários. Se a pessoa se envolve em atividades mundanas de cunho egoísta, de nada adianta um voto de silêncio. A meditação extingue todos os pensamentos e então só resta a Verdade.”

A meditação com os olhos fixos no espaço entre as sobrancelhas, o Sábio nos adverte, pode resultar em medo. A maneira certa é fixar a mente somente no Ser. Não conduz ao medo.

Outra coisa que aprendemos é que não pode haver meditação – no sentido usual do termo – no Ser. Meditação é normalmente concebida como pensar em um objeto; isso implica em distinção entre sujeito e objeto e, portanto, não é possível meditação sobre o Ser. O que é chamado meditação nada mais é do que afastar os pensamentos, pelos quais o Ser fica oculto. Quando todos os pensamentos são dissipados, o Ser brilha em Sua Natureza real: permanecer nesse estado é a única meditação do Ser que pode haver. O Sábio, pois, está sempre em meditação, embora possa parecer estar frequentemente envolvido com outras atividades.
Ler mais »
http://dim-dim-universos2.blogspot.com/2011/04/r-maharshi-ensinamentos.html#more

Namasté
« Última modificação: Setembro 05, 2011, 21:19:36 pm por ajce1962 »

Offline ajce1962

  • Sr. Member
  • ****
  • Mensagens: 284
  • Karma: +4/-0
Re: Ilusão e Pensamento
« Responder #11 em: Novembro 22, 2011, 12:02:03 pm »
A Natureza da Mente

Na tradição budista, fazemos distinção entre compreensão intelectual, experiência instável e realização estável. A compreensão intelectual, como um remendo mal costurado que vai cair com o tempo, é temporária. Se formos adiante em nossa prática, poderemos ter um vislumbre da verdadeira natureza da mente, mas, como a névoa, ele se dissipará. O que buscamos alcançar com nosso trabalho é uma realização imutável como o espaço, que por sua própria natureza nunca se altera.

Quando cresce a nossa compreensão da impermanência e da qualidade ilusória da existência, começamos a observar os fenômenos sem projetar nossas falsas suposições; com o tempo, passamos a reconhecer o estado desperto intrínseco, aberto e nu, como a nossa verdadeira natureza e a verdadeira natureza da realidade.

Nossa compreensão convencional está baseada em suposições que foram passadas a nós, suposições que dependem de formas convencionais de percepção. Fomos ensinados a dar nome às coisas, atribuindo-lhes uma realidade que não possuem.

A crença na solidez das nossas experiências produz apego e aversão, os quais, por sua vez, alimentam perpetuamente o fogo do samsara até que a realidade fica parecendo um inferno  devorador. Compreender a verdade das nossas experiências é como deixar de pôr lenha na  fogueira. As chamas não desaparecem imediatamente, mas sem combustível, o fogo  lentamente vai morrendo.

Sem apego e aversão, não somos confundidos pelo jogo de atração e repulsão dos fenômenos. Aí, nessa abertura natural — o espaço claro da mente ao final de um pensamento, antes que o próximo apareça — está o estado desperto.